Manuela

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Assim que saio da portaria o avisto. 

Abro um largo sorriso, deveria me acostumar com essa visão todas vezes que nos encontramos, mas é impossível.

- Olá. 

- Oi Anjo. – seu perfume é inebriante. Ao ponto de me aquecer e derreter inteira.

- Qual a aventura de hoje?

- Nenhum esporte ou lugar radical. – ele sorri.

- Nada de campo?

- Nem cachoeiras.

"Ah"

Como avalanche, me lembro do dia que o conheci, literalmente, na cachoeira. Lugar incrível. Um dia que jamais esquecerei e também um lembrete para não cometer mais loucuras com estranhos.

- Então será um simples passeio pela avenida? – Parece até um passeio bobo, mas a Paulista é muito atrativa. Principalmente a noite.

- Seus palpites estão bem frios. Hoje vamos comer na minha casa.

- Programa comum de namorados... Acho que estamos evoluindo?

- Quase isso. – Hoje ele está um homem de poucas e sinuosas palavras.

- E o que você preparou hoje?

- Você vai ver...

***

Assim que passo pela porta Noah a fecha, ele dá uns três passos e faz com que eu encoste na porta. Seus braços se erguem e ficam acima dos meus ombros enquanto seus olhos analisam todo o meu corpo.

- Eu quero que você vá até o meio da sala e tire sua roupa.

Suas palavras de comando saem como um sussurro, ao mesmo tempo que é sutil elas fazem os pelos do meu corpo se eriçarem com a ordem.

- Mas... 

- Shi. – rispidamente, sua desaprovação me faz calar. – Quero você só de calcinha e sutiã.

Os olhos hazel dele vibram ao saber que mesmo sem o seu toque, meu corpo transcende com sua dominação.

Ele abaixa um dos braços para que eu passe e faça o que me pediu. 

Caminho até o meio da sala como ordenado e sinto seus olhos acompanharem meus passos. Por alguma razão ele me acompanha. Sua presença forte exala e me encolho, ele me encara durante um tempo e meu olhar não o confronta. Inesperadamente ele bate em minha bunda com a própria mão, mas mesmo assim não ergo os olhos.

- Manuela, acho que você se esqueceu de algo. – Aos poucos subo meus olhos até encarar o caleidoscópio que são os seus. – Estou esperando.

- Sim, senhor.

- Muito bem.

Ele sai, não sei o que me aguarda, não sei o que ele fará comigo. Mas faço o que tinha me pedido e tiro a roupa.

Por estarmos em um apartamento, tudo que fazemos leva uma certa agilidade, afinal, não estamos em um local "apropriado" para a pratica. Então os objetos ficam fáceis de encontrar e montar.

Ele traz algo muito diferente em cima dos ombros, parece um banquinho de madeira triangular. Logo percebo que não se trata de um banquinho, vejo que tem fechaduras nas laterais. Noah posiciona o tal "banquinho" em cima do tapete fofo.

- Azul?

- Sim, senhor.

- Cor do céu, muito sugestivo. - Olho para os lados, agradeço? Interrogo para saber se há algum problema? Ou fico calada? – Já imaginava que hoje eu ia te dominar?

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora