CARLA
Tudo em mim dói.
Eu não acredito que me meti nessa enrascada. Não acredito que joguei minha carreira no fogo dessa forma.
Não acredito que aquele babaca me traiu dessa forma.
Não acredito que fui tão grossa com o Arthur a troco de nada.
Não acredito que o Arthur ainda faz meu coração acelerar tanto mesmo em meio a tanta coisa.
Eu não aguento mais chorar. Meus olhos estão ardendo, minha cabeça está doendo.
E meu celular tocando. Não quero falar com ninguém. Não quero ver ninguém.
Mas o impulso masoquista que habita em mim me faz pegar o celular e ver que o toque é das inúmeras notificações. Dos milhares de sites de fofoca e portais de jornalismo que noticiam todos os crimes daquele idiota.
Como que ele pôde? Ele é um bandido, e me fez acreditar nele. Eu perguntei, eu lembro que pedi a ele que me contasse tudo, que esclarecesse o que estavam dizendo, eu precisava saber. Ele perguntou se íamos terminar. E eu disse que ele precisava me contar tudo para que minha decisão fosse livre de mentiras.
E ele me contou. Me contou a maior mentira na qual eu ja acreditei. Ele chorou, se fez de coitado. Eu fiquei com pena. Fiquei preocupada. Que raiva! Ele me traiu! Ele me pediu pra usar minha influência pra defender ele, e eu fiz isso! Que ódio de mim! Ele me enganou na maior cara dura!
Sinto que estou hiperventilando. Tento controlar minha respiração, mas os pensamentos não dão trégua.
O Arthur ainda aparece no meio disso tudo. Eu não posso lidar com o Arthur agora. Não posso! Eu nem sei como lidar com isso tudo. Tudo que meu agora ex noivo me fez sentir, nunca foi capaz de fazer desaparecer o que o Arthur me fazia sentir. E eu não posso lidar com tanto sentir agora. Simplesmente não posso.
E eu fui muito grossa com ele.
O choro me domina.
Eu acho que ele não ligou pra tripudiar de mim. Ele tava preocupado comigo, a voz dele entregou isso. Porque eu fui tão grossa? O que ta acontecendo comigo?
Os soluços ja me tomam por completo. Minha cabeça dói cada vez mais. A minha visão é embaçada pelas lágrimas. Eu to me perdendo.
Na verdade, eu acho que já me perdi. Há muito tempo. Meu ex me roubou de mim... e eu acho que fui conivente com isso. O que que eu fiz?
E o meu Arthur... que droga!
Ele me ligou! Ele tava bem ali pra mim! Eu não consigo, eu simplesmente não consigo mais.
Desabo num choro descontrolado. Não consigo distinguir mais nenhum pensamento. Minha mente é confusa. Os pensamentos desconexos. O ar me falta. Sinto minhas mãos tremendo. Deito no chão sentindo o frio do piso, esperando que ele consiga me ajudar a me firmar em alguma coisa. Mas, não é o que acontece. Eu me vejo cada vez mais longe de mim, e choro até a inconsciência do sono se apresentar.
ARTHUR
Eu tava decidido, muito decidido. Até que a Pocah me ligou.
~Ligação on ~
Arthur: oi, tóxica
Pocah: eu só to ligando porque você pediu. Lá vai: Carla ta pessima
Arthur: Pocah - tento interromper
Pocah: a assistente dela - continuou falando como se eu nem tivesse dito nada - encontrou ela largada no chão de casa - e aqui ela ja tinha minha atenção - com o rosto banhado em lágrimas, as mãos geladas e trêmulas. Ela me disse que a Carla era a personificação da devastação, Arthur. Ela não conseguia nem falar de tanto que chorava, mas um nome ela disse.
Arthur : que nome?
Pocah: o seu - engulo em seco - vocês se falaram?
Arthur: sim - sussurro
Pocah: e como foi?
Arthur: não muito bem.
Pocah: vocês brigaram?
Arthur: na verdade, ela não entendeu o que eu disse. Ela nem me deixou falar.
Pocah: quando foi isso?
Arthur: ontem a noite. - suspiro.
Pocah: pois bem, ela não ta bem. Nenhum pouco.
Arthur: o que eu faço hein?
Pocah: você acha que deve fazer alguma coisa?
Arthur: sei lá, devo?
Pocah: e eu que sei? Não me meto mais nas coisas de vocês. Você quer correr pra ela? Corra. Tem todo meu apoio. Quer esquecer que ela existe? Não se arriscar mais? Tem todo meu apoio também. Mas, quem vai decidir é você. Só te digo uma coisa, conheço minha amiga, ela não é má pessoa, e sei que você sabe disso. Ela não ta bem, e quando a gente não ta bem, atacamos as pessoas que mais amamos, as pessoas que a gente sabe que vão aguentar a bronca, porque conhecem a gente a ponto de ter certeza de quem a gente é e não se deixar afastar por qualquer coisa. Quando a gente não ta bem, a gente precisa extravasar, e as faíscas caem naqueles que mais confiamos, porque confiamos tanto, que no fundo sabemos que são quem vão ver nossa dor e nos tirar do fundo do poço.
Arthur: porra, Pocah! - minha voz sai embargada.
Pocah: o que?
Arthur: me manda o endereço dela e me ajuda a chegar até lá.
Pocah: vou te mandar tudo agora por mensagem - da pra perceber o sorriso na voz dela.
~ Ligação off ~
Porra, que raiva! Eu não vou conseguir não fazer nada, nem vou tentar. Eu preciso chegar nela. Preciso... só preciso.
Recebo a mensagem da Pocah, pego a chave do carro, já disparando porta afora.
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Parem de brigar com minha filha nos comentários, ela não ta bem poxa 🤧
E claro que o meu filho não ia ficar quieto na dele né minha gente.
Porém ainda tem água pra rolar debaixo dessa ponte. Só digo isso 👀
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