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Wendell saiu do hotel de Maiara, naquela manhã, decidido a viajar para o Brasil o mais rápido possível. Estava devastado com a notícia de que sua amada voltara para casa assim tão de repente.  Ele realmente não conseguia acreditar que ela dera um jeito de fugir tão rápido. Estava crente de que chegaria ao hotel, falaria com ela e os dois se acertariam naquele dia.

Chegou perto da porta do carro e esmurrou-a com toda força.
-Idiota! Isso é o que você é! - disse em voz alta.

Entrou no carro e, antes de dar partida, resolveu mandar uma mensagem para Maraisa na esperança tola de receber uma resposta.

A mensagem dizia o seguinte:
Desculpa por ter sido um fraco. Você mexe muito comigo. Essa crise de ciúme só serviu pra me provar que sou muito apaixonado por você. Me perdoa. Eu te amo!

Ao chegar em casa, deu alguns telefonemas para cancelar alguns compromissos que tinha em Orlando e remarcou alguns outros para que fossem realizados de forma remota, quando ele estivesse no Brasil. Era preciso apressar-se.

Conhecia Maraisa bem o suficiente para saber que, se ele demorasse muito, ela nunca mais deixaria que ele sequer chegasse perto dela e com toda razão: ele havia feito papel de cretino.

Seu plano era embarcar para o Brasil ainda naquela noite, no máximo, na manhã seguinte. Entrou nos sites de companhias aéreas e, por sorte, encontrou um voo que sairia naquela noite e havia alguns assentos vagos. Não pensou duas vezes: comprou a passagem.

Com a passagem comprada, ele ficou um pouco mais tranquilo, mas não deixava de pensar que cada minuto perdido, era um prejuízo muito grande para ele.

Foi até o quarto, pegou a mala, que ficava sempre por ali, já que ele viajava bastante, e separou algumas roupas. Não sabia ao certo quanto tempo ficaria fora, na verdade, ele não tinha certeza se voltaria para Orlando. Se tudo desse certo, ele ficaria no Brasil junto da sua morena.

Ele dissera a verdade quando prometeu a ela que estaria sempre por perto, mas ele não contava com aquela crise infantil de ciúme. Ciúme de um ex com quem ela nem falava mais. Sentiu-se envergonhado. Idiota!

Colocou umas roupas na mala, separou o notebook, seu IPad e alguns objetos pessoais.

Agora só restava esperar a hora de, finalmente, ir ao encontro de Maraisa.

O dia parecia arrastar-se para ele. Olhava as horas sem parar e parecia que aquele dia duraria uma eternidade. Andou de um lado para o outro, refez a mala várias vezes, deixou a casa em ordem, deu instruções para os empregados, tomou banho e resolveu tentar ligar para Maraisa. Sem resposta. Talvez ela estivesse no voo ainda. Resolveu tentar mais tarde.

Teve uma ideia, que no começo, ele achou tola e precipitada demais, mas depois foi fazendo todo sentido para ele: iria até uma joalheria e compraria uma aliança para Maraisa. Por que não? Ele tinha certeza do que queria; por que não oficializar logo essa relação? Era isso: ele pediria Maraisa em casamento. Os dois se conheciam bem o suficiente para ficarem juntos novamente, afinal, já haviam morado juntos, foram praticamente casados. E agora, sem o problema da distância, ele tinha certeza de que daria certo. Foi o que ele fez: comprou uma aliança para ela. Escolheu uma das mais caras e bonitas da loja.

Voltou para casa satisfeito e feliz. Tudo daria certo. Eles se casariam em pouco tempo e seriam felizes. Esse era o desejo dele.

À tardezinha, ele ligou para Maiara avisando que estava indo, aquela noite, para o Brasil e pediu para que a ruiva não comentasse nada com a irmã, pois ele tinha medo de que, se Maraisa soubesse, com certeza, ela se recusaria a recebê-lo.

A ruiva prometeu que não contaria nada e explicou que não queria, de modo algum, atrapalhar os planos dele. Avisou Wendell que a irmã estaria na fazenda e que, seria interessante que ele ligasse para a mãe delas pedindo para que ela facilitasse o encontro dos dois.

Wendell anotou o número e desligou agradecendo a ajuda da ruiva.

Com o número de Almira em mãos, ele imediatamente ligou para ela. Depois de três toques, ela atendeu:

-Alô! Quem é?

-Almira, tudo bem? É o Wendell que está falando.

-Oi, Wendell. Tudo bem e você?

-Não muito. Acho que você já sabe o que aconteceu, né?

-Sei, sim. Vocês dois não se emendam, né? Vivem se machucando! Depois de tanto tempo, pensei que essa história já estivesse terminada e resolvida. Pra que foram desenterrar esse passado em um momento tão ruim?

-A culpa foi minha. Eu que procurei a Maraisa e acabei magoando ela. Mas eu tenho as melhores das intenções. Sei do momento que ela está passando...

-Magoou mesmo. Se sabia de tudo, por que foi machucá-la? Ela chegou há pouco tempo aqui na fazenda e está trancada no quarto. Está bem abatida e chateada, não quis comer. Depois de todo esforço para que ela melhorasse um pouco, parece que voltamos a estaca zero.

-Eu sinto muito pelo o que aconteceu. Estou ligando para avisar que estou embarcando para o Brasil esta noite e amanhã estarei aí na fazenda para me acertar com ela. Vou consertar tudo isso! Prometo!

-Tem certeza de que é mesmo uma boa ideia? -perguntou Almira preocupada.

-Eu quero me acertar com a Maraisa. Ela é a mulher da minha vida. Fui um idiota. Gostaria da sua ajuda para convencê-la a falar comigo.

-Eu vou tentar te ajudar. Só não prometo que ela vai te receber. Você sabe como é a Maraisa: quando coloca uma coisa na cabeça, não tem quem tira.

-Eu sei, mas não posso ficar aqui sem fazer nada. Eu preciso conversar com ela pessoalmente, preciso pedir perdão. E tem outra coisa: eu comprei uma aliança para ela...

Almira estava na varanda falando com Wendell, quando um carro estacionou logo ali perto dela.
Fabrício desceu do carro lentamente e veio até ela.
-Boa tarde, Almira.

Almira tirou o celular do ouvido e respondeu:
-Boa tarde, Fabrício.

Wendell ouviu aquele nome do outro lado e ficou transtornado.

-Wendell, vou ter que desligar. Tchau! - disse Almira apressada desligando o celular na cara dele.

Ele ficou parado com o celular nas mãos, sem reação. Ele estava a quilômetros de distância e o outro estava lá, na fazenda, bem perto da sua mulher. O sangue fervia em suas veias. Se pudesse, fretava um jatinho e iria imediatamente para o Brasil. Em um impulso ligou para Maraisa para tentar impedi-la de falar com o outro. Novamente, nenhuma resposta.

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