CARLA
Por mensagem é muito mais fácil fugir dele, mas tendo ele a centímetros de mim, cheiroso desse jeito, mais gostoso que nunca, é impossível resistir.
Deixei ele me levar, saímos pela parte de trás do camarote, não me despedi de ninguém e nem ele, só falamos de novo quando chegamos ao estacionamento.
Arthur: você quer ir pra onde?
Carla: pra onde você quer me levar? - estou apreensiva, confusa, mas parece que não tenho controle nenhum sobre minha fala
Arthur: pro meu hotel - ele sorri - quero conversar com você - ele acaricia meu rosto
Carla: então vamos - sorrio tímidaEu pensei que ele queria sexo, mas tudo bem, vamos conversar então. E que Deus me ajude a sair bem dessa situação, eu não tenho força nenhuma pra lidar com o caos que somos juntos, e também não quero revelar nada sobre o motivo de eu estar precisando ficar sozinha. Pra que que eu to deixando essa conversa acontecer mesmo? Não vai terminar bem. Não estamos na mesma página, no que se refere a sentimento eu acho que sim, mas todo o resto ta totalmente desalinhado.
Chegamos ao hotel dele depois de pegarmos um uber, ele me conduz ate seu quarto, diz que vai pedir algo para comermos, me diz pra ficar a vontade. E passado todo esse momento de chegada, ele finalmente senta ao meu lado na cama e me encara.
Carla: oie - brinco
Arthur: Carla Carla
Carla: o que você queria conversar comigo?
Arthur: eu sinto sua falta - meu coração acelera - muito mesmo
Carla: eu também sinto a sua - confesso - mas porque você ta sendo tão direto agora?
Arthur: eu ja queria te procurar faz tempo, to sempre mandando indireta pra você, mas você não deu nenhum sinal. - ele faz um bico e eu sorrio - Acho que depois que o Lucas me disse que você tinha sorrido ao saber que eu sentia sua falta eu fiquei com ainda mais vontade de te procurar.
Carla: o Lucas é uma peste - falo em tom de brincadeira - foi ele que te deu meu numero?Arthur: foi - sorrio - porque você ignorou minha mensagem?
Carla: é complicado Arthú - levanto e dou as costas a eleArthur: porque? O Lucas também me falou que você não parecia bem, não sabia o motivo, eu fiquei preocupado com você - sinto ele parado atras de mim e abraço meu próprio corpo - você ainda ta magoada comigo? Porque Carlinha, eu faço o que você pedir que eu faça - viro de frente pra ele e vejo seus olhos marejados - eu posso me redimir, eu sei que errei demais com você, e eu sofri as consequências disso, to sofrendo ainda, ficar sem você dói demais
Deixo escapar um soluço, proveniente do choro que me domina, o abraço, enterro o rosto no peitoral dele e ele me envolve com seus braços fortes.
Carla: não é isso - ele beija o topo da minha cabeça - eu tava muito magoada sim, ainda dói as vezes, lembrar de tudo - ele me aperta nos seus braços e sinto ele soluçar, também está chorando - ainda tenho medo de passar por tudo de novo, mas eu errei com você também, eu sei que tive minha parcela de culpa no nosso fim e em todo o caos que veio depois - ergo a cabeça pra olhar ele - mas agora, eu não posso ta com ninguém, eu preciso ta sozinha, tem coisas que eu preciso passar sozinha - as lagrimas escorrem pelo meu rosto
Arthur: minha linda - ele segura meu rosto e limpa minhas lágrimas - o que aconteceu com você? - eu me derreto pela fala tão carregada de amor, não é só a fala, foi a soma, o olhar dele, o toque
Eu começo a chorar mais ainda, ele me puxa pra si e me abraça apertado, como se quisesse juntar todos os meus pedacinhos que estão quebrados.
Arthur: me conta por favor? Eu quero te ajudar, eu quero te apoiar, quero ficar do seu lado, te ajudar a se curar do que quer que seja. Eu não vou fugir Carla, eu não quero te deixar sozinha, e eu quero que você se apoie em mim, você não precisa carregar nenhuma carga sozinha. - ele beija minha testa - eu sei que pode parecer repentino, ou uma decisão impulsiva, mas não é - ele volta a falar quando eu continuo chorando - Eu nunca parei de pensar em você, desde que terminamos você continua sendo dona de todo o meu coração. Todo o tempo que você passou com outro cara - meu choro intensifica por lembrar disso - também não mudou isso, eu continuei te amando com todo meu ser - aperto os braços em torno dele - querer estar com você, cuidando de você, é algo que eu quero desde que te conheci naquele reality, e eu sei que não demonstrei isso direito, mas acredita em mim?
E eu acredito, toda a convicção que eu tinha antes de encontrar ele hoje acaba de se esvair por completo. Eu acredito nele, mesmo sabendo que posso me arrepender, agora eu me sinto segura nos braços dele, eu sinto que é dele que eu preciso, é da força que ele me da que eu preciso, porque a minha própria força acabou faz tempo.
E é por isso que eu decido contar tudo a ele, mesmo com medo da reação eu quero que ele saiba, quero ser cuidada e amada por ele.
Carla: eu sofri um aborto - falo com a voz trêmula e sinto ele tensionar, mas não me larga - há alguns meses, pouco antes do fim do meu relacionamento - continuo falando com o rosto no peito dele, não vou conseguir contar olhando pra ele, e ele acaricia minhas costas me dando força pra continuar - eu ja queria me separar do meu ex, ja tinha até dito isso, mas descobri a gravidez - continuo contando em disparada - estava de quase 4 meses, ele me pediu para tentarmos mais um pouco pelo bebê, eu cedi, mas me arrependi no dia seguinte, ele era grosso, ignorante, me deixava apreensiva, eu tinha medo dele, ele nunca fez nada comigo, mas eu temia que fizesse. E eu ja estava totalmente apegada ao meu bebê, eu não queria que o pai fosse aquele, mas era, e eu ia ser mãe, era o meu bebê. - meu choro é compulsivo, mas eu não paro de contar e Arthur continua me abraçando - Ate que mais ou menos um mês depois, ele chegou na minha casa brigando porque achava que devíamos morar juntos, eu não queria ir, ja tínhamos discutido isso, ele não aceitava, eu fiquei com medo por mim e pelo meu filho, me tranquei no quarto, ele deve ter ido embora em algum momento porque eu fiquei sozinha, eu peguei no sono, acordei sangrando, sentindo minha carne ser rasgada por dentro, era muita dor, gritei por ajuda, mas não tinha ninguém, eu tava perdendo meu filho, meu Lucas, Arthú, era um menino, o meu menino. - desabo no choro, não consigo mais falar, sinto o ar me faltar, eu nunca contei isso pra ninguém.
O Arthur me pega no colo e me põe na cama, deita ao meu lado e me puxa pra si. Eu choro, choro cada vez mais, nos braços dele. E por algum motivo, sinto um peso enorme saindo do meu peito.
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Ai gente, que dor 🤧
Quero trazer mais hoje viu, 40 comentários!