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Maratona 4/6

Sina Deinert

Depois de um bom banho quente tomado, o vestido (a echarpe com um nó um pouco menos extravagante e um salto preto básico e baixo), uma maquiagem leve e clara, e uma massagem divina feita por Noah (o que melhorou consideravelmente minhas dores nas costas), saímos de casa rumo à festa. Chegamos lá por volta das 19h.

O lugar estava iluminado por vários pontos de luz espalhados pelo jardim gigante da parte de trás da casa. Alguns postes mais altos brilhavam em uma cor branca, outros, mais próximos às plantas, em um tom verde vivo. O cheiro de jasmim estava impregnado no ar, e pela primeira vez notei que, à minha volta, um mar de camélias coloridas se espalhava por entre as mesas, os garçons e os poucos convidados já presentes.

Fiquei algum tempo ali, de pé, encarando o lugar. Noah me olhou um pouco preocupado, me perguntando se eu estava me sentindo bem, instantaneamente levando sua mão até a minha barriga.

- Estou ótima. - Respondi, respirando profundamente todos os perfumes daquela noite.

Segurei a mão dele e me agarrei ao seu braço, só porque queria senti-lo mais perto de mim, e caminhei com ele em direção às mesas.
Vimos Marco e fomos falar com ele. Noah deu um grande abraço-de-macho no pai e me deu espaço para cumprimentá-lo logo em seguida.

- Ei, hoje é meu aniversário... Que tal chutar a mão do vovô? - Ele começou, com uma mão na minha barriga, falando diretamente com ela. Quando nada aconteceu, ele continuou - Não? Tudo bem.

- Boa tentativa, pai. - Noah falou em um tom de vitória - Mas a exclusividade ainda é minha.

Wendy se juntou a nós, perguntando se eu queria comer alguma coisa. Uma banda com mais ou menos seis músicos tocava um jazz bem calmo em um canto. Marco levou Noah aos poucos convidados presentes, apresentando-o como o mais novo Urrea a trabalhar na matriz da empresa. Noah, por sua vez, me levou junto, me apresentando como sua namorada-e-mãe-da-sua-filha.

Avistamos Sabina, Pepe e Bailey sentados em uma das mesas mais ao canto. Quando todas as pessoas ali já tinham nos sido apresentadas e novas pessoas chegavam, deixamos que Marco e Wendy recebessem os convidados à vontade e fomos nos juntar aos irmãos de Noah.

- Por que estão em um canto? - Ele perguntou, puxando uma cadeira para que eu sentasse e se sentando ao meu lado logo em seguida.

- Porque Sabina pretende comer a festa inteira, mas a festa inteira não cabe dentro dela. Então esse arbusto aqui vai acabar todo vomitado sem que ninguém precise ver isso. - Bailey falou calmamente, bebendo uma cerveja.

Ela sorriu de forma tranquila, nos olhando como quem diz "exatamente".

Um garçom passou servindo doses de whisky, e Noah aceitou, pedindo que trouxessem um copo de suco para mim. Algumas refeições também estavam sendo servidas, e enquanto Sabina aceitava todas para si, Noah aceitava todas para mim. Pedi a ele para que parasse, lembrando-o de que eu não conseguiria comer aquilo tudo.

- Pepe, tem brasileiros na sua família? - Sabina perguntou de repente, e aquilo foi tão aleatório que eu tive que prestar atenção.

- Não... Por quê?

- Porque essa criança não para de sambar na porra da minha barriga!

- Posso sentir? - Perguntei.

- Claro.

Encostei as mãos ali e senti os chutes violentos lá dentro. Me surpreendi com a intensidade dos movimentos.

- Ele deve estar é puto com essa música chata. - Bailey se meteu, gritando para cima, como se os músicos do outro lado do jardim pudessem ouvi-lo - Toca Iron Maiden!

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora