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Sina Deinert

Nossa viagem de Natal estava chegando ao fim. Noah não parava de se desculpar comigo, lamentando sobre a ausência de diversão e farra. Eu tentei convencê-lo de que aquela havia sido a melhor viagem da minha vida, e embora ele parecesse contente com minhas palavras, ainda teimava em dizer que poderia ter sido muito mais interessante. Eu duvidava.

– Odeio a parte em que todos vocês vão embora!

Wendy estava obviamente triste, mas fazia questão de não parecer uma mãe completamente dependente da presença dos filhos. Ela era uma mulher forte, mas muito sentimental. Marco permanecia imponente ao seu lado.

– Sempre acabamos voltando, mãe. - Noah tentou confortá-la, dando um beijo carinhoso em sua bochecha.

– Mas demora tanto...

– Não se preocupe. Vou estar de volta na primavera.

– Jura? - Os olhos dela pareceram se iluminar com aquelas palavras.

– Juro.

Wendy continuou olhando para o filho, mas agora seu olhar parecia um pouco enigmático. Vi, outra vez, um pouco de Sabina ali, como se quisesse lê-lo e saber de alguma coisa não dita.

Ela olhou para mim, a quatro metros de distância dos dois, e imediatamente fingi estar distraída com o nó do meu cachecol.

– Ahm... Vou deixar vocês mais à vontade. - Falei, já caminhando para longe.

Não pude ver a reação deles porque não queria encará-los outra vez. Depois de alcançar uma distância que julguei ser razoável, olhei de volta para os três e vi que ela o abraçava com ternura e adoração, sem dizer uma única palavra.
Senti um amor crescente por Wendy, simplesmente por saber que ela também amava Noah.

– Nós pensávamos que ele viria sozinho.

Me assustei, mas não tanto, com a voz grave de Bailey ao meu lado. Eu já estava me acostumando a ser pega de surpresa por ele.

– É, eu sei. Gostaria que ele tivesse avisado.

– Acho que ele queria fazer uma surpresa, principalmente pra mamãe. Queria mostrar que agora estava tudo bem.

Encarei-o por algum momento, mas ele pareceu não perceber. Assim como eu há alguns segundos, parecia distraído com as duas figuras que se abraçavam a alguma distância de nós.

– Vocês a conheceram? - Perguntei, pensando em Lauren.

– Infelizmente. Era uma piranha interesseira. Sabina nunca foi com a cara dela, era uma pista pro cabeçudo saber que ela não prestava.

– Bom... - Comecei, voltando a encará-los - Ele era apaixonado por ela, isso não seria motivo suficiente...

– É. Ela teve que colocar um par de chifres na cabeça dele pra ele se ligar. E a verdade é que nós estaríamos pouco nos fudendo se ele estivesse pouco se fudendo. O problema é que a vadia acabou com a vida dele.

Senti pena de Noah outra vez. Não sabia em qual estado aquela mulher o tinha deixado, mas se fosse levar em consideração os testemunhos de tantas pessoas à sua volta, ele parecia mesmo ter estado perto de um suicídio.

– Vocês foram pros Estados Unidos quando ele ficou deprimido?

– O estúpido nos proibiu. Disse que se aparecêssemos lá, ele sumiria. Não quisemos arriscar, mas pedimos pra Any ficar de olho nele.

– Vocês a conhecem? - Perguntei, um pouco surpresa.

– Conheço Any e toda a família dela desde que me entendo por gente. Crescemos todos juntos nos Estados Unidos. Sinceramente, sempre achei que no final Noah acabaria ficando com ela, mas pelo visto não era pra ser dessa forma.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora