9.

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Sina Deinert

Acordei na manhã seguinte com o barulho da chuva. Uma chuva pesada, que resolveu cair de uma só vez naquela manhã de sábado.

Aos poucos o vento e as gotas pesadas me fizeram voltar à realidade. Abri os olhos tentando adaptá-los à claridade que as sete horas da manhã traziam, conforme informado pelo despertador posicionado em cima da cômoda diretamente ao meu lado.

Permiti a mim mesma não me mexer, travando uma batalha épica contra minhas pálpebras. Aos poucos recobrei a consciência, o que me fez notar as dores no meu corpo enquanto tentava virar de barriga para cima na cama.

- Merda...

Não consegui ouvir minha voz, que saiu em um sussurro. Optei por permanecer de bruços por algum tempo, já que ficar imóvel parecia ser a única ação que conseguia desempenhar sem sentir dor.

Foquei-me no barulho agradável que a chuva fazia do lado de fora sem querer raciocinar ainda, e me vi embalada por aquele som.
Podia jurar que indícios de um sonho começavam a se formar na minha imaginação quando fui assustada por um trovão, não muito forte, mas que ainda assim foi o suficiente para fazer com que eu abrisse meus olhos outra vez.

- Meeerda...

- Hhhmmppf...

O susto fez com que eu me virasse na cama mais rápido do que desejava. Senti novamente as dores no corpo se manifestando sem piedade, mas não foi o suficiente para que eu desviasse minha atenção do homem que, também de bruços, se mexia timidamente ao meu lado, ainda de olhos fechados.

Os cabelos de Noah estavam, ainda que eu achasse impossível, mais desalinhados do que o normal. Seu rosto estava quase enfiado no travesseiro macio, e um lençol cobria apenas a área de seu corpo que não devia ser vista - a mais linda.

Continuei fitando-o, sem saber o que fazer, e então flashes da noite anterior vieram à minha memória.

Noah pagou para ficar comigo durante o resto daquela noite. Nós fizemos sexo até as 4h da manhã. E então, nós apagamos na minha cama.

- Ah, merda...

Eu imaginava que ele fosse ficar irritado em acordar na cama de uma prostituta, mas isso era inevitável. Ele despertaria a qualquer momento, então me veria ao seu lado, lembraria do que aconteceu e sairia da Casa de Tanya o mais rápido que pudesse.

Depois de alguns minutos pensando cheguei à conclusão de que talvez fosse melhor acordá-lo de uma vez e fazê-lo ir o quanto antes. Na verdade eu teria feito isso imediatamente se não estivesse admirando-o praticamente de boca aberta, como uma completa imbecil.

Não havia como nega, Noah era absurdamente lindo. Era uma beleza quase imoral, quase sobrenatural. Mas tudo nele conseguia ser tão perfeito, tão deslumbrante, que eu começava a me perguntar se aquela beleza era ao menos possível.

Como se pudesse ler meus pensamentos, ele sorriu. Um sorriso tão simples e tão devastador que me fez perder um pouco do fôlego, já instável pela situação. Devia ser um sonho bom ou no mínimo agradável para fazê-lo sorrir daquela forma tão doce, tão apaixonante...
Sem tirar os olhos dele, me peguei sorrindo de volta pelo simples fato de vê-lo sorrir, e desejei íntima e profundamente, sem nem saber por quê, que eu estivesse de alguma forma naquele sonho.

A chuva começou a cair com ainda mais força, por hora me libertando de meus devaneios. Me levantei da cama com dificuldade e rumei para o banheiro, fechando a porta com cuidado ao passar por ela.

Lavei o rosto e penteei meus cabelos com os dedos, sem sequer olhar para o espelho, deixando um bom banho para depois - depois que eu tivesse Noah fora do meu quarto.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora