Daniela

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- Oi. – ela se apoia no canto da parede, de frente para mim. – Senta aqui, fiz pipoca.

Depois de um dia inteiro trancada no quarto chorando, pelo que aconteceu, ela resolveu sair da toca. E eu fico feliz, pois esse tipo de comportamento pode afetar não só à ela, mas ao bebê também.

- Que filme é esse?

- É um documentário sobre Anna Wintour na Vogue. Você está bem? – Eu sei que é uma pergunta retórica, mas não quero soltar a famosa frase "Eu te avisei", pelo menos não agora.

- Não, nem um pouco.

- Não quis conversar com você sobre tudo o que aconteceu, porque quero respeitar seu tempo e espaço, eu sei que o que você está passando não é nada fácil e você já sabe minha opinião a respeito de tudo isso. Mas o mínimo que posso fazer é deixar você quietinha, pelo menos agora e não te massacrar com perguntas ou falar que eu tinha razão.

- Quando eu estava no avião vindo pra cá, eu pensei, a primeira coisa que a Dani vai falar é "Eu te avisei".

- Não pense que esqueci. – rio. Ela dá apenas um sorriso amarelo.

- Você quer alguma coisa, quer sair?

- Não. Quero conversar.

- Tudo bem, sobre o quê?

- Você.

- Não tem nada de interessante para dizer.

- Desde quando você chegou e... eu estava saindo, não conversamos direito, até mesmo quando a gente se falou pelo Skype, não conversamos sobre você.

- Bom... tenho tido cada vez mais jobs, nem sei mais o que é vida social...

- E o Gustavo? – ela pergunta diretamente.

- Nós conversamos rapidamente, nas semanas que passei lá, deixei tudo muito subentendido, se queria ou não continuar com aquilo. Enfim, eu fiquei aqui toda perdida quando ele se mudou para lá e fiquei mais perdida ainda nesse relacionamento quando vim embora. Depois de pensar muito, sobre tudo que vivemos, o que disse à ele durante esses anos, resolvi mandar um e-mail falando tudo.

- O que você disse? Escreveu?

- Manu, desde o começo achei que não fosse passar de sexo, mas ele foi me levando, me levando que acabei me apaixonando por ele sem saber. Mas o meu estilo de vida, de solteira, falava mais alto, então eu achei que se ambos tivesse liberdade para ficar com quem quisesse, essa coisa que eu sentia iria passar, mas não passou. Ele entendeu que esse relacionamento maluco ainda estava de pé, por isso ele estava com a Ashley, sendo que falava aos quatro ventos que eu era namorada dele. Eu achei que isso iria dar certo, na verdade achei que eu iria sair com vários caras, enquanto ele, estava lá trabalhando, mas parece que a minha escolha tomou um rumo bem diferente.

- Nossas escolhas...

- Por isso eu te entendo Manu, de verdade. Quando eu disse à ele que o amava, foi doido, porque você sabe o que sente e até tenta mascarar, porém ninguém sabe, além de você, mas ouvir e ainda dizer diretamente para ele, foi bem diferente. Meu relacionamento com ele foi um grande "achismo", porque como eu tinha aquele estilo de vida, livre e eu achei que fosse dar certo, mas ver ele beijando outra pessoa, foi... sei lá. Eu achava que essa vida pacata de conhecer alguém, transar, casar e ter filhos fosse careta, por isso insisti por sermos "livres". – faço aspas. – Mas quando vi ele beijando ela percebi que esse termo de liberdade entre um casal, não é para mim, ali me toquei que eu o queria da forma mais careta possível.

- Sei como é isso, mas eu não tenho muito o que dizer...

- Nem precisa, estamos todas fodidas nessa área. Podemos pedir algum conselho pra Ju, ela conseguiu regenerar o Enzo e os dois estão bem. Aliás, preciso conversar com ela, sobre algumas coisas da agência.

Escolha (LIVRO UM) - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora