Quarenta e oito horas

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Almira permanecia paralisada. Não conseguia, nem ao menos, verbalizar  o que ouvira de Fabrício.

Foi Wendell que se esforçou para trazê-la de volta à realidade chamando, diversas vezes, por seu nome,  até que ela saiu do transe.

-O que que aconteceu com a Maraisa? Fala logo -disse César nervoso.

-Eu não sei. O Fabrício não disse, só disse que ela está na UTI.

-Eu mato esse cara! - disse Wendell nervoso dando um soco na mesa.

-A gente precisa ir ao hospital Santa Maria agora. Não quero perder mais nenhum segundo. Minha filha precisa de mim- disse Almira fazendo menção de sair pela porta.

César pegou a chave do carro, mas como ele estava visivelmente abalado, Wendell se ofereceu para que todos fossem no carro dele. Proposta que Almira e César concordaram imediatamente.

Enquanto dirigia, Wendell tentava controlar a raiva e o ódio que estava sentindo, mas era quase que impossível. A única coisa que passava pela sua cabeça era acabar com Fabrício. Sentia vontade de encontrar com o sujeito e dizer tudo que estava entalado em sua garganta. No fundo, desejava acabar com a vida dele.

César ia sentado no banco do passageiro segurando as lágrimas e Almira estava no banco de trás segurando um terço e, de vez em quando, rezava alto uma ave-maria.

O trânsito estava lento, pois havia um acidente na pista e o trajeto demorou mais do que o esperado. Depois de cinquenta longos minutos, eles chegaram ao hospital.

Wendell estacionou o carro, desceu do veículo e não pôde conter sua fúria, andou mais depressa e deixou Almira e César para trás.

Assim que entrou na recepção, deu de cara com Fabrício encostado na porta. O sangue ferveu e ele, sem pensar duas vezes, deu um soco no na face do rival. O nariz de Fabricio começou, imediatamente, a sangrar e ele quis revidar, mas, a recepcionista, rapidamente, gritou chamando os seguranças, que vieram correndo e seguraram os dois.

-O que você fez com ela? - berrava Wendell se debatendo nos braços de um dos seguranças.

-Ela é minha! Só minha! E eu não fiz nada! Eu amo a Maraisa e ela me ama! - respondeu Fabrício limpando o sangue na manga de sua camisa branca.

César e Almira entraram e se depararam com Wendell e Fabrício sendo contidos pelos seguranças.

-Não vai adiantar nada vocês dois brigarem. O que importa, agora, é a saúde da Maraisa. Parem com isso! - esbravejou Almira.

Wendell pediu para que o segurança o soltasse, dizendo que estava tudo bem.

Como Fabrício estava sangrando bastante, uma enfermeira levou-o para que tentassem estancar o sangramento e fazer um raio x para detectar uma possível fratura no nariz.

Finalmente, os pais de Maraisa conseguiram conversar com a recepcionista, que os avisou que o médico já viria falar com eles.

Eles se sentaram e depois de dez minutos, o médico encontrou com os três e os conduziu até uma sala. Assim que entraram, ele pediu para que eles se sentassem e contou o motivo da internação da paciente.

-Como assim, o senhor está dizendo que a Maraisa tomou um monte de remédio? - questionou Almira.

-Ela ingeriu uma grande quantidade de ansiolíticos. Fizemos uma lavagem estomacal, mas ela permanece em coma. Chamei vocês aqui porque não sabemos como ela irá evoluir.

-O que podemos esperar, doutor? -questionou Wendell.

-Difícil dizer, cada caso é um caso. Vai depender do organismo dela, mas ela pode acordar sem sequelas ou pode acordar com várias sequelas e...-ele fez uma pausa- pode ser que ela não acorde.

Almira começou a passar mal e precisou ser amparada por César.

A fisionomia de Wendell estava triste e sombria.

-Essas primeiras quarenta e oito horas serão decisivas. Vamos torcer para que ela evolua bem e acorde sem nenhuma sequela. Ela está sendo bem cuidada. Vamos esperar por boas notícias -disse o médico levantando-se.

-Eu não posso vê-la? -questionou Almira.

-As visitas na UTI já terminaram hoje, mas amanhã cedo deixo um de vocês entrar para dar uma olhada nela- disse o médico já saindo da sala e deixando-os sozinhos.

-Não seria melhor transferir a Maraisa para um hospital particular? - questionou César.

-Acho um pouco arriscado no momento, já que ela está na UTI, provavelmente está ligada a vários aparelhos. Não acho muito prudente - disse Wendell mostrando desânimo.

-Quarenta e oito horas... não sei se aguento esperar sem poder ajudar minha menina - disse Almira chorando.

-Vocês precisam avisar a Maiara.... - lembrou-os Wendell.

-Não sei como ela vai reagir - disse César preocupado.

De repente, o celular de Almira tocou e ela atendeu:
-Oi, filha! - falou ela tentando disfarçar a voz.

-Mãe, escuta, eu não tô passando muito bem. Estou nervosa e angustiada. Não sei. Tentei ligar para a Maraisa e ela não atendeu. Parece que sinto que vai acontecer alguma coisa com ela. Você sabe onde ela está?

Almira começou a chorar e César tirou o celular da mão dela.

-Mãe, tá tudo bem? - questionava a ruiva preocupada.

-Oi, meu amor, é o pai.

-Pai, vocês podem me dizer o que está acontecendo? Eu não sou criança. Conta logo o que foi.

-É a sua irmã, meu anjo.

-O que que aconteceu com a Maraisa?

-Não é nada de mais- disse César tentando acalmá-la.

-Pai, fala logo!! O que foi?

-Vem aqui para o hospital Santa Maria encontrar com a gente e você já fala com ela - mentiu César.

-No hospital! Maraisa está no hospital??

-Calma, meu amor! Vem pra cá e a gente conversa. O pai está te esperando, tá?

Maiara desligou o celular sem se despedir do pai. Chamou Paulinha e pediu para que ela a levasse correndo até o hospital onde estava sua gêmea. Seu coração dizia que algo muito grave estava acontecendo.

Paulinha tirou o carro da garagem, Maiara entrou e começou a chorar.

-Calma, irmã. Não deve ser nada grave- disse Paulinha tentando contornar a situação.

-Minha irmã não está bem e eu sinto. Preciso chegar logo no hospital -respondeu a ruiva com a mão no coração.



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