CAPÍTULO 04

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SAM


      Depois que desci para o térreo novamente, ainda estava praticamente saltitando de alegria. Tinha certeza que havia visto uma máquina de café por trás do balcão da recepção, mas um homem alto e com cabelo castanho claro barra a minha passagem.

      — Ele não gosta do café daqui. Do outro lado da rua tem uma cafeteria. — Explica ele, tirando um cartão de crédito do bolso e o entregando para mim.

      — Certo. — digo, pegando cartão e me perguntando como raios ele sabia que eu ia pegar o café e como eu já havia sido contratado. Talvez senhor Théo já tenha feito uma ligação avisando.

      Enfio o cartão no bolso e começo a andar em direção as portas duplas da saída, desviando de algumas pessoas que andam para lá e para cá. As empresas Caccini são responsáveis pela produção de diversas peças de carros de luxo e aviões, então algumas dessas pessoas devem ser empresários e executivos, me fazendo ficar ainda mais nervoso.

      Assim que coloco os pés fora do prédio, o calor infernal da Califórnia me envolve, fazendo-me começar a suar quase que instantaneamente. O letreiro enorme da cafeteria é a primeira coisa que vejo quando olho para a frente, mas preciso esperar um bom momento para atravessar, caso não queira ser esmagado por um dos inúmeros carros que passam na rua.

     O cheiro de pães frescos entram pelas minhas narinas assim que entro na cafeteria pequena e aconchegante.

     — Oi! Boa tarde. — um cara Negro e bonito mais ou menos da minha idade que está atrás do balcão diz, me dando um sorriso gentil.

     — Oii, boa tarde. Eu queria um café desnatado, sem açúcar. — caminho até lá, contornando uma mesinha e grato por aqui ter ar-condicionado.

     — Certo. Com chantilly? Canela? — o moço pergunta, enquanto começa a preparar o café de forma ágil.

     — Hum... Acho que não. — digo. Senhor Theodoro não me deu nenhuma outra instrução, então acho que deve sem essas coisas mesmo.

      Fico um pouco nervoso na hora de pagar. Porque o cara não me deu nenhuma senha ou algo do tipo, mas o moço efetua o pagamento sem nenhum problema, indicando que não há senha no cartão.

     — Obrigado. — Agradeço-o, antes de pegar o café e sair da cafeteria em passos rápidos.

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     Estou com medo do café já ter esfriado durante o tempo que levei para retornar ao escritório e eu leve um esporro, justamente no meu primeiro dia aqui, então apresso o passo e abro a imensa porta de vidro.

     — Senhor? Trouxe seu café. — Encontro-o sentado quase na mesma posição que estava antes de sair. Ele está analisando alguns papéis, mas assim que minha voz ecoa pela sala, ele ergue o rosto e me encara.

      Ainda não consigo sustentar o olhar, então foco em qualquer outra coisa, sentindo as minhas bochechas arderem. Ele é assustador, e é como se conseguisse ler a minha alma com aquele olhar duro.

     — Ótimo. — Senhor Théo diz, acenando com a cabeça para que eu me aproxime. Engulo em seco e começo a caminhar até lá, contornando a mesa, enquanto ele vira a cadeira giratória na minha direção.

     — Desnatado e sem açúcar, como o senhor ped... — O meu pé encontra a melhor hora possível para enganchar na perna maldita mesa, me fazendo parar no meio da frase e cair de joelhos em frente ao meu chefe.

      Observo completamente horrorizado enquanto o copo voa em câmera lenta e... Aterrissa diretamente no terno caro do homem sentado na cadeira.

     — O-oh meu D-Deus... — Gaguejo, sentindo um calafrio subir pela minha espinha. O café escorre pelo tecido caro, manchando a camisa branca por baixo do terno de marrom. Senhor Theodoro apenas levanta uma das sobrancelhas arqueadas e alterna o olhar entre o meu rosto e o estrago que fiz na sua roupa.

     — E-eu sinto m-muito senhor! — lanço-me sobre ele e tento limpar as gotas que continuam escorrendo livremente com a manhã da minha própria camisa. Os músculos das suas pernas se retesam assim que chego até ele e esfrego a manga da camisa na sua barriga, que parece ser feita de aço.

     Porra! Eu sou um desastre ambulante!! Vou ser demitido no meu primeiro dia... aí meu Deus...

     — Tudo bem, Santiago. Não estava quente. — Ele agarra os meus pulsos e me faz parar de tentar inutilmente limpa-lo. Ainda estou de joelhos, com os cotovelos apoiado nas suas coxas grossas. Olha-lo assim de baixo para cima me faz engolir em seco.

     — M-me desculpe senhor. Eu posso p-pagar o seu terno. — digo, completamente desesperado. Não posso perder esse emprego depois de séculos, nem que tenha que tirar dinheiro do rabo pra pagar esse terno, ou pior: pedir a minha mãe.

     — Todo bem. Acidentes acontecem, Santiago. — ele aperta o meu braço num movimento involuntário, que não é o suficiente para me machucar, mas para me deixar um pouco apreensivo, sim. Sinto-o esfregar o polegar um pouco áspero no meu pulso, me fazendo engolir em seco, sentindo calor emanar dele.

     — P-prometo que não vai acontecer de novo! — exclamo. Ele me encara por alguns instantes, para então largar os meus braços e se afastar um pouco, desviando o olhar.

     — Está tudo bem, não precisa se preocupar com isso. Vou chamar alguém para te mostrar o resto do prédio. — ele explica, retirando o celular do bolso e mandando mensagem para alguém rapidamente.

     Eu levanto do chão e dou um passo para trás, sentindo os meus dedos tremerem. Isso significa que eu não ser demitido, certo??

     Depois de uns dois minutos, o mesmo cara musculoso do cabelo castanho surge, entrando no escritório em passos largos.

     — Santiago, esse é o Alberth. Ele é meu segurança pessoal, e vai te mostrar o prédio. — meu chefe explica, enquanto o cara me dá um pequeno aceno. Ele deve ter mais ou menos a mesma idade de Theodoro.

     Alberth levanta uma das sobrancelhas ao observar os estado da roupa do seu chefe. Os cantos da sua boca sobem um pouco, como se ele estivesse segurando uma risada, me fazendo querer desaparecer da face da terra.

     — Venha. Vou te mostrar as principais salas. — Ele diz, indicando com a cabeça para que eu o siga.

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