Manuela

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- Oi Manu, como foi no médico? – Como prometido a Dani retorna pra saber se está tudo bem.

- O médico só pediu exame de sangue, mas só vai ficar pronto amanhã de tarde.

- Mas ele deu um diagnóstico breve do que pode ser?

- Não, mas disse que nada de chás, analgésicos para ânsia e vômitos, ou dor de cabeça. Somente água. Aí amanhã com resultado em mãos ele consegue saber melhor.

- Se quiser posso ir aí te ajudar... – o barulho da música é tão estridente que afasto o celular da orelha.

- Nada disso. – a interrompo. – Eu já tomei um banho, vou deitar pra descansar. Parece que um trator passou em cima de mim.

- Tudo bem, mas qualquer coisa me liga.

- Pode deixar. Boa festa.

***

Não vi que horas a Dani chegou, mas a vejo desmaiada na cama. Provavelmente ela aproveitou até não poder mais.

Sinto uma leve tontura quando abro a geladeira, em busca de um iogurte, fruta ou sei lá. O mal estar não passou, mas eu preciso trabalhar. Mesmo no sábado.

Depois de comer torrada com queijo e suco de laranja, o meu corpo fica mais disposto.

- Bom dia. – ela me dá um pequeno susto.

- Bom dia.

- Como você está?

- Melhor que ontem.

- Já é alguma coisa. – ela sorri. – Já falou com o Noah?

- Ainda não. Vou falar hoje.

- Mas será que ele consegue ir com você ao médico? Pegar o exame?

- Não sei e também nem sei que horas vou sair da agência.

- Você não está em condições de trabalhar tantas horas. – depois de encarar por um tempo a geladeira ela diz. – Faz o seguinte quando tiver próximo ao horário de sair, você me liga e eu mesma vou com você.

- Não precisa. Deve ser uma intoxicação. Já faz um mês que ando comendo besteira.

- Besteira? Besteira é comer brigadeiro. Não brigadeiro com queijo, sorvete com batata frita e doce de leite.

- Aí, tá vendo. Mais do que explicado essas náuseas.

- Manu, vocês usam camisinha?

- Não, mas tomo controladamente meu anti.

- Vocês...

- Tchau... – Saio do apê e a deixo falando sozinha.

Meu corpo a cada instante reage de uma maneira. Passo horas com enjoo, no dia seguinte tenho uma vontade louca de comer como se eu estivesse passando fome, até as coisas mais doidas como brigadeiro com queijo, mas só de lembrar já dá água na boca.

Preciso de uma reeducação alimentar.

Essa minha ponte, casa - casa do Noah, também tem alterado meu humor. A cada dia uma emoção e reação diferente, ainda mais nesse estado, de loucura alimentícia.

***

- Já pegou o resultado? – A Dani chega um pouco ofegante no corredor.

- Ainda não.

- Ainda bem que consegui chegar a tempo. Falei com a Ju e ela acha que pode ser uma virose ou algo assim. Mas como foi o seu dia?

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora