Depois da Tempestade

Eu Vou

Nos dias que antecederam a viagem, Maiara e Paulinha foram atrás de todos os detalhes: passagens, hospedagem, ingressos para os parques temáticos; a ruiva comprou biquínis novos para ela e para a irmã, tentou fazer um roteiro para cada dia de viagem, assim sua irmã teria tanta coisa para fazer que esqueceria, por um momento, todo aquele sofrimento.

Marília também estava super animada com a viagem. Comprou roupas e sunguinhas para o filho e já que eles viajariam em julho em pleno verão americano, aproveitou e comprou maiôs e biquínis para ela e para a mãe.

A única que não se animava com a ideia era Maraisa. Via a movimentação da sua gêmea e da sua amiga e achava tudo uma perda de tempo. Na sua cabeça, aquela viagem não a ajudaria em nada, pelo contrário, até a atrapalharia e ela seria uma péssima companhia. Sentia que nada do que fizesse, iria curar aquela dor.

Maiara e Marília falavam-se o tempo todo através de chamada de vídeo combinando tudo sobre a viagem, todas as vezes, elas chamavam Maraisa para participar da conversa, ela raramente aceitava e, quando ia, passava o tempo todo calada ouvindo as duas.

Perto do dia marcado, Maraisa não se dera o trabalho nem de fazer a sua mala. Maiara e Paulinha que escolheram as roupas e ajeitaram tudo para a morena.

No dia da viagem, Maraisa amanheceu mais triste do que costume. Estava angustiada, sentia um aperto no peito, talvez por ter que ir para tão longe do lugar em que sentia-se segura, talvez um pouco de medo de estragar a viagem dos outros. Era um misto de angústia e medo. Fato é que ela chamou sua mãe e pediu para que ela avisasse sua gêmea que ela havia desistido da viagem.

Almira passara mais de uma hora conversando com a filha mais velha tentando fazê-la mudar de ideia. Não teve jeito. Ela estava decidida.

Maiara chegou à fazenda na hora do almoço para passar o dia com sua metade e ajudá-la com os últimos detalhes. O voo estava marcado para às onze da noite.

Assim que chegou, foi recepcionada pela mãe:
-Maiara, meu anjo, sua irmã não quer mais ir viajar.

-Como assim, mãe?

-Ela me chamou logo cedo e disse que não vai com vocês. Conversei com ela um tempão, não teve jeito.

-Pode deixar que eu falo com ela, mãe. Nem vou dizer nada que você já conversou comigo.

Maiara dirigiu-se até o quarto da irmã. Bateu na porta:
-Oi, Malaisa, cheguei- disse usando um tom de voz maternal.

Maraisa não respondeu.

-Maraisa, abre a porta pra mim, por favor- disse a ruiva em um tom mais sério.

Maraisa levantou-se lentamente da cama, abriu a porta, virando-se, em seguida, e deitando-se novamente.

-Irmã, animada pra hoje? -perguntou a ruiva deitando-se ao lado da morena.

Maraisa não respondeu.

-Hein, Maraisa, responde.

-Maiara, eu não vou mais-falou de uma vez só.

-Como assim não vai mais? Está tudo certo já.

Maraisa deu de ombros.

Maiara resolveu apelar para os sentimentos e para o bolso da irmã:
-Poxa, Maraisa, você nem para passar um tempo comigo que sou sua irmãzinha. Eu desmarquei shows, deixei de ganhar dinheiro e ainda gastei com passagens, hospedagem, roupas. Não acredito que você vai fazer isso comigo- disse em tom de  choro.

Maiara sabia muito bem como dobrar sua irmã.

Maraisa foi sentindo-se mal e culpada, por fim, soltou:
-Tá bom, Maiara, eu vou. Mas não reclamem se eu for uma péssima companhia.