Uma Trégua

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Maraisa estacionou o carro na frente da casa e hesitou um pouco. Parte dela dizia para ela descer e outra dizia para dar meia volta e partir. Ficou uns bons minutos ali, até que resolveu entrar.

Lembrou-se de que não havia levado as chaves e teve que tocar o interfone. Maria, a nova funcionária, veio abrir a porta.
-Oi, patroa! Que bom que está de volta!

-Oi, você deve ser a Maria, a babá do Rodriguinho-disse Maraisa entrando.

-Isso mesmo, patroa. Estou a sua disposição.

-O Fabrício não tá?

-Ele saiu e disse que voltaria rapidinho.

Maraisa resolveu subir, tomar um banho e colocar uma das suas roupas. Não aguentava mais usar moletom.

Maria a seguiu.
-Se a senhora precisar de alguma coisa, me chama. O patrão não quer que a patroa se canse à toa.

-Obrigada, Maria, mas estou bem. Não preciso de nada.

Maraisa tomou um banho demorado e colocou um dos seus vestidos. Quando ela saiu do banheiro, Fabrício a esperava no quarto. Ele estava sentado na cama com a cabeça baixa.
Maraisa chegou perto dele e sentou-se.

-Maraisa, olha, você me perdoa? Eu fui um idiota...não sei o que me deu. Não sei onde eu estava com a cabeça. Me subiu o sangue e eu fiquei muito nervoso-disse ele de uma vez só.

Ela não respondia, encarava-o com seriedade.
-Pode me xingar, pode falar o que você quiser. Eu fui uma pessoa horrível. Você não merecia isso e nem meu filho.

Ela suspirou fundo e, por fim, falou:
-Fabrício, eu estou muito magoada com você. Estou decepcionada de verdade. Eu não esperava isso. Você sabe que eu sempre postei fotos de biquíni. O que mudou? Só o fato de eu estar grávida?

-Eu sei, amor! Me deu um ciúmes louco de você.

-Ciúmes do quê? Se eu tivesse te dado um bom motivo...

-Ciúmes do seu corpo. A sua barriga exposta ali com meu filho lá dentro e aqueles comentários.

-Fabrício, é a MINHA barriga e o NOSSO filho. Os comentários são irrelevantes. São de pessoas que nunca vou ver na vida.

-Eu sei e você tem razão. Eu fiz um papel de idiota.

-Acho que para a gente dar certo temos que conversar sobre o que nos incomoda em vez de sairmos brigando. Estou aqui para tentar mais uma vez por nós e pelo nosso filho.

-Prometo que vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.

-Não precisa me prometer nada, só quero que você converse comigo, quando algo estiver te incomodando e eu farei o mesmo.

-Tá bom, meu amor-disse ele chegando mais perto dela para beijá-la.

Ela levantou-se antes que ele a beijasse.
-Fabrício, olha me dá mais tempo e um pouco de espaço. Eu realmente estou muito magoada com você. Estou sensível e não vou conseguir fingir que já está tudo bem.

-Tudo bem. Eu vou respeitar o seu pedido.

-Outra coisa: por enquanto, eu vou dormir no quarto de hóspedes. Quando eu me sentir menos ferida, volto para o nosso quarto.

-Tudo bem. Vou pedir para arrumarem o quarto para você. Quer que eu peça para levarem alguma coisa pra lá?

-Acho que não. Só vou pegar alguns pijamas. O resto pego aqui, se eu precisar.

Fabrício saiu para pedir que a empregada arrumasse o quarto para Maraisa.

Enquanto isso, Maraisa foi até o quarto do bebê. Desde que Maiara comentara sobre o fato de deixar as bolsas prontas, ela não tirara essa ideia da cabeça.

Depois da Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora