Julia

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Sou totalmente e incondicionalmente dedicada a este trabalho, mas estou a ponto de enlouquecer, no qual qualquer coisa complicada que demande de tempo hábil e paciência já me deixa furiosa. Além de saber contornar as situações chatas e inconvenientes do Enzo. Agora ter que ler liminares do juiz e anotações do Dr. Carlos em casos em aberto para analisar após o expediente é demais. Esfregando as mãos em meu rosto, para despertá-lo do sono e cansaço meu interfone toca.

- Sim.

- Julia, tem um rapaz chamado Cris, posso liberar a entrada dele? 

- Que dia é hoje Sr. Antônio?

- Quinta-feira.

- Cacete... Ai desculpa Sr. Antônio, fala pra ele subir. – Esqueci, esqueci completamente.

Guardo todos os meus papéis, desligo o tablet e coloco um shorts larguinho, afinal estava de camisa e calcinha. A campainha toca.

- Oi. – Digo com a voz pesarosa pelo constante cansaço.

- Oi Ju. – Ele passa o dedão no meu queixo, depois do selinho casto. Vejo que ele está segurando algumas sacolas. Questiono.

- Hm... O que é isso?

- A surpresa que te falei, – Ele levanta as sacolas. – farei um jantar pra gente. – Deus foi bem generoso em sua criação, um homem lindo e com atributos que qualquer mulher invejaria. Nesse caso, eu. Até porque desastre exemplificado é Julia e cozinha.

- Mas qual é a surpresa?

- Tu disse que gosta de sushi. Vim fazer um bem especial pra ti.

- Acertou em cheio, estou morrendo de fome. Me desculpe, entre. – Ele entra já indo direto para a cozinha, já se sentindo familiarizado. – Cris, você se importa se eu for tomar um banho rapidinho?

- Imagina, mas tu vai me ajudar aqui né?

- Claro, no que você precisar, é que eu estava vendo alguns proc... – E percebo que não sou mais seu foco e sim os ingredientes. – Já volto, fica a vontade.

Tomo o banho mais rápido que já tomei na vida, com exceção do dia do evento da Dani, onde tive que tomar dois banhos em uma noite. Agora a questão é "me visto de forma apresentável ou uso uma roupa confortável?" afinal vamos ficar aqui, mas também não preciso parecer uma mendiga.

Saio do banheiro e corro para o meu quarto. Pego uma lingerie básica branca e uma saia jeans com uma camiseta em gola V laranja. Faço um rabo de cavalo, passo o blush, rímel e gloss. Pronta, confortável e nada de mendiga.

- Que guria cheirosa. – Ele diz quando apareço na cozinha.

Sorrio, esfrego uma mão na outra.

- O que você precisa?

- Você pode ver se o arroz já está pronto? Estou terminando de cortar o peixe.

- Claro. – Olho o arroz. – Deixa uns dois minutos e ele já vai ficar pronto.

- Perfeito, você vai fazer então o Shari.

- Olha... – Hesito. – Eu amo comida japonesa, mas como faço isso? – Ele ri, uma reação já esperada.

- Pega o vinagre que separei ali e coloca em uma tigelinha.

Faço o que ele manda.

- Hm...

- Agora coloca uma colher de açúcar e meia de sal.

- Hm...

- Mexe até dissolver o açúcar. Vou desligar o arroz. Assim que estiver dissolvido, você coloca o arroz em uma travessa.

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora