#5 - Esperança

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ARTHUR

Ouvir tudo que ela disse e ver o estado em que está só por falar a respeito me dilacerou a alma, eu queria poder tirar toda essa dor dela, sinto uma raiva imensa daquele babaca por ter causada tudo isso nela, mas não digo nada, só quero que ela saiba que estou aqui.

Ela esteve sozinha em um momento extremamente difícil, eu não quero que ela se sinta sozinha nunca mais. Eu não sei o que dizer, e por isso não digo nada, só a abraço, beijo seu rosto, e acaricio suas costas e cabelo, até que ela se acalme.

Quando percebo o choro cessando, ela ja volta a falar. E eu não interrompo, acho que ela precisa disso.

Carla: minha vizinha me levou pro hospital e ligou pra minha mãe, não conseguiram salvar meu bebê, eu passei dois dias internada, perdi muito sangue
Arthur: eu nunca soube disso
Carla: não vazou nada, eu garanti isso. Ninguém nem sabia que eu tava grávida. - ela suspira - meu ex quando soube do aborto, me acusou - a voz dela embarga e eu a abraço com ainda mais força - ele disse que eu fiz de propósito, que eu não queria ficar com ele, por isso dei um fim no meu filho, pra não ter nada ligado a ele - ela começa a chorar e a raiva me domina - e depois que ele falou eu fiquei pensando se a culpa não foi realmente minha, eu odiava estar com ele ainda, eu queria terminar, só estava tentando por causa do bebê, e se de alguma forma isso afetou meu bebê? E se foi isso que causou todo o estresse no meu corpo que fez meu filho morrer? - ela desaba novamente

Arthur: Carla, olha pra mim! - seguro o rosto dela delicadamente - O que causou o estresse no seu corpo foi o fato daquele idiota te deixar com medo, foi a pressão psicológica que você sofria, foi ele te deixar com tanto medo a ponto de precisar se trancar dentro de um quarto. Se tem um culpado por você ter perdido seu filho, é ele! Você amou seu bebê desde o primeiro momento, tanto que se manteve em uma situação que te fazia mal, pensando no bem do seu filho, e pode ter certeza que seu filho sentiu todo amor e cuidado que você teve com ele. Não se culpa não, minha linda, a culpa disso não foi sua de forma alguma!

Ela se aconchega em mim e chora, ela só chora, e eu deixo ela chorar, fico fazendo carinho nela,  até ela relaxar a ponto de dormir. Agradeço por ela ter dormido, ela precisa descansar e eu preciso assimilar tudo pra poder cuidar dela.

A comida que eu havia pedido chega, eu levanto da cama com cuidado para não acorda-la, eu peço ao serviço de quarto pra deixar ali porque ela pode acordar e sentir fome.

Visto uma roupa mais confortável, e como ela estava só de vestido, ja tinha tirado a jaqueta e a bota, eu não mexo nela, fecho as cortinas das janelas pra que os raios de sol não a acordem logo ao amanhecer, em seguida me deito novamente ao seu lado e tento descansar um pouco, com ela nos meus braços é fácil. Pego no sono.

CARLA

Acordo um tanto confusa, sinto o peso de uma mão na minha cintura e imediatamente lembro onde estou, e o que aconteceu, tudo que eu falei, tudo que ele falou.

Respiro fundo, me sinto estranhamente aliviada. Eu nunca tinha contado essa história pra ninguém, nunca consegui. A minha mãe é a única que sabe de tudo, mas porque ela presenciou tudo, ela via tudo quando acontecia e foi quem passou por tudo comigo.

Ela quis me levar pra terapia, mas eu não queria, achei que abafando tudo isso seria melhor, achei que eu poderia lidar com tudo do meu jeito, mas eu estava enganada, depois de falar tudo pro Arthur eu to me sentindo bem melhor. Eu precisava desse desabafo.

E por mais que eu ainda me sinta culpada, ouvir as palavras do Arthur me confortaram, talvez eu não seja culpada de nada, eu fui vítima, assim como meu bebê. Meus olhos enchem de lágrimas por pensar no meu filho, mas ele foi amado sim, desde o momento em que eu soube que ele viria, eu o amei.

Viro de frente pro Arthur e encaixo meu rosto no pescoço dele deixando beijinhos ali. Ele começa a se mexer e sinto as batidas de seu coração acelerarem, ele acordou.

Arthur: eu posso acordar assim todo dia - ele diz e é a vez do meu coração bater acelerado, a gente nem conversou direito ainda
Carla: bom dia - sussurro
Arthur: bom dia - ele beija minha testa - como você ta? - pergunta fazendo carinho no meu rosto
Carla: to bem - cheiro ele - de verdade, obrigada
Arthur: não agradeça - ele me abraça apertado - Carla?
Carla: oi?
Arthur: volta pra mim?

Me afasto um pouco afim de olha-lo

Carla: você ta falando serio?
Arthur: é claro que eu to, sinto sua falta - ele afasta uma mecha do meu cabelo do meu rosto
Carla: Arthú, eu também sinto a sua, mas eu to muito quebrada, eu não to podendo nem comigo, eu não posso lidar com um relacionamento agora, eu tenho medo do que posso te causar e tenho medo do que tudo pode causar em mim - minha voz embarga no final

Arthur: eu sei que nosso histórico não é tão bom, mas se você deixar eu vou te mostrar que eu posso ser o homem que você sempre quis - vejo os olhos dele marejando - eu te amo, Carla, de verdade - meu coração da um salto e as lágrimas escorrem pelo meu rosto sem pudor - eu quero poder te apoiar, comemorar suas conquistas com você, dividir suas dores, cuidar de você e te fazer feliz. Eu quero te amar do jeitinho que você merece, com tudo de mim.

As lágrimas trilham o caminho pelas bochechas dele, e ele me encara intensamente enquanto diz tudo isso, eu não quero resistir.

E nem vou.

Levo minha mão ao seu rosto, seco as lágrimas e o puxo pra mim, colando nossos lábios e selando a promessa que ele me fez.

Ele me aperta contra si e me beija intensamente, me entrego a ele, que saudade.

Quando o ar nos falta, ele separa nossas bocas e me olha.

Arthur: isso significa...
Carla: que eu te amo - o interrompo e ele sorri - eu te amo demais - ele me da um selinho demorado - você realmente quer enfrentar essa barra comigo? Eu to longe de ficar bem
Arthur: eu vou enfrentar tudo com você, e o que eu puder enfrentar por você eu vou enfrentar. Você é a mulher da minha vida, e eu quero que você seja feliz. De preferência comigo.
Carla: ai que coisa linda - minha voz embarga - eu só sou plenamente feliz com você mesmo, meu amor, meu único amor - sorrio e ele me beija.

Eu não sei o que vai ser daqui pra frente, mas que um alívio imenso tomou conta de mim isso é fato, parece que agora, apesar de ainda ter muitas dores, eu sei que vou ficar bem.

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Eu não to chorando nao, sao vocês que tao!

To boazinha ne, três capítulos hoje, e nossos lindos cheios de chamego.

Me mimem, comentem que eu volto!

Vou Revelar 2 - One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora