Um Passado Ainda Presente

☆ Capitulo 23.1 ☆

Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.

Lucas 8:17

18 anos atrás.
(Narração da Ellie com 10 anos)
Pensilvânia...

Desde de que me entendo por gente, sempre foi só eu e a minha mãe nesse mundo.
Diante de todo conhecimento que eu tenho dela, Amy sempre foi uma pessoa solitária, sua mãe morreu no parto e seu pai morreu de uma doença quando ela tinha 17 anos. Depois daí, ela teve que se virar para sobreviver sozinha.

Não sei se foi algo bom ou ruim, acredito que mais para ruim ela ter engravidado de mim aos 22 anos, além de me criar sozinha de uma maneira muita rígida e fria.
Sempre penso que ela sempre desejou que eu nunca tivesse nascido, devo ser um fardo para ela, porque passamos por muitas dificuldades no decorrer dos anos.
Claro, muito provavelmente eu devo lembrar o meu suposto pai, cujo desconheço a existência.

Não sei o que houve entre eles, juro que sempre quis perguntar, não era fácil para mim ver meus coleguinhas de escola todos com uma família estruturada e feliz.
Apesar de tudo, minha inocência de criança sempre me permitiu desejar que um dia nós três podíamos voltar a ficarmos juntos.
Sempre imaginei como ele seria, sua aparência, sua altura, seus olhos e as vezes desenhava no meu caderninho pensando nessas imagens.

Só que ao mesmo tempo, com o passar dos anos, algo me dizia que ele deve ter feito muito mal a mim e a minha mãe e por isso estávamos longe dele porque ele  podia ser um ser humano mal, então não deveria perguntar nada para ela sobre ele.
Nossa convivência já não era lá essas coisas, imagina tocando nesse assunto.

No entanto, despois que ela conheceu aquele amigo dela o Mark, o nosso relacionamento tem melhorado pouco a pouco e não sei o que ele faz ou fala para isso acontecer.
Já vi algumas vezes ele falando sobre algo religioso, que Deus sempre esteve com ela algo assim.

Além disso, acho que ele gosta da mamãe, sempre faz tudo por ela e por nós.
Fora que, sempre percebo ele olhando para ela com tanta ternura.
Meu Deus, é pedir demais que eles dois se casem e ele possa ser meu papai?
Adoraria ver minha mãezinha sendo feliz e amada como ela sempre mereceu.

Enfim, hoje ele veio visitar a gente e agora está conversando com ela. Acidentalmente quando eu ia buscar alguma coisa para comer na cozinha acabo parando no meio da escada por ouvir eles falarem meu nome.

— Como está a Elizabeth?. — Mark pergunta por mim.

— Ela está bem. Está no quarto estudando, como deve ser. — Ela fala com uma certa frieza.

— Amy, eu sei que eu não sou ninguém para me meter na vida de vocês duas, mas você reconsiderou o que eu disse na última vez? Pegar um poquinho mais leve com ela? Elizabeth é apenas uma criança.

— Ah, Mark. — Minha mãe respira profudamente. — É...eu poderia sim.. e realmente eu queria que nosso relacionamento fosse diferente. O problema não é com ela e sim comigo sabe, por mais que eu ame a minha filha com toda minha alma, eu não consigo mais demonstrar amor por ninguém. Por isso, eu acho que sou tão fria e dura com ela na maioria das vezes.

— Sei... tudo é isso é por causa do pai dela né? — Mark faz uma pergunta estranha.

— Sim, o que ele me fez comigo foi imperdoável. — Diz com um olhar de muita mágoa. — Sabe, por mais que a Ellie tente esconder de mim, eu sei que ela tem vontade de saber quem é seu pai. Semana passada, ela começou a vasculhar novamente as minhas coisas e o meu sótão e tive que trancar tudo por causa disso. Eu sei que isso é egoísta e idiota, mas eu temo que se ficarmos mais próximas ela acabe tendo confiança para perguntar sobre ele. Eu tenho medo que ela acabe sofrendo com a dura realidade que eu possa contar para ela.