O Teste

551 36 18
                                    

Marília pedira para que o teste fosse deixado na portaria do condomínio, assim ninguém saberia quem era a "suposta" grávida.

Ligou para o porteiro e pediu para que ele avisasse, assim que a encomenda chegasse.

Logo que desligou, resolveu pedir para que Paulinha esperasse o teste lá na portaria. Não podia correr o risco de alguém suspeitar de qualquer coisa. Paulinha pegou o carro e dirigiu até lá.

Maiara, por sua vez, ligou primeiro para sua mãe e explicou toda a situação. Almira ficou preocupada e avisou que logo estaria lá.

Ligou, em seguida, para seu pai. Ele ficou alarmado e respondeu que estava a caminho.

Quando foi pegar o celular para avisar Fabrício, Paulinha entrou esbaforida.

-Onde você foi, Paulinha?

-A Marília pediu para que eu esperasse uma encomenda na portaria.

-Ué, mas que encomenda?

-E eu lá sei! Coisa dela.

Maiara ficou desconfiada e resolveu olhar a tal encomenda.

-Mas a Lila é danada! Nem esperou eu ligar pro povo!

Esqueceu- se de que ia ligar para Fabrício e subiu levando o teste.

-Vocês duas, hein?! Não iam me contar?- perguntou Maiara contrariada.

-Contar o quê? - Maraisa perguntou confusa.

-Ah, é coisa sua, né, Marília?- perguntou Maiara.

-Vocês duas deixem de frescura! Maiara me dá esse teste aí! Maraisa, bora fazer xixi no copinho!

-Mas não precisa ser o primeiro xixi da manhã?

-Não, dona Maraisa, se você estiver há um tempo sem ir ao banheiro, o teste dá certo.

-Então, vou buscar um copo.

-Não vai trazer um copo de chopp, viu, Maiara?! - riu-se Marília.

Virou-se para Maraisa:
-Ansiosa?

-Amiga, não sei! Eu não acho que estou grávida. Me sinto mesmo é doente.

Maiara entrou meio desajeitada carregando um copinho plástico.
-Serve esse?

-Serve! Agora, Maraisa, vai lá fazer xixi aqui dentro.

-Não sei se eu consigo! Estou fraca e com tontura! Melhor fazer mais tarde.

-Não, Maraisa, vamo!! Por favor! -pediu Marília.

Ela levantou-se com dificuldade.

-Quer ajuda?- perguntou Marília já grudando no braço da amiga.

Maraisa fez o xixi no tal copinho, Marília abriu o teste e mergulhou a pontinha lá dentro.

-E agora? - perguntou Maiara.

-Agora é só esperar, nanica.

Alguns minutos que pareciam uma eternidade para elas.

Maraisa resolveu esperar deitada. Não sentia-se bem. Tinha muita fraqueza e seu estômago, de tempo em tempo, revirava-se.

Maiara e Marília ficaram esperando no banheiro. Depois de cinco minutos, Marília retirou o objeto e colocou-o sobre a pia.

-Ué, não tem nada aí!

-Êh, Maiara, tem que esperar, né?

-Olha lá, Maiara!!! -gritou Marília.

-Dois risquinhos! E daí?

-Daí que você vai ser tia!

Maiara já tinha os olhos cheios de lágrima.

-Parabéns, mamãe!- gritou Marília lá do banheiro.

"Mamãe" aquela palavra soava tão estranha para Maraisa. Nem teve tempo de raciocinar e Maiara já estava abraçada nela e enchendo-a de beijos.

-Maraisa, você vai ser mamãe! -Maiara sorria e chorava ao mesmo tempo.

-Oh, Maraisa, fala alguma coisa! - disse Marília impaciente.

-Eu acho que vou vomitar.

Foi até o banheiro, mas dessa vez não saiu nada. Não tinha nada no estômago. Só teve uma sequência de ânsias.

Maiara e Marília seguravam o cabelo dela.
Ela sentia-se fraca e com dores abdominais de tanto fazer força.

-Maiara, isso aí não tá certo, não! - disse Marília preocupada.

-Meus pais já vem vindo, vamos resolver o que fazer e o Fabrício...

Nossa, esquecera-se de ligar para o Fabrício!!

-O que tem o Fabrício?

-Nada, não.

Maraisa avisou que gostaria de voltar para cama.

-Oh, Maraisa, tô preocupada, viu? Eu tive enjoos matinais e, raramente, vomitava.

As duas deitaram Maraisa na cama. Ela ficou lá largada.

Maiara puxou Marília de lado:
-Lila, esqueci de ligar para o Fabrício.

-Liga então. Eu fico aqui com a Maraisa.

Depois da Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora