Meu Filho

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Ela levantou-se cedinho na manhã do exame. Sentia-bem e até um pouco eufórica. Tomou um banho e colocou uma calça branca e um cropped da mesma cor. A roupa deixava a sua barriga à mostra e ela era toda sorrisos, quando alguém falava sobre a barriguinha que estava se formando.

Tomou café da manhã com sua família e teve um leve enjoo, que logo passou. Sentiu-se aliviada porque se a Hiperêmese atacasse, ela não conseguiria fazer a ultrassonografia.

Decidiram que iriam todos no mesmo carro: Maraisa, Fabrício, Maiara e Almira.

Durante o trajeto, eles faziam suas apostas.
-Eu acho que é uma menininha! - disse a ruiva.

-Também acho- concordou Almira.

-Ah, eu acho que vem um moleque aí. Charmoso igual ao pai, né, amor?

Maraisa soltou uma risada gostosa.

-E você, irmã, o que acha?-perguntou Maiara.

-Quero que venha com saúde e que seja lindo ou linda igual a mãe-brincou ela.

Dessa vez, foi Maiara que soltou uma gargalhada.

-Igual a tia, né?! - disse a ruiva provocando a irmã.

Chegaram à clínica às dez em ponto. O doutor já os esperava. Maraisa seria a última paciente da manhã, assim ninguém saberia que ela estivera lá.

-Bom dia! Animados?-perguntou o médico.

-Muito! -antecipou-se Maiara.

-E você, Maraisa, como está hoje? Teve enjoos?

-Bem pouco depois do café da manhã, mas agora estou bem e mais animada.

-Que bom! Vamos começar o exame?

Doutor Flávio conduziu-os até a sala para realizar o procedimento.
-Deite-se aqui, Maraisa.

Ela deitou-se e o médico esparramou o gel pela barriga dela.

Mexeu de um lado, de outro. Foi virando e, de repente, disse:
-Estão vendo? Olhem os bracinhos e as mãozinhas. Ele está chupando o dedo. Estão vendo? Olhem o rostinho, o narizinho...-o médico ia mostrando os detalhes na tela.

As lágrimas escorriam sem parar pelo rosto de Maraisa

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As lágrimas escorriam sem parar pelo rosto de Maraisa.
"Meu bebezinho!"- pensava ela.

-Ai, Maraisa, que lindo, irmã!
Maiara também estava chorando.

-Aqui temos a região abdominal, as perninhas, os pezinhos. Tudo em perfeito estado-continuou o médico.

Todos estavam muito emocionados.

-E a mamãe e o papai vão querer saber o sexo do bebê?

Os dois disseram "sim" juntos.

-Vem aí um menininho! Parabéns!

O coração de Maraisa disparou.

"Um principezinho" - ela pensou, mas não conseguia falar, só chorava.

Fabrício aproximou-se e deu um selinho nela.
-Um machinho igual ao pai! Vem aí o Juninho, minha gente!-disse ele.

-Juninho? Nem vem, Fabrício! Nosso filho não vai ser nenhum Juninho!

-Então, vai ser Fabrício Marques Filho!

-Piorou! -disse ela.

-Eu vou ser a tia mais babona desse mundo! -brincou Maiara.

O médico terminou o exame e entregou uma toalha para que Maraisa limpasse o gel da sua barriga. Conversou sobre alguns detalhes, perguntou sobre a Hiperêmese e marcou uma consulta para o próximo mês.

Os quatro saíram do consultório radiantes.

-Irmã, vamos ligar pra Lila e contar a novidade!-disse Maiara.

Fez uma chamada de vídeo. Marília atendeu animada:
-Ê, Maiara! Onde cês tão?

-Saindo da consulta da Maraisa. Lila, adivinha?

-Deixa eu contar, Maiara! Nossa! - reclamou Maraisa.

Maiara passou o celular para a irmã.

-Marília, eu vou ter um menininho!!

-Agora, sim! O Léozinho vai ter o amiguinho que merece! Parabéns, amiga! Tô muito feliz por você, viu?! Manda parabéns para o pai babão também.

-Amiga, tô tão feliz! Coração parece que não cabe no peito!

-Curte muito, viu, amiga?! É uma benção de Deus!

-Eu sei, amiga! Me sinto a pessoa mais feliz do mundo!

-Bom, vou deixar vocês curtirem a notícia! Beijos para todos! -disse Marília.

-Beijos! - todos responderam juntos.

-Maraisa, a gente podia comemorar! Vamos fazer algo lá em casa só para a família mesmo-disse Maiara.

Fabrício adiantou-se e respondeu:
-Hoje ela não pode!

-Não posso? Por quê?

-Hoje não.

Ela olhou para ele sem entender.

-Fabrício?!

Ele a ignorou e continuou:
-Vou deixar a minha cunhada e minha sogra em casa, tá? -disse ele olhando para Maiara e Almira.

As duas assentiram.

Entrou no condomínio, deixou as duas na porta de casa, continuou dirigindo por mais três quadras e parou em frente a uma bela casa.

-Fabrício, não tô entendendo nada. Porque você falou daquele jeito? O que está acontecendo?

Ele não disse nada, desceu do carro e abriu a porta para que ela saísse.
-Essa é nossa casa, amor! -disse ele apontando para a mansão.

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