#22 - Perdendo

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CARLA

Arthur: Carla, por Deus! - ele levanta da cama, se afastando de mim - eu não acredito que você ta pensando que eu seria capaz de te enganar assim!
Carla: E o que você quer que eu pense?! - falo mais alto do que deveria - você ta mentindo pra mim! De novo!
Arthur: Carla - ele passa as mãos pelo rosto - eu nao to mentindo pra você! Eu tava te protegendo, evitando estresse
Carla: protegendo porra nenhuma! - grito - eu só preciso de sinceridade! Coisa que você nao ta me dando!

Minha mãe aparece na porta.

Arthur: você nao pode me crucificar assim! Eu to fazendo tudo por voce e pela sua... nossa filha!
Carla: você ia dizer SUA filha? - minha voz embarga - VOCÊ NÃO PRECISA FICAR COMIGO POR PENA!
Arthur: EU NAO TO AQUI POR PENA! PORRA CARLA

Mara: abaixa o tom pra falar com minha filha! Você fica trocando áudios com sua ex e ainda se acha no direito de gritar com ela? - minha mãe dispara, e eu quero parar ela, mas mal to me mantendo aqui, meu mundo ta desabando

Arthur: foi você nao foi? - ele fala com ela - você ta envenenado ela contra mim! De novo!
Mara: me respeita moleque! Eu só to cuidando da minha filha!
Arthur: cuida tanto que casou ela com um bandido!
Mara: NÃO SE ATREVA A JOGAR ISSO NA MINHA CARA!
Arthur: Se você não tivesse feito de tudo pra me separar dela ela não teria passado por tanta coisa!
Mara: some da vida da minha filha! Você se acha muito bom! Mas nao é! Vai acabar com ela, de novo!

Minha cabeça ta explodindo, eu to sufocada.

Carla: CHEGA! EU NAO AGUENTO MAIS! - choro desconsolada - SUMAM DAQUI! EU NAO AGUENTO MAIS! Arthur pode ir embora, vai viver sua vida! A Maria Clara não é sua filha, você não tem responsabilidade nenhuma com ela. E como você disse, ela é minha e você não precisa mais fazer o favor de ficar aqui com a gente.
Arthur: você nao sabe o que ta dizendo - os olhos dele estão molhados - você nao faz ideia do que ta dizendo, Carla.
Carla: então me explica o que eu nao entendi!
Arthur: parece que você não ta aberta a nenhuma explicação. Já decidiu tudo por si mesma. - ele engole em seco, magoado.

Foda-se. Eu também tô.

Carla: vai embora.
Arthur: se eu for agora, eu não volto mais
Carla: aproveite a liberdade

Ele nem se da ao trabalho de secar as lagrimas, me da as costas e bate a porta.

Eu desabo, me desmancho. Meu mundo colapsou. E eu não tenho nenhuma chance de sobreviver. Sinto os braços da minha mãe me envolverem, mas nada vai conseguir colar meus pedaços de novo. É o fim.

ARTHUR

Como ela pode achar que eu a enganaria? Depois de tudo! Saio do quarto com o coração pesado. Escuto o choro dela, queria tanto voltar e toma-la nos meus braços, fazer ela entender que eu amo ela mais que tudo. Que eu quero fazer tudo certo com ela.

Misturada com a tristeza vem a raiva. A mãe dela conseguiu separar a gente mais uma vez. Respiro fundo e vou no quarto da minha filha, não sei quando vou vê-la de novo... cara, ouvir da Carla que a Maria não é minha doeu mais do que qualquer coisa.

Meu corpo todo dói quando vejo minha pequena embrulhadinha no berço. Eu tenho passado muito tempo com ela, a Carla passa mais tempo deitada do que qualquer outra coisa, estava irritada ultimamente, exausta. E eu tentei suprir a falta dela pra Clara, a Carla precisava descansar, e a Clara precisava de atenção, tentei fazer tudo pelas duas. Aparentemente não adiantou de nada. Uma não ta nada satisfeita. Ouvir ela me acusando daquela forma me quebrou. Eu to quebrado. E quando saio do quarto da minha filha e cruzo a porta da saída, quebro mais ainda.

Fiz check-in em um hotel, ate decidir o que fazer, eu poderia voltar pra Conduru, sair do país de novo, mas fazer isso seria reconhecer que a gente se perdeu mais uma vez, e eu não to pronto pra isso. Fora que não tenho mais nada fora do Brasil, desde que a Carla saiu do hospital me concentrei em finalizar tudo que eu tinha pra finalizar no exterior, resolvi tudo online, passei muito tempo vidrado no celular, mas consegui resolver tudo. Minha vida profissional estava prestes a se assentar novamente no Brasil. Não sei se consigo continuar por aqui. A vontade de fugir de novo cresce, mas o medo de ir embora e zerar qualquer esperança me apavora.

Paro de pensar, só existo. As palavras dela perfuram minha alma sempre que as recordo, e eu recordo em looping. Um looping que me dilacera, a cada segundo.

São três dias, eu passo três dias sem notícias dela ou da Maria Clara. Três dias de uma dor tão profunda que eu sinto que posso até morrer. Quando o celular toca e eu vejo o nome Mara Diaz na tela, acho que estou tão mal que já alucino.

Mas não é alucinação.

~Ligação on ~

Arthur: alô?
Mara: Arthur? - a voz dela é tensa
Arthur: o próprio - minha voz é ríspida
Mara: onde você está?
Arthur: no hotel.
Mara: olha Arthur eu ainda acho que você não serve pra minha filha, mas ela não ta bem. Desde a briga de vocês eu vi minha filha se acabar. Ela não levantava da cama, ela não queria nem amamentar a Clara, ela chora dia e noite, não se alimenta, dorme tantas horas por dia que eu me pego conferindo a respiração dela. Liguei pra Dra Ana e ela veio aqui - ela faz uma pausa - a Carla está com depressão pós-parto. Minha filha precisa de ajuda. E eu só to recorrendo a você porque peguei ela chorando agarrada a uma foto de vocês e ouvi ela gritando por você enquanto dormia - ela bufa - e ela conversou com uma psicóloga hoje, e a psicóloga me pediu pra entrar em contato com você se possível. Não me deu detalhes, mas a Carla precisa de você.
Arthur: chego ai daqui a pouco.

~ Ligação off ~

Desligo, troco de roupa e em tempo recorde ja estou a caminho da casa dela

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ELE TA INDO ELE TA INDO FAMILIAAAAA

Bora de meta? 60 comentários e tamo de volta!

Vou Revelar 2 - One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora