Daniela

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Coloco meu ipad e alguns papéis em uma poltrona, e sento-me em outra. Minha cabeça não parou de pensar da forma estranha como tratei o Gustavo.

Durante a nossa conversa no jardim do evento, notei a sinceridade e vontade de ter algo comigo, mas infelizmente eu não quero nada, não quero me prender a ninguém. Seria hipocrisia minha desdenhar dele, afinal a única coisa que quero dele é o sexo, nada mais. Nada do tipo romântico, carinhoso. Infelizmente eu tenho o dedo podre pra homens, devido a minha última e péssima experiência com um namorado. Prefiro me arriscar, pegar e não me apegar. Fora que o mundo é cheio de novidades, conhecimento e muita riqueza pra ser explora, então não vai ser uma pessoa, até mesmo Gustavo que vai me prender agora.

Mas eu sou um ser humano e ninguém deve ser tratado, como eu o tratei. Pelo menos esclarecer o que quero e não quero. Definitivamente preciso conversar com ele e pôr tudo às claras.

Ouço alguém entrar na sala vazia, ignoro.

- O que foi gata? - Levanto a cabeça, Angel. Abro minha boca para respondê-lo. - Percebi que desde manhã, você está muito quieta. - Arrastando outra poltrona próxima, ele se senta à minha frente.

- Ideias, problemas e dor de cabeça. - Minto. Dizer ao Angel que estou pensando no Gustavo, o levaria a crer que estou gostando dele, mas não penso dessa forma.

- Problemas? Por favor, Daniela, você é a mulher mais resolvida que já conheci. - Ele zomba. Pendendo a cabeça para o lado, apertando os olhos, pensativo. - Não vai me dizer que foi aquele bofe que te deixou assim... Qual o nome dele? - Estalando os dedos, como se aquilo fosse ajudá-lo a se lembrar.

- Gustavo.

- Isso. - Ele aponta o dedo pensativo pra mim. - Ele é seu problema?

Inspiro todo ar possível e respondo.

- É e não é! - Ele arqueia as sobrancelhas, confuso. - Saímos algumas vezes e ele é até um cara bacana, mas notei que ele está bem interessado em mim, mas eu não quero nada...

- Além do sexo... - Ele me interrompe.

- É... Essa é a verdade. Você já me conhece, e sabe que não quero ninguém. E o que me mata, é a forma como o tratei desnecessariamente no evento. Tenho que conversar com ele e falar o que penso sobre isso. Eu não quero me aprisionar em um relacionamento, justo com ele.

- Mas quem disse a você que relacionamento é uma prisão?

- Eu. Não gosto de me prender a nada e nem ninguém, pelo menos por hora. Eu teria que ser fiel. Não fiel à ele como alguém que amo e respeito e sim por obrigação, por me aturar e estar comigo todos os dias. Eu quero aproveitar o mundo, as pessoas.

- Uma prisão sem grade.

- Exatamente. Eu quero provar todos os gostos, pessoas e lugares. E um relacionamento agora seria um aprisionamento.

- Mas com uma pessoa ao seu lado pode ser interessante fazer estas coisas.

- Pode, mas eu não quero.

- Tá, então o que você quer fazer?

Eu me desabafo.

- Sinceramente não sei, na verdade nem como dizer. "Ei Gustavo, sou uma pessoa liberal, gosto de sexo, mas não quero nada com você".

- Eu tô tentando entender o porquê você quer cortar a vibe do gato, ao que me parece no sexo ele é sensacional. Por que vetar?

- Chega a ser preconceito meu. - Tento dizer à ele a real profissão do Gustavo.

- Dani, fala logo!

- Ele é um stripper.

- MEU DEUS. - Ele grita, a sala silenciosa ecoa sua voz escandalosa.

- Shhh! Ninguém pode saber - Eu o ameaço.

- Bicha, como você não quer ter um relacionamento com esse cara? Sério, além de lindo, gostoso, o pau dele deve ser maravilhoso e ainda é um stripper.

- É aí que mora o problema, chega a ser ridículo, mas eu não quero que ele siga essa profissão, outra não quero um relacionamento, e não sei como dizer tudo isso à ele sem magoá-lo.

- Ah... - Ele desdenha. - Para com esse mimi, a Daniela que eu conheço diria as mais duras verdades pra quem quer que fosse. - Fato! Nunca fui tão ridícula como eu estou sendo. -Obviamente você dirá tudo isso com sutileza, como uma diva. - Ele explica, gesticulando a mão, como uma princesa. - Não é todo dia que dispensamos um bofe daquele.

- Angel, me dá uma luz! - Suplico.

- Onde ele trabalha?

- Ali perto da Paulista, não sei direito, minha amiga que têm o endereço de lá.

- Ótimo, você irá pegar o endereço com sua amiga, e iremos onde ele trabalha.

- Que dia?

- Hoje! Estou livre a noite mesmo.

- Hoje? Eu ainda tenho que avisá-lo que irei lá.

- Nem pensar. Nada de avisos, mensagens e ligações, você irá surpreendê-lo.

- Mas vamos chegar lá tarde, ainda tenho que passar em casa e trocar de roupa.

- Queridinha, até parece que você não trabalha em uma agência né? Aqui tem diversas roupas e o pessoal dá um jeito nesse seu cabelo. - Pego meus cabelos "Está tão péssimo assim?" encolho os ombros em sinal de desculpas. - Agora levanta, temos muito trabalho hoje.


Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora