Julia

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- É impossível de acreditar que você era hippie. – Ele diz incrédulo. – Uma mulher de bom gosto... 

- Acredite ou não eu era e adorava ser. – Provavelmente eu esteja com o sorriso mais idiotia nos lábios por lembrar dos tempos malucos e mais filosóficos da minha vida.

- Isso explicaria sua amizade ou rolo, o que quer que seja, com aquele maluco beleza. 

- Não explica nada. Até porque tenho uma relação íntima com o Cris, coisa que eu nunca tive com ninguém. – sei que dizer isso o afetou. – E quando digo íntima, é no sentindo que nos conhecemos tão bem, ao ponto de nos respeitarmos e convivermos bem. E não, não é por seu estilo de vida.

- Bom, de vida hippie à advogada, é uma coisa bem Improvável de acontecer. É como se o papa Francisco quisesse pular de paraquedas. Impossível. O que fez você mudar assim, bruscamente? – Ele ri do seu péssimo exemplo, referenciando-se ao papa.

- Ao ver e sempre debater com alguns amigos questões políticas, ambientais, socioeconômicas, até injustiças do dia a dia. Me vi Intrigada pela forma como é subsidiada por alguma patente política, todo o funcionamento de um país. Então resolvi estudar mais e cá estou eu, apaixonada pelo direito.

- Mas para ajudar os injustiçados bastava abrir uma ONG, não ingressar nessa carreira. Nós cobramos pelo serviço prestado.

- Bom, não sei se é de seu conhecimento, mas até para se estruturar uma ONG ou qualquer coisa do tipo é necessário um conhecimento mesmo que básico, sobre nossas leis. Saber nossos direitos e deveres. E amo defender quem é injustiçado, mesmo que eu não receba um puto por isto.

Rebato.

- O espírito hippie não morreu! - Ele satiriza rindo.

- Pode rir, não ligo, seu besta. - Se não fosse antiético jogaria esse pãozinho na cara dele. Mas me contento com a agressão verbal.

- Brincadeira Julia, acho muito bacana da sua parte querer fazer a diferença, mesmo que não surja um efeito tão grande. É como dizem, uma andorinha só não faz verão.

- Sei disso, mas estou fazendo minha parte, querendo contribuir para algo bom. Falando em boas atitudes, você tem sido elogiado aos montes.

- Tento fazer o meu melhor.

- Tem progredido demais. Dr. Carlos vem elogiando a sua atenção com os casos, a forma como vem conduzindo o trabalho até mesmo com a sua funcionária.

- Obrigado, vou agradecer à ele pessoalmente.

- Creio que a Raquel está adorando trabalhar com você. Até mesmo se relacionar...

- Não estamos tendo nada.

- Para com isso. Mudar sua atitude para um bom convívio é uma coisa. Agora parar de ser mulherengo é outra.

- Quem disse que sou mulherengo?

- Eu e toda São Paulo. Aliás, não sei como ainda minhas amigas não se esbarraram com você.

- Bom nunca tive oportunidade, se quiser me apresentar. – Enzo esbanja um sorriso galanteador, típico de vilão.

- Não disse? Mulherengo – O acuso.

- Não, calma. Estou brincando. Mas não tenho saído com ninguém, tenho tanto processo para analisar, autos para montar. Então "relacionamento" é a última coisa que penso, na verdade eu tenho até uma opção.

- Que está disponível.

- Sério?

- Acho que sim, a Raquel não é solteira?

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora