- Vamos? - Ele pergunta agarrando-me por trás e enrosco-me em seus braços.
- Vamos. Mas antes tenho que dar um tchauzinho pra Dani.
- Claro.
Andamos pelo jardim mais à frente e não os vejo mais. Talvez eles estejam lá dentro. Entramos no galpão e nem sinal dos dois.
- Olha ali o Gustavo. – Cris o avista.
- Cadê a Dani? - Eu pergunto ao me aproximar do Gustavo, que estava sentado em um puff tomando champanhe.
- Ela disse que tinha que ver algumas coisas.
- Acho difícil você encontrá-la. – Cris me alerta.
- Também acho Julia. – Gustavo concorda, despreocupado.
- Então diga à ela que eu adorei o evento e que mandei um tchau. - Dou de ombros, queria felicitá-la pessoalmente.
- Direi. - E o Gustavo sorri.
- Até mais... - O Cris despede-se do Gustavo com um aperto de mão.
- Tchau Gustavo. - Dou-lhe um beijo no rosto.
Após sair do evento, entramos no fusca preto do Cris e somos embalados por Bob Marley, não poderia ser diferente.
- Esse cara é incrível. – O sorriso de canto se abre ao me encarar.
- Que música é essa?
- Buffalo Soldier. Gostou?
- Bem bacana. – Apesar da minha adolescência "positive vibes", hoje meu gosto e olhar são mais críticos e sérios, maduros diria.
- Vai me dizer que você surfa? - Ele ri.
- Não é para tanto. - Eu rio. - Mas você pode me ensinar. – Dou de ombros. Espero que ele não leve a sério.
- Ensinarei com maior prazer. – Ele ri e abaixa sua cabeça, talvez espantando alguma piada interna.
- Do que você está rindo? – Pergunto assim que o levanta, para voltar sua atenção na direção.
- Estou imaginando você com um biquíni bem pequenininho em cima da minha prancha.
- Talvez um dia, quem sabe? – Não lhe dou esperanças, é como imaginar o Dr. Carlos, um homem sério cantando Rap. Não tem lógica, assim como eu em cima de uma prancha.
- Eu vou esperar por isso. - Ele coloca sua mão direita em minha coxa e dá um leve aperto.
A trilha do Bob Marley faz com que eu esqueça a selva de pedra em que moramos, e apenas relaxe, esquecendo o desastre que seria essa aula de Surf.
- Ah eu adoro essa. Aumenta. - Seus olhos brilham ao meu entusiasmo e ao som de "Is this Love" começo a dançar de um lado para o outro no banco. Solto meus cabelos, e desço minhas mãos vagarosamente ao ritmo da música até meus seios. Já o Cris fica indeciso, meu show atrapalha sua concentração. Rio. - Ei. - Eu o desafio. Inclino-me para frente e desço o zíper do vestido. E para tornar mais envolvente, canto e ele me acompanha. Minhas mãos sobem e toco o teto do fusca, desço na mesma cadência da música e toco meus seios novamente citando o refrão "Yes, i know" juntamente com o Bob Marley. E para um bom entendedor, meia palavra basta, eu sei o que ele está sentindo, pois sinto também. E para minha surpresa, ele estaciona o fusca em um acostamento, e o encaro sabendo exatamente o motivo. Jogo meu cabelo para o lado, deixando-me mais sensual, ele já não suportando a insinuação agarra minha nuca e me beija. Arriscar de vez em quando é divertido e excitante. Quando finalmente seus lábios deixam os meus, abro os olhos ainda perdidos e finalmente encaro seus lindos olhos verdes com algumas sardas altamente sexy. - Acho que devemos sair da rua. - Digo ainda tentando encontrar palavras que descrevam aquela situação.
Claro que, foi estrategicamente pensando, rápido, mas foi. Nada que possa infringir a lei ou a mim mesma. Senti-me uma adolescente novamente.
- Minha casa ou a sua? - Ele pergunta descaradamente.
Sorrio de canto e respondo.
- Eu na minha casa e você na sua.
- Não faz isso comigo.
- Teremos mais oportunidades. - Minha mãe sempre me aconselhou, "Não se entregue de bandeja, dê aos poucos, deixo-os sedentos, querendo sempre mais". Receita melhor não há.
- Tudo bem. - Sinto o desaponto em sua voz.
Eu sinto também, mas hoje eu fui além dos meus princípios. Nunca transei logo de cara com um "desconhecido", nem trocamos uma sequer conversa antes, fora que ainda penso naquele cretino do Enzo. Pode parecer loucura, pensar coisas íntimas com o Cris das mais variadas formas e ainda sim lá no fundo o Enzo presente?
Sim, minha cabeça desenvolveu esta nova técnica.
Ele estaciona na entrada da minha casa e me encara. Dou um sorrisinho, um beijo bastaria para desmoralizar minhas palavras. Giro meu corpo para trás e pego minha bolsa de mão que estava no banco, quando volto seus olhos ainda estão sobre mim.
- Se você continuar, sua tentativa será sucedida.
- Essa é a intenção.
- Por favor, eu realmente preciso descansar. - Minha voz é um tom de piedade.
- Só se você me dar um beijo.
- Você está jogando sujo.
- Sempre. - Ele pisca seu olho direito.
Respiro fundo e dou o meu melhor, confesso que queria mais, mas eu o detenho. Ele abre os olhos com o olhar de "você venceu, tudo bem" e eu rio.
- Tchau. - Desço do carro. – Ah, adorei a companhia. - E agora sou eu que dou a piscadela.
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Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃO
RomancePLÁGIO É CRIME CONFORME A LEI DE Nº 9.610/98 Três amigas inseparáveis e completamente diferentes em suas personalidades se vêem juntas em um encontro inusitado e surpreendente: Manuela com seu jeito doce e espontâneo, buscando sempre algo que seja d...