Desespero

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Wendell saiu de casa de Maraisa transtornado. Não conseguia entender como ela havia mudado de ideia tão rapidamente. Havia algo errado acontecendo e ele precisava descobrir o que era. Precisava saber o porquê da mulher amada ter voltado com aquele cara. Ela tinha deixado bem claro para ele que não queria mais nada com Fabrício.

Ele resolveu, então, voltar à Fazenda Rosada e conversar com os pais de Maraisa para tentar encontrar uma resposta para todo aquele mistério.

Enquanto isso, Maraisa estava desesperada, pois Fabrício viu que ela havia chorado por causa de Wendell e resolveu prendê-la no quarto novamente.

Ele subiu arrastando-a pelos braços, fazendo com que ela tropeçasse pelas escadas, ela implorava para que ele a soltasse, mas ele a puxava cada vez mais ferozmente.

Ao chegar à porta do quarto, ele empurrou Maraisa lá para dentro e ela caiu sentada no chão.

-Fique aí e pense no que você fez. Vê se você se convence de uma vez que a sua felicidade está aqui do meu lado, Maraisa- disse ele trancando a porta.

Ao se ver sozinha, ela começou a chorar descontroladamente. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo com ela. Tinha que ter um jeito de escapar daquela casa, mas ela não conseguia pensar em nada.

Chorou por algumas horas até não ter mais forças. Levantou-se do chão cambaleando e foi até o banheiro. Olhou-se no espelho e não se reconheceu. Ela estava desfigurada. Medo, cansaço, terror, apreensão, angústia, tudo isso se viva na fisionomia dela.

Ela desejava dormir e nunca mais acordar. Queria fugir daquele pesadelo de qualquer maneira.

Sentou-se se na cama e observou os hematomas em seus braços. Tudo no seu corpo doía, mas a dor mais profunda era em seu coração.

Resolveu tomar um banho, trocar aquela roupa e tentar dormir para esquecer tudo aquilo.
Colocou um pijama confortável e deitou-se. 

Rolou horas na cama e não conseguiu pregar os olhos. De repente, começou a ter uma crise de ansiedade muito intensa. Ela precisava sair daquele lugar. Foi até a porta e bateu insistentemente chamando por Fabrício, mas ele não apareceu. Foi ficando cada vez mais ofegante, a falta de ar aumentava rapidamente e ela tinha aquela sensação de morte.

Ela precisava fazer alguma coisa. Não aguentaria muito tempo naquele estado. Lembrou-se, então, de que guardava em uma das gavetas alguns antidepressivos. Começou a tirar todas as roupas e jogá-las na cama , tirou as gavetas e atirou-as no chão, na esperança de encontrar alguma caixinha de remédio. Na última gaveta, ela achou duas caixas fechadas do seu antidepressivo. Não teve dúvida: abriu as caixinhas, pegou todos os comprimidos, colocou-os na boca, foi até a pia do banheiro, encheu a boca de água e engoliu tudo de uma vez.

Sentou-se no vaso sanitário e pouco tempo depois, ela começou a sentir-se tonta e sonolenta. Depois disso, não viu mais nada.

Minutos depois, Fabrício incomodado com todo o barulho que Maraisa fizera, resolveu dar uma olhada no que estava acontecendo. Abriu a porta do quarto e viu uma bagunça: todas as roupas em cima da cama e as gavetas no chão. Deu uma olhada em volta e não viu Maraisa. Notou duas caixas de remédio vazias na porta do banheiro. Entrou no cômodo e viu Maraisa caída com um hematoma na cabeça.

Correu até ela e tentou acordá-la. Nada. Tentou mais algumas vezes, mas ela não esboçava nenhuma reação.

Não teve dúvidas: pegou-a nos braços, desceu as escadas correndo, colocou-a no banco de trás carro e dirigiu a toda em direção ao hospital. No caminho, ele chamava-a para ver se ela acordava, mas todas as tentativas foram sem sucesso.

Chegou ao hospital mais próximo cantando pneus, estacionou lá na frente e saiu gritando em busca de ajuda. Não demorou muito e um enfermeiro veio com uma maca e os dois colocaram Maraisa sobre ela e o enfermeiro sumiu levando a morena pelo corredor.

Fabrício ficou na recepção transtornado. Não sabia até que ponto Maraisa corria risco. Ele deduziu que ela tomara os comprimidos e que ela, provavelmente, desmaiara e havia batido a cabeça. E se ela morresse? Ele afastou rapidamente essa ideia. Não, tudo ficaria bem. Os médicos estavam cuidando dela, ele tinha socorrido a amada a tempo.
"Graças a Deus fui logo ver o que estava acontecendo "- pensou ele tentando manter a calma.

O tempo passava e nenhuma notícia da amada. Ele estava impaciente. Havia perguntado sobre o estado dela inúmeras vezes na recepção e ninguém sabia de nada.

Duas horas depois, um médico apontou no corredor e veio até ele.
-Você é o que da paciente?

-Sou o marido dela, doutor. Ela tá bem?

-A sua mulher ingeriu uma grande quantidade de ansiolíticos e passou por uma lavagem estomacal. Ela apresenta também um hematoma grave na cabeça.

-Mas ela vai ficar bem?

-No momento, ela está na UTI em observação. Ela ainda não acordou e não sabemos se haverá alguma sequela.

-Meu Deus! Doutor, salva minha mulher.

-Ela tem família que mora aqui por perto?
-Tem, sim.

-Convém chamá-los.

-Ela corre risco, doutor?

-Infelizmente, sim. 

Fabrício começou a chorar, pegou o celular e ligou para Almira.
-Alô, minha sogra- disse ele com a voz embargada.

-Oi, Fabrício. Tá tudo bem?

-É a Maraisa. Estou com ela aqui no hospital Santa Maria.

-O que aconteceu? No Santa Maria? Por que vocês estão no Santa Maria?

-Ela está na UTI. Venham pra cá. Depois eu explico tudo.

-NA UTI? - Almira deu um grito.

César e Wendell que estavam por perto tomaram um susto.
-Quem está na UTI? - perguntou César.

-A Maraisa!

-Minha sogra, olha venham logo pra cá.

Almira desligou o telefone incrédula, enquanto César e Wendell tentavam entender o que estava acontecendo.

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