Julia

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Começo a tamborilar os dedos na mesa, meus olhos encaram a tela do notebook, mas não enxergam nada. Minha cabeça parece que vai explodir, fiquei semanas pensando na minha decisão sobre o que fazer a respeito da minha vida amorosa.

Algumas noites sai para jantar com o Enzo, – como trabalhamos juntos e nos aproximamos mais, as saídas se tornaram mais frequentes– mas em outras liguei para o Cris pra jogar conversa fora. Ele é tão certo de si e de suas ações. Confesso que faz um bom tempo que não saímos, devido ao seu trabalho e ao meu também.

Minha decisão foi toda baseada desde quando conheci o Enzo, na Pure, no mesmo dia que conheci o Cris.

Vendo que não consigo mais trabalhar, ou pelo menos fingir que estou trabalhando, ligo para o Cris, marcar para conversarmos pessoalmente. Dizer sobre a minha decisão, já tomada.

- Boa noite Guria.

- Boa noite Cris. Como vai?

- Ótimo e você?

- Bem, é... Queria conversa com você, pessoalmente.

- Hoje?

- Hoje. Precisa ser hoje. – digo incisiva.

- Tá, tem um barzinho lá perto da Pure, sabe qual?

- Sei sim. Que tem paredes grafitadas?

- Esse mesmo, pode ser às oito? Hoje entro uma hora mais cedo, às onze.

- Pode sim.

- Combinado.

- Até mais tarde, beijos. – desligo o telefone.

Bom, agora não tem mais como adiar ou tentar fingir que está tudo bem e sair com dois caras.

- Cinema hoje?

Sou surpreendida com o Enzo na porta da minha sala. Ele está lindo, com um terno vinho e o cabelo todo organizado com gel. Hoje não almoçamos juntos, pois preferir terminar de rever dois casos para o Dr. Carlos.

- Já tenho compromisso. – falo com pesar.

- Ah, tudo bem. Amanhã?

- Amanhã. – afirmo.

Ele sai e o vejo passar no corredor, parece até um modelo da revista GQ. Chique, lindo e rico.

***

- Quer pedir algum petisco? Cerveja? – Cris oferece.

Desde que chegamos, preferi manter um pouco de distância, por tanto resolvi sentar à sua frente. Ele como sempre educado, respeitou e não insistiu em um beijo ou algo a mais.

- Não. Quero só uma água.

Ele faz o pedido ao garçom. Já a minha barriga dá loopings de nervoso, minha mão está gelada e suada, minha cabeça tenta selecionar as palavras certas para essa conversa nada fácil, pelo menos para mim.

- Tá tudo bem?

- Na verdade não. – sou sincera. – Antes de mais nada quero pedir desculpas à você pelo inconveniente encontro no apartamento da Dani e da Manu.

- Não precisa.

- Mas eu quero. Talvez você ficou constrangido com a presença do Enzo...

- Mas eu não fiquei, na verdade nem tem o porquê.– ele me interrompe.

- Sei que sua opinião sobre o Enzo é de que ele não é um cara bacana.

- Só a minha?

- É... é – gaguejo. – Sua... e minha antiga opinião.

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora