Daniela

680 70 9
                                    

Eu caminho pelo jardim de mãos entrelaçadas com o Gustavo. Viro-me e o encaro.

- A noite está maravilhosa, né? 

- Como você.

- Que galanteador. Muito obrigada. - Faço um gesto em agradecimento como na era vitoriana. Ele envolve seus braços em minha cintura, fazendo com que caía um pouco de champanhe da taça. - Cuidado grandão.

Ele afaga meu rosto com suas mãos grandes e firmes, e me beija com todo o fervor, e correspondo à altura, já que ninguém nos vê.

Fico triste por me desvencilhar de sua boca, mas preciso de ar.

- Mas me fala mais sobre você, só eu falo pareço até a mulher da relação. – Rimos, mas nunca tinha reparo nisso. Eu o encaro um pouco desconcertada. - Me diga sobre seus desejos, anseios, medo... Sobre tudo. - Ele diz sorrindo, parecendo uma criança curiosa.

- Um desejo... Ser estilista. - Sorrio. - Fiz alguns cursos enquanto trabalhava como assistente na agência, e agora como booker têm me dado muito mais ideias, sobre as formas e curvas do corpo. Estampas, cores para cada tipo de pele e estilo.

- Eu acho que você como modelo seria bem melhor, mas tenho certeza do seu potencial. - E ele dá um sorriso de canto.

- Fico imaginando poder mostrar para as pessoas um pouco sobre mim, transmitir minhas experiências, a cultura e as tribos. Brincar com isso se torna um trabalho bem divertido.

- Entendo perfeitamente como se sente, a dança faz isso comigo. É tão gratificante ver, ensinar e viver dela.

- Então acho que por mais difícil seja, você ter que ir atrás dela. Sei que mandei mal ficar insistindo, mas você pegando um trabalho ou outro, aos poucos conseguiria juntar uma grana e montar uma academia de dança onde você mesmo ensinaria, viveria dela.

- Você falando assim parece tão fácil. - Ele diz desacreditado.

- Nada é como queremos, o sonho não bate a sua porta dizendo "Pronto está realizado seu sonho." A jornada é difícil. Olhe para mim, com os meus vinte e cinco anos ainda como booker, mas tudo que vejo na agência, nos desfiles, nos eventos, isso só gera conhecimento pra mim. - Digo a ele segurando em sua mão e o encarando no fundo de seus olhos verdes.

- É, pode ser. Pensarei sobre isso.

Abaixo minha cabeça rindo, desdenhando.

- O que foi? – Ele sorri.

- Nós dois. Dizendo estas coisas, parecendo um casal.

- E nós somos?

- Claro que não, mas dizer essas coisas, parece. Na verdade eu gosto da sua companhia, você é diferente dos outros caras sabe? Mas sei lá, é engraçado.

- Então tá, sendo um engraçado bom. Por mim tudo bem.

- Desculpa, não foi uma ofensa, longe disso. – Ás vezes falo demais.

- Eu entendi. – Por fim ele sorri. – Mas voltando ao nosso assunto. Adoraria ver o seu sucesso de perto.

- Já está mais que convidado. – Ele me abraça, que gesto fofo. - Farei questão, Mas e ai, conhecendo alguém? - Eu pergunto soltando-me de seus braços.

- Conhecendo alguém?

- Sim? 

- A única é você, porque eu iria conhecer uma outra pessoa?

- Não sei, faz algum tempo que não nos vemos... - Sou tão resolvida nessas questões, que qualquer homem diria que meu coração é de gelo. E dou o último gole do meu champanhe.

- Dani, pode ser que não somos um casal, ou que somos. Mas quando estou com uma pessoa, curtindo ela, não tenho necessidade ficar com outro alguém.

- Ah tá bom Gustavo, conta outra.

- Por que? Não acredita em mim?

- Não, nenhum pouquinho. – Rio. – Qualquer homem na face da terra não tendo um relacionamento, conheceria outras pessoas.

- Conheço várias, aliás, mas não com as mesmas intenções que eu tenho sobre você.

- E quais as suas intenções?

- Ser mais que um amigo. – A minha tosse é tão falsa que entrega o meu desconforto. – Mas claro, sei que um relacionamento não é indicado para homens como eu.

- Olha eu não sinto ciúmes, mas seria bem complicado de lidar.


Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora