A Culpa É Minha

348 35 31
                                    

Wendell havia acabado de desembarcar em São Paulo, estava perto do portão de embarque aguardando seu voo de conexão até Goiânia, quando seu celular tocou. Era Almira. Ele atendeu rapidamente, pois não via a hora de receber notícias de Maraisa. Afinal, Fabrício estivera lá e Wendell não sabia qual havia sido o desfecho daquela situação.

-Almira, tudo bem? Como tá a Maraisa?

-Tá indo, Wendell. Me escuta porque vou falar rapidinho: eu consegui convencer a Maraisa a conversar com você.

-Conseguiu? -questionou ele aliviado.

-Consegui, mas não vai ser fácil reconquistá-la.

-Eu vou tentar...

-Espero que dê certo.

-Almira, e o Fabrício? Ouvi quando ele chegou à fazenda.

-Fica tranquilo. Ele nem sabia que ela estava aqui. Só que ele também quer falar com ela e acho justo que ela converse com vocês dois.

-Entendo- disse ele coçando a barba.

-Bom, era isso o que eu queria te falar.

-Eu vou embarcar agora para Goiânia. Assim que chegar, passo em casa, tomo um banho e sigo pra fazenda. À noitinha, estarei aí. Se puder avisá-la, eu agradeço.

-Certo. Até mais, então.

-Até, Almira e obrigado.

Wendell desligou o celular, colocou-o no bolso e sentou-se em uma das cadeiras. O voo sairia em breve e ele nunca desejou tanto estar em Goiânia como desejava agora. Em sua mente já esquematizara todo seu encontro com Maraisa: flores, um bom vinho, o chocolate que ela gostava. Tudo tinha que ser perfeito.

Wendell embarcou e uma hora e meia depois estava em Goiânia. Sentiu-se feliz e satisfeito por estar respirando aquele ar que tanto gostava. Apanhou suas malas e pegou um táxi até sua casa. O plano: tomar um banho, colocar sua melhor roupa, separar um vinho, passar pela floricultura e pegar o maior buquê que eles tivessem lá. Queria fazer tudo o mais rápido possível.

Enquanto isso, Almira foi até o quarto da filha para avisá-la de que Wendell chegaria em breve. Maraisa passara o dia todo lá. Por um milagre, ela havia deixado a porta entreaberta. Almira entrou, mas notou que a filha estava dormindo e ficou com pena de acordá-la. Resolveu esperar um pouco, ainda eram quatro da tarde e, provavelmente, Wendell chegaria à fazenda depois das sete. Isso se ele se apressasse bastante.

Almira esperou até às seis e quinze da tarde e como a filha não acordou, resolveu despertá-la.

Entrou no quarto sem fazer barulho, acendeu o abajur, sentou-se na cama e começou a acariciar os cabelos da filha.
-Amor, acorda! O Wendell vem vindo para cá. Deve estar chegando logo. Lembra? Ele vem pra falar com você, minha princesa.

Maraisa remexeu-se um pouco na cama, mas não fez nenhum movimento que denunciasse que ela iria sair dali.

-Vamos, meu amor! Você tem que tomar um banho, comer alguma coisa- disse ela dando um beijo na bochecha da filha.

-Não quero, mãe...não estou me sentindo bem.

-O que que você está sentindo, meu anjo? -perguntou Almira fazendo carinho no rosto da filha.

-Dor de cabeça, tontura, fraqueza e muita dor no estômago. Não quero sair da cama.

-Você não comeu nada. Claro que vai se sentir mal. Precisa comer, Maraisa!

-Mãe, por favor, não me force comer. Não desce. Só me deixa aqui quietinha.

-Então, vou ligar pro seu pai. Vamos te levar para o hospital. Assim não pode ficar. Não come nada. Como que faz desse jeito? -Almira estava visivelmente preocupada.

Depois da Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora