CARLA
Que trânsito infernal esse do Rio de Janeiro!
Eu não sou uma pessoa que se estressa com engarrafamento, mas quando se está com o horário todo cronometrado pra chegar a tempo no casamento de um dos seus casais favoritos da vida, um engarrafamento consegue tirar a sua paz.
A Pocah e o Ronan finalmente marcaram a data. E é amanhã!
Eu ajeitei toda a minha agenda de trabalho pra conseguir ter esse fim de semana livre e fazer essa viagem até Angra, lugar que a minha amiga escolheu para a cerimônia.
Infelizmente tive que vir de carro, porque não ia conseguir nenhum voo que se encaixasse no meu cronograma. Vou chegar hoje a noite pra despedida de solteira, e o casamento é amanhã a tarde. Por sorte a Juliette e a Camilla vão me fazer companhia, o marido da Cami não vai poder ir e o João vai encontrar a gente lá, com o noivo dele.
Finalmente consegui chegar no condomínio da Ju, para buscar ela e a Camilla que veio me esperar aqui. Nem vou descer do carro porque já estamos atrasadas, só estaciono e aperto a buzina.
Juliette: A GENTE TA INDO CARLA DIAZ! - ouço seus gritos.
Buzino mais uma vez, sorrindo.
Juliette: CALMA, PESTE! - ela passa pela porta com um sorriso no rosto, e a mala na mão.
A Camila vem logo atrás e em poucos minutos, as malas já estão no porta malas e minhas amigas dentro do carro. Próxima parada: ANGRA!
Conversamos um pouco sobre nossos vestidos, o modo como vamos fazer o cabelo e nos atualizamos sobre a vida de cada uma, enquanto esperamos o trânsito andar. Até que O assunto surge.
Juliette: eu quero perguntar uma coisa, mas não sei se posso - ela diz como uma criança prestes a aprontar.
Camilla: Juliette - repreende do banco de trás.
Carla: ja ate imagino. - reviro os olhos, concentrada no trânsito.
Juliette: sério! Não tem como ignorar isso - ela senta de lado no banco da frente, ficando praticamente de frente pra mim, enquanto eu mantenho os olhos fixos na estrada.
Carla: eu não to ignorando nada! - me defendo.
Juliette: ótimo. Como ta o seu coração?
Carla: batendo - digo com um sorriso.
Juliette: Carla Diaz! - ela me da um tapa de leve enquanto a Camilla gargalha no banco de trás.
Carla: que? - rio me fazendo de desentendida.
Juliette: você ta prestes a passar um fim de semana inteiro no mesmo ambiente que o Arthur! Não finja que não ta acontecendo nada ai dentro - ela aponta pro meu peito.
Carla: eu não to fingindo. Só não tem o que render dessa situação, eu e o Arthur - meu coração da um salto só de sentir o nome dele saindo da minha boca - ja deu. Passado.
Juliette: aham. Ta bom. Você não me engana. Eu vi como você ficou quando soube que ele tava solteiro.
Carla: eu não fiquei de jeito nenhum, eu fiquei normal. Inclusive vi a notícia sem querer ta bom?!
Camilla: Ju, ja tem uns meses que os dois tão solteiros ao mesmo tempo, se fosse pra rolar um remember ja tinha rolado.
Juliette: não com essas duas mulas teimosas.
Carla: EII! - olho de relance pra ela fingindo ofensa, mas segurando o riso.
Juliette: nem vem não, vocês são complicados demais. Olha, vou te contar, a pessoa que escreve o destino de vocês deve viver exausta porque vocês não facilitam. Quando você finalmente ficou solteira, ele resolveu embarcar em um lance super sério, ai quando ele finalmente ficou solteiro, a bonita aqui - ela aponta pra mim como se tivesse contando a história para uma plateia - resolveu tirar férias longas e se enfiar em Jundiaí, mesmo já morando de vez no Rio, ai quando ela volta, ele tira férias mais longas e se enfia em Conduru! Vocês não ficaram nem no mesmo estado! Vocês não dão chance nem pra se encontrar por acaso em algum trabalho ou evento! O casamento da Pocah é a primeira vez que vão estar os dois no mesmo lugar depois de tudo isso.
Carla: você ta viajando e ficando louca. Minha história com ele - engulo em seco - ja acabou.
Juliette: ta bom então, não vou mais tocar no assunto. Vamos ver como vai ser esse fim de semana. - ela volta o rosto pra janela.
Carla: isso, fica quietinha ai.
Juliette: acho que a gente vai conseguir uma prévia agora - ela diz com o rosto fixo na janela.
Carla: o que? - olho na direção em que ela está olhando, mas logo volto o olhar para o trânsito.
Camilla: o Arthur e o Projota! - ela aponta do banco de trás.
Meu estômago revira, e eu direciono o olhar tão rápido que não sei se fiquei tonta pelo movimento ou pela situação.
Eu vejo.
O carro no acostamento com o capô levantado. Ele mexendo no carro com o Projota do lado.
Juliette: será que aconteceu algo?
O sinal escolhe essa hora pra fechar e eu me vejo parada a poucos metros deles.
Camilla: eles devem ta indo pro casamento da Pocah também.
Não respondo, fico quieta, apesar de ter a sensação de ser virada do avesso. Acho que se eu fingir que não to vendo nada, não ta acontecendo nada, certo? Errado.
Juliette: a gente não pode fingir que não viu - ela olha pra mim.
Camilla: vou ter que concordar com a Ju.
Bufo. Saio da fila de carros e estaciono atrás do carro deles, sem dizer nenhuma palavra.
As meninas descem do carro e eu permaneço onde estou. Só escutando a conversa. E me permitindo reparar naquele que foi uma parte muito importante da minha vida. Ver ele de novo tão perto causa reações que eu não quero explorar. Não posso. Fecho os olhos e me recosto no banco, respirando, me concentrando, me mantendo sã.
Eles estão de fato indo ao casamento, mas o motor do carro está esquentando muito e eles vão ligar para o seguro, e dar um jeito de seguir viagem daqui. De uber, de taxi, do que for. Ótimo.
Tudo resolvido se a bocão da Juliette ficasse quieta.
Juliette: vocês podiam ir com a gente. - ela aponta na minha direção.
E é quando quatro pares de olhos me encaram, mas eu só consigo focar em um.
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OIEEEEE QUERIDESSSS
avisa que eu cheguei com mais uma, e vou me dedicar pra essa ser especial, porque né, todos sabemos! O LIVRAMENTO DA MINHA FILHA VEIO 🤏🏽🥹
