Autossabotagem

323 36 47
                                    

Maraisa acordou cedo no dia seguinte. Seu pai e sua mãe ainda dormiam. Saiu sozinha, pegou seu cavalo e foi dar uma volta pela fazenda. Ela desejava pegar o cavalo, cavalgar sem rumo e não ter mais como voltar.

Fazia mais de uma hora que Maraisa saíra. Almira e César já estavam acordados e preocupados com a filha.
César foi até o estábulo e voltou para avisar:
-Ela saiu a cavalo.

-Mas por tanto tempo?-questionou Almira.

-Deixa...talvez seja bom para ela. Assim ela ocupa a cabeça. Ela gosta tanto desse contato com a natureza.

O celular de Almira tocou e era Maiara:
-Mãe, cadê a Maraisa? Passei da casa dela e o Fabrício me disse que ela sumiu! Cadê ela, mãe?

-Calma, amor. Sua irmã está aqui na fazenda. Seu pai e eu estamos com ela.

-Deixa eu falar com ela, mãe.

-Ela foi andar a cavalo.

-Vou pedir para Paulinha me levar até aí.

-Tá bom, princesa.

O tempo foi passando e nada da morena aparecer. Enquanto esperavam, Almira ligou para um psiquiatra e marcou um horário naquele dia para a filha.

Maiara chegou acompanhada de Paulinha e Maraisa ainda não havia voltado.
-Pai, vai atrás dela-disse a ruiva preocupada.

César fez menção de pegar as chaves do carro, mas Maraisa apontou lá no horizonte com seu cavalo.

Chegou perto da casa, desceu do cavalo e foi entrando.

-Maraisa do céu, onde você tava? -perguntou a ruiva.

-Eu saí para andar a cavalo e não me dei conta da hora.

-Meu amor, nós estávamos preocupados com você-disse Almira dando um beijo na testa dela.

-Não precisa se preocupar, mãe.

-Filha, sua mãe marcou médico para você hoje.

Maraisa revirou os olhos.

-Minha princesa, você não pode continuar assim. Faz um mês que você não come direito, não dorme. Nós vamos cuidar de você e fazer o que tem que ser feito.

Maraisa apenas assentiu com a cabeça e entrou.

Almira foi ajudar a cozinheira terminar o almoço, César saiu, pois tinha um compromisso e Maiara seguiu sua gêmea.

Maraisa já estava deitada, quando a ruiva entrou:
-Irmã, você foi embora sem falar com o Fabrício?

-Sim.

-Ele não estava em casa?

-Não.

-Você não vai contar pra ele onde está?

-Não. Não quero que ele venha me procurar.

-Então acabou tudo entre vocês?

-Maiara, acabou no dia que meu filho morreu. Eu só estava tentando levar uma coisa pra frente que já não tinha mais nenhum futuro.

-Você trouxe suas coisas?

-Só o essencial. Quando eu estiver preparada, volto para buscar o resto. Ficar naquele lugar estava me torturando. Para todo lado que eu olhava tinha uma lembrança do meu bebê.

-Eu sei, irmã. Eu apoio sua decisão.

-Obrigada, Maiara.

As duas se abraçaram. Almira chegou na porta do quarto:
-Almoço, meninas.

Depois da Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora