#4 - Encontro

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CARLA

Eu pensei que meus ouvidos estavam me fazendo ouvir coisas, até que ouvi de novo.

Arthur: Carlinha?

E senti sua aproximação. Prendi o ar quando me virei e vi ele ali. Me olhando, com os olhos marejados.

Carla: o que você ta fazendo aqui?
Arthur: vim atrás de você - ele da um passo adiante e eu dou as costas
Carla: pra que?
Arthur: Carla
Carla: não.
Arthur: não o que?
Carla: tudo! Eu não quero ouvir você!
Arthur: Cá, por favor

Carla: não - sinto ele tocar meu ombro e me afasto, sem olha-lo - sabe Arthur, eu tava apavorada com a possibilidade de te ver hoje, nossa eu fiquei tão nervosa - solto um riso fraco - nossa história é péssima, cheia de dor e de mágoa e eu não quero remoer esse passado. - continuo fitando o mar - Eu sei que errei muito com você e também saí muito machucada, então não vale a pena. Mas, depois de todo esse tempo, mesmo lutando contra, eu sempre tive um fio de esperança, sei lá, de que algum dia as coisas poderiam se encaixar. - olho pra ele e vejo seu rosto banhado em lagrimas - E hoje, quando eu ja tava alta de vodca, e me divertindo, mesmo com a sua presença lá, eu realmente achei que, talvez, sei lá, a gente pudesse achar o caminho de volta - meu queixo treme e o choro ameaça me domar - a gente ja tava no mesmo ambiente sem maiores dramas, ja era alguma coisa. - engulo o choro - Ate que eu te vi. Com aquela mulher. E nossa, todas as minhas feridas se abriram novamente. - ele tenta se aproximar e eu me afasto - Eu senti tudo como naquela época, dói tanto. E eu não quero mais sofrer por isso. Então, por favor, não. Só vai embora ta. - dou as costas pra ele e não posso mais evitar. O choro me toma por completo e eu enterro o rosto nas mãos.

Sinto ele me envolver com seus braços e não tenho força pra me afastar. Eu só deixo e me entrego ao choro. Ele chora também e eu perco a noção do tempo. Sinto a brisa do mar, o barulho das ondas e o conforto do colo dele.

Em algum momento ele me virou de frente pra ele, nem percebi quando, mas estou com o rosto enterrado em seu peito e ele faz carinho no meu cabelo quando fala.

Arthur: eu não sabia que você ia hoje, a Pocah me disse que você não ia - ele engole em seco e me aperta mais contra si - ela disse que eu não teria ido se soubesse, e não teria mesmo - estremeço sem saber onde essa conversa vai chegar e ele deixa um beijo no topo da minha cabeça - eu não queria te ver, porque eu morro de medo de tudo que você me faz sentir - ergo a cabeça pra olhar pra ele - Carla, eu nunca me perdoei por todo mal que te causei, eu nunca quis isso - ele desliza o polegar pela minha bochecha e eu fecho os olhos me entregando a caricia - e concordo com você que não vale a pena remoer o passado, mas eu preciso te dizer - abro os olhos novamente - que tudo que eu sentia por você naquele passado, eu ainda sinto, eu nunca consegui deixar de sentir, eu me afastei, e fiz besteira na tentativa de te deixar bem longe de mim, porque se não fosse algo que você decidisse eu também não teria força pra me afastar. E eu tava sofrendo demais me mantendo perto de você.
Carla: eu fui forçada a decidir...
Arthur: eu sei - a interrompo - e sei que eu que te forcei. Em todas as vezes que fui babaca com você. Inclusive hoje. - ele respira fundo - eu só beijei aquela menina pra me distrair e não correr até você. Não foi pra te machucar, foi pra não correr o risco de me machucar. Me desculpa - ele beija minha testa.

Ele faz carinho no meu rosto e eu não resisto, ainda estou com a bebida na cabeça e fico de ponta de pé buscando seus lábios. Ele retribui. Nossa como senti falta desse beijo.

Ele mergulha a língua na minha boca e eu o recebo com a minha língua buscando a dele, sinto arrepios por todo meu corpo, assim como o rastro de calor que ele deixa com suas mãos me apertando em todos os lugares certos.

Quando não tenho mais ar, nos afasto, sinto meus lábios inchados, e reparo que os dele estão vermelhos. Ele encosta a testa na minha.

Arthur: senti tanto sua falta - ele diz com a voz rouca
Carla: e eu a sua - confesso
Arthur: e agora?
Carla: agora o que?
Arthur: como a gente fica? - ele roça o nariz no meu
Carla: eu to bebada, Arthú. Não sei de nada agora.
Arthur: vem pra casa comigo?
Carla: não - me desvencilho dos seus braços - eu preciso botar minha cabeça no lugar, eu vou pra minha casa

Me afasto dele e tomo consciência de que acabei de beija-lo e foi muito bom, e eu queria tanto ele, queria a gente, mas a sensação de vê-lo com outra, despertou todos os meus gatilhos, a bebida ta fazendo um nó na minha cabeça, eu to confusa, preciso respirar, preciso ficar sozinha. Mais lágrimas ardem em meus olhos enquanto ando pra longe dele.

Arthur: Carla! - ele grita

Não me viro de volta, começo a correr, ele não me segue. Pego um dos táxis que estavam parados na orla, só tenho tempo de entrar no carro e as lágrimas que eu estava segurando começam a escorrer pelas minhas bochechas.

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A conversa veio, ou pelo menos o começo dela, mas e agora?

To chorosa, eles tao emocionadinhos e magoados e apaixonados 🤧

Vou Revelar 2 - One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora