Julia

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- Oi, uma vodca com soda. – Eu peço ao alcançar o bar.

- Mais alguma coisa? – Pergunta a bargirl.

- Não. – Talvez pedir um whisky puro pra aguentar essa noite seria uma boa.

Observo tudo e todos e até chega ser interessante. As músicas são extremamente convidativas para o sexo...

- Aqui está. – Ela me entrega o drink.

- Obrigada.

Olha a que ponto cheguei, em uma casa de Swing sem um parceiro. Pensando nisso, aqui deve ter lugares reservados só para casais.

"Não Julia, sua amiga está sozinha."

Minha consciência orienta, mas em um lugar como este, solidão é algo que não perambula o recinto. Não custa nada só dar uma olhadinha.

Enquanto caminho, vejo que alguns pontos da casa são bem excêntricos, para não dizer explícito. Passo por um corredor extenso e me deparo com um quarto, onde as paredes são de vidro e logo percebo o real intuito. Quem passar por ali terá uma visão ampla e privilegiada do que acontece dentro do quarto. Parece até uma vitrine de demonstração da última coleção de outono-inverno, só que neste caso o que está sendo "vendido" é o sexo.

Rio da minha piada de mau gosto. Eu me sinto estranhamente curiosa e necessitada de espionar o que se passa naquela vitrine.

Os manequins – casal –, se exibem descaradamente ali pra quem quiser ver, neste caso, para mim.

Eles fazem do sexo, meio bruto e selvagem.

Eu observo o jeito que o homem instiga o ritmo, o movimento quando sua acompanhante está de quatro. É de enlouquecer, o jeito como ele morde os lábios quando mete – uma forma esdrúxula de pensar – cada vez mais fundo nela, a fazendo gemer cada vez mais alto. É a coisa mais intensa que eu já vi e com certeza um sexo que eu nunca fiz na minha vida.

Por alguma razão ele levanta sua cabeça e me encara e, surpreendentemente eu não faço questão de desviar o olhar. Ele começa a dar estocadas cada vez mais violentas e precisas.

E eu fico ali, parada vendo-o enfiar com tamanha força dentro dela, que chego a salivar, sem saber como disfarçar a excitação. Seu olhar fica cada vez mais sombrio, de possessão. Seu queixo fica rígido.

Ele faz tudo isso me encarando, como se quisesse que eu sinta o mesmo que a sua companheira. Punindo a nós duas. Seu cabelo está bagunçado do sexo, mas é um bagunçado tão sexy que me dá vontade de puxá-los fazendo com que sua cabeça incline para trás.

"Nossa, esse homem está me deixando..." – penso, apenas desejando que ele faça aquilo comigo, daquele jeito ou quem sabe até pior.

E como se ele lesse minha mente, em um gesto rápido levanta sua mão e castiga a bunda de sua companheira, meu corpo se arrepia com o choque, é possível ouvir o barulho da palmada nas nádegas. Já ela em resposta geme alto e contrai o rosto de dor e prazer. Automaticamente minhas pernas ficam moles e eu sinto aquela sensação passear por todo o meu corpo.

E eu o encaro de volta. Pergunto-me porque ele faz isso, toda essa cena, está tentando matá-la de prazer, ou a mim de inveja?

A minha loucura é tanta ao estar naquela posição de apenas observadora, que a vontade do meu corpo é ir lá dentro para que ele possa me foder da forma mais rigorosa e deliciosa possível. De repente ouço seu gemido duro e ruidoso de macho dominante e, quando goza, a mulher o acompanha gritando atordoada pelo prazer.

"Deve ser uma delícia sentir a porra dele te preenchendo por completa." Eu penso no auge da minha loucura.

Assustada com meu próprio pensamento, acabo deixando o copo que estava em minha mão cair.

O estardalhaço faz com que eu volte para a realidade. Saio dali o mais rápido possível, mas antes de ir vejo seu sorriso cheio de ironia com o meu desastre. E assim eu saio, sentindo-me frustrada por apenas assistir, pensando naqueles movimentos lentos, sórdidos e maldosos em mim.

Estou completamente molhada e com uma vontade louca de transar... Com ele.

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora