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Alicie

— ALICIE, pelo amor de Deus — Miguel repetiu pela décima vez.

— Para de ser chato, não podemos deixar ele aqui — Retruquei.

— Você quer roubar a porra de um pato, Louse! — Ele esbravejou de novo.

— Para de reclamar e me ajuda aqui — Resmunguei enquanto fazia uma cama improvisada para Dobby com a toalha do piquenique. — Vai começar a chover, ele não pode se molhar — Coloquei a cama no banco de trás do carro de Miguel e me virei para o garoto. Miguel estava com as mãos na cintura e Dobby picava sua canela, novamente.

— Ele é um pato! — Ele me olhou indignado. — Eles não são tipos, animais da água? AI – Miguel deu um pulo com Dobby o mordeu, de novo.

— Vem aqui garoto — Andei com certa dificuldade até os dois e peguei o animal no colo.

— Qual a parte de "Ele é um pato" você não entendeu? — Miguel resmungou e começou a arrumar às coisas do piquenique agora acabado.

O sol foi embora e as únicas luzes eram as amareladas dos postes ao redor do parque, que eram quase nulas. Não tinha mais ninguém aqui além de mim, Miguel e os patos.

— Você é maluca, quem já se viu criar um pato?! — Miguel disse enquanto eu ajustava o animal na cama que estava presa no banco traseiro do carro.

— O que você tem contra os patos? Eles são tão fofos, não é Dobby? — Acariciei a penas do animal que fez "quack, quack" me fazendo rir. — Ele concorda — Sorri para Miguel e dei meia volta, me sentando no passageiro ao lado do garoto.

— Não acredito que você realmente está fazendo isso — Miguel comentou enquanto negava com a cabeça.

— Para de ser rabugento, não é nada demais — Revirei os olhos colocando o cinto.

— Você acabou de roubar um pato, isso não se enquadra em furto? E não é crime? — Miguel ergueu a sobrancelha me fitando ainda indignado.

— Ah, claro. E a mãe pata dele vai vir atrás dele e me denunciar — Revirei os olhos novamente.

Miguel negou mais uma vez com a cabeça e ligou o carro, saindo do parque e se aproximando da estrada em direção ao centro da cidade.

Diferentemente do parque, Los Angeles é muito movimentando esse horário, do tipo que o trânsito fica quase que insuportável e provavelmente vamos chegar em casa umas onze da noite, e para melhorar: Dobby não parava de falar "Quack" e começou a chover.

O dia inteiro ficou nublado para chover só agora, que merda?

— Faz esse pato calar a boca, pelo amor de Jesus Cristo — Miguel bateu a cabeça no volante, me fazendo rir. — É serio Alicie, sabia que tem pessoas que comem patos? — Ele me olhou como se realmente tivesse falando sério.

— Cara? Você não pode ficar sozinho com Dobby, a partir de hoje — Lembrei-me mentalmente de nunca deixar eles a sós.

— Mas eu não sou o pai? — Ele se virou para mim.

— Por que você seria o pai? — Ergui a sobrancelha. Miguel parecia começar a responder quando o carro a nossa frente andou e ele teve que voltar atenção para a estrada.

— Por que você é a mãe, ué — Ele me soltou essa e ligou o rádio sem me dar a chance de responder.

— Isso é One Direction? — Eu arregalei os olhos quando o toque de "Perfect" começou a tocar.

𝑅𝐸𝑊𝑅𝐼𝑇𝐸 𝑇𝐻𝐸 𝑆𝑇𝐴𝑅𝑆 - 𝑀𝑖𝑔𝑢𝑒𝑙 𝐶𝑎𝑧𝑎𝑟𝑒𝑧 𝑀𝑜𝑟𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora