3.

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Sina Deinert

Mais uma noite na Casa de Tanya.

Mais uma noite para me sentir uma vadia.

Mas aquilo era idiota de se dizer. Eu era uma vadia. Uma vadia que agora se aprontava para seu próximo cliente. O tal Noah Urrea.

- Bem, pelo menos ele é bonito. - Comecei para mim mesma, mas sabia que aquilo não funcionaria - Ok, ok, não muda quase nada. Mas vamos lá, finja que será ao menos um pouco prazeroso.

Não, o fato daquele cliente ser bonito não mudava nada. Eu continuaria oferecendo meu corpo a ele em troca de dinheiro. Não seria menos suja por isso. Já havia estado com clientes belíssimos antes, e nenhum deles me deu o mínimo prazer.

- Merda. - Eu continuava falando sozinha. - Por que ele tinha que me ver?

Todas as noites, quando eu descia, procurava andar sempre nos cantos mais escuros, pedindo a Deus que ninguém me notasse ali. Me vestia de uma forma nada sensual e olhava sempre para baixo.

Estar com um homem, embora fosse meu trabalho e eu já devesse ter me acostumado com isso há muito tempo, sempre era um castigo. Eu precisava me sustentar, mas minha maldita consciência insistia em fazer com que eu me sentisse muitíssimo mal.

Mas lamentações não mudariam nada. Noah havia, de alguma forma, me visto. Mesmo rodeado de três lindas meninas, ele se interessou por mim. Mais tarde fui saber que ele era um antigo cliente, então estava tudo explicado: Provavelmente ele já havia se divertido com todas elas, e agora queria carne fresca.

O que diferenciava Noah dos outros clientes? Quase nada, a não ser por um pequeno detalhe: Ele me olhou. Claro, muitos homens haviam me olhado, mas não como ele. Ele me olhou como quem quisesse me entender. Como se tentasse ler meus olhos, encontrar algo dentro deles. E aquilo poderia não fazer o menor sentido, mas o fato era que eu havia ficado um pouco desconfortável com o jeito como ele me olhou.

Enquanto me aprontava para recebê-lo em meu quarto, pensava em como seria esse novo castigo. Deitei na cama com um hobby de seda cor pêssego e fiquei à sua espera.

Não demorou muito e a porta se abriu. O cliente havia entrado no meu quarto, já tirando a jaqueta e colocando-a sobre uma cadeira após trancar a porta.

- Poderia pagar antes? - Perguntei.

- Pagar antes? E se eu não ficar satisfeito?

- Você vai ficar satisfeito.

Ele riu, ainda me encarando.

- Bom... Se por uma ironia do destino eu não ficar satisfeito, posso ter meu dinheiro de volta então?

- Ok. Mas isso não vai acontecer.

Ele riu outra vez, tirando do bolso algumas notas e colocando em cima da escrivaninha ao lado da cama.

- Você é muito segura de si.

Não respondi.

- Muito bem. Como não nos conhecemos, temos que esclarecer alguns pontos aqui. Você tem alguma objeção quanto ao sexo?

Encarei-o um pouco confusa.

- Como disse?

- Algo que não goste de fazer? - Ele continuou.

Ninguém nunca havia me perguntado aquilo. Normalmente os homens tentavam fazer qualquer coisa comigo, e só então, quando eu negava, eles entendiam que eu não faria.

- Eu não faço anal. - Falei um pouco baixo.

Ele arregalou os olhos.

- Uma puta que não faz anal? Estava me referindo a coisas como sadomasoquismo, bondage... Pra mim, qualquer puta fazia anal.

𝗗𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗔𝗺𝗼𝗿 | 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁.Onde histórias criam vida. Descubra agora