De Volta ao Presente

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Amiga leitora, você que está acompanhando essa história desde o início sabe o que aconteceu com a Maraisa durante a sua ida até a sua antiga casa: ela não teve forças para continuar, ainda mais depois de ter encontrado um dos ursinhos de pelúcia do seu bebê. Você sabe, também, que ela voltou muito mal e teve um sonho. Voltemos para aquele momento em que Maiara estava abraçada com sua metade.

Maraisa chorava muito e Maiara não conseguiu segurar as lágrimas. Almira também chorava no corredor.
Maiara começou a alisar os cabelos da irmã:
-O que aconteceu, meu anjo? Conta pra Balala- a ruiva dizia limpando as lágrimas da irmã e disfarçando as suas.

Maraisa aconchegou a cabeça no peito da irmã e Maiara a acolheu em um terno abraço.
Aos poucos, a morena foi se acalmando.

Maiara tentou mais uma vez:
-Não quer me falar o que aconteceu?

Maraisa negou com a cabeça.

-Quer contar para a mãe?-questionou a ruiva.

Mais uma vez, Maraisa sacudiu a cabeça em sinal negativo.

Havia um buraco enorme dentro dela. Sentia que todos os avanços que tivera, até aquele momento, não serviram para nada. Estava ali, mais uma vez, com uma dor incontrolável e uma angústia mortal. Seu desejo era acabar de vez com tudo. Não queria mais viver.

-Tem algo que a Balala possa fazer por você? -perguntou a ruiva carinhosamente.

-Dorme comigo essa noite...

-Claro que sim, metade. Só vou tomar um banho, tirar essa maquiagem e já venho ficar com você- respondeu Maiara.

Maiara saiu para tomar um banho e Almira assumiu o lugar da filha.
Sentou-se na cama ao lado da filha mais velha:
-Quer o colo da mãe?

Maraisa nem esperou a mãe terminar a pergunta e aconchegou-se nos braços da sua mãe:
-Mãe, você acha que essa dor vai passar?

-Claro que vai, meu amor. Um dia, você vai conseguir se lembrar do seu filho sem sentir dor, vai ser uma lembrança carinhosa. Você vai conseguir refazer sua vida. Deus está cuidando de você.

-Por que eu não consigo acreditar nisso, mãe?-perguntou ela recomeçando o choro.

-Porque ainda é muito recente, mas Deus vai te ajudar e nós também estamos aqui com você.

Maraisa suspirou fundo:
-A casa, mãe...

-O que tem, princesa?

-Está igual eu deixei...e tinha um ursinho, mãe... um ursinho dele lá. Eu não vi e tropecei nele... parece até que alguém deixou de propósito- dizia ela esfregando freneticamente as mãos em sinal de desespero.

-Calma, meu anjo... calma. Ninguém sabia que você iria até lá hoje. Não pode ter sido de propósito. Vai ver caiu ali e ninguém percebeu.

-Só pode ser coisa do Fabrício.

-Não vamos falar nisso, tá bom, minha princesa? Não faz bem para você. Lembre-se de que sua terapeuta disse para você ficar perto de pessoas que te deixam bem.

-Sim...

Nesse momento, Maiara voltou para o quarto usando um pijama da irmã:
-Oi, Malaisa, tô pronta pra dormir com você- disse a ruiva dando um beijo na bochecha da morena.

Maraisa retribuiu o beijo.

-Irmã, quer conversar?

-Amanhã a gente conversa, Maiara.

Maraisa virou-se de lado e pegou a mão da irmã. Maiara adormeceu logo e Maraisa dormiu um sono leve e acordou várias vezes durante a noite. Todas as vezes que acordava, buscava a mão da irmã.

Quando Maraisa acordou pela manhã, a ruiva já estava acordada sentada na cama:
-Bom dia, dorminhoca! Dormiu bem? - Maiara deu um beijo na irmã.

-Não muito...

-Irmã, sabe o que eu estava pensando? Você poderia sair um pouco da fazenda. Ver gente. Fazer alguma coisa diferente- disse Maiara.

-É, ontem eu tentei fazer isso e olha no que deu!

-Mas é diferente! Você voltou a um lugar que te traz muitas lembranças dolorosas. Eu digo sair desse ambiente. Vamos fazer uma viagem juntas? Eu peço uns dias de folga.

-Não sei, Maiara...

-Vamos, por favor. A gente chama a Marília, vê se ela pode tirar uns dias. A gente não demora. Vai ser rapidinho. Só para você mudar de ares, quem sabe não te ajudaria? Conversa com sua terapeuta e pergunta o que ela acha- falava a ruiva toda entusiasmada com a possível viagem.

-Irmã, não quero ser estraga prazer, mas eu não sei se quero viajar...Na verdade, não tenho vontade de fazer nada, você sabe.

-Ah, Maraisa, por favor! Promete que vai pensar-disse Maiara fazendo bico.

Maraisa não respondeu.

-Hein, Maraisa?!

-Tá bom, Maiara. Prometo que vou pensar.

-Ai, vou até mandar mensagem pra Lila.
A ruiva pegou o celular antes que a morena pudesse falar qualquer coisa e digitou:

Lila, topa tirar uns dias de folga para viajarmos juntas? Você, eu e a Maraisa?

Não deu nem dois minutos e Marília fez uma chamada de vídeo para Maiara:
-Oi, bom dia pra você também, viu, Maiara? Que história é essa de viagem, nanica? Cê não trabalha mais, não?

-Ô, Malília, vamos tentar tirar uns dias para viajarmos só nós três. Quem sabe a Maraisa melhora um pouco. Foi uma ideia que eu tive para ajudar minha irmã.

-Tenho que ver minha agenda e tem o Léo também, né?

-Vamô, Malília! A Ruth cuida do Léo-insistia a ruiva.

-A Maraisa concordou com isso? -perguntou a loira.

-Ela vai pensar, não é, irmã? - disse a ruiva apontando a câmera para o rosto da irmã.

-Oi, Maraisa, como você tá? -perguntou a loira.

-Amiga, não tô bem. Ontem eu fui até a casa que morava com o Fabrício. Foi uma tortura...

-Poxa, amiga, por que não me chamou pra ir com você?

-Eu queria fazer isso sozinha, Marília, e, também, não queria incomodar ninguém.

-Êh, Maraisa teimosa! - falou a loira em tom de reprovação.

-Eu acabei encontrando um ursinho lá...

-Como assim?

-Tinha um urso do meu filho lá bem no meio do corredor e...-ela começou a chorar.

-Calma, Maraisa...-disse Maiara abraçando a irmã.

-Depois eu te ligo, Marília.
Beijo- disse a ruiva desligando o celular.

-Maiara, não precisava ter desligado. A Marília é da família- repreendeu a morena ainda chorando.

-Desculpa, irmã. Só quis te dar atenção.

-A viagem...eu acho que vou com vocês. Pode ser que me ajude mesmo-disse Maraisa limpando as lágrimas.

Maiara deu um selinho na irmã:
-Vou ajeitar tudo no escritório e combinar com a Lila.

Depois da Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora