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Alicie

MINHA mãe é o tipo de pessoa que não liga para nada além dela mesma, igual ao meu pai.

Ela não me ligou um vez sequer quando sai do internato, ela nem foi me ver quando eu estava indo embora. Sempre foi assim, ela nunca esteve lá, absolutamente nunca. Sempre foi só eu e meu tio, é engraçado porque ela fala tão mal do meu pai mas é igualzinha a ele.

A chamada ficou em silêncio por vários minutos, até minha mãe quebrar o silêncio.

— Como estão as coisas ai? — Ela pergunta.

— Normais — Cocei a garganta nervosa. — Por que me ligou, mãe? —

— Quero falar sobre meu casamento — Ela iniciou. — Quero que você seja minha dama de honra, eu sei que não tem uma boa relação com Adam, mas... —

— Tudo bem — Eu a interrompi.

— Tudo bem? —

— É, tudo bem — Falei, não estava com disposição para argumentar sobre o assunto.

— Que bom, querida. Vamos viajar para ai na sexta — Minha mãe suspirou aliviada.

— Por que?! — Quase gritei.

— O casamento vai ser ai, você não leu o convite? —

— Ah, claro. Meu tio vai vir também? O casamento não é em novembro? — Franzi a testa.

— Seu tio não vai, e eu e Adam vamos para um desfile que eu irei participar —

— Ah, certo. Eu preciso ir — Bati os dedos em minha coxa nua nervosa.

— Tudo bem, tchau — Minha mãe disse.

— Tchau, mãe — Desliguei a ligação.

É engraçado, né? Nós não nos vemos a mais de sete meses, desde que eu fui parar no hospital, quando meu pai surtou e me mandou para o internato. Nem uma ligação, nem um "Você está bem?", nada, absolutamente nada.

Ótimo, tomara que ela faça o que ela faz de melhor: Esqueça da minha existência.

Tentei me levantar da cama, por sorte eu não quebrei especificamente o braço, só o pulso, o que me dava uma maior liberdade para fazer mais coisas. Entretanto, meu irmão por algum motivo ou alerta brotou na porta do meu quarto com uma carranca.

— Eu disse para você me chamar quando quisesse algo — Ele cruzou os braços.

— Tem uma câmera aqui? — Olhei para os cantos das paredes a procura de câmeras.

— Pode ser que sim, pode ser que não — Dylan riu em deboche. — Do que você precisa? — Pergunta.

— De uma perna e um pulso novo — Sorri.

— Verdade, concordo. Abigail está fazendo sopa — Ele avisou.

— Ah, não. Eu nem estou doente — Resmunguei enquanto tentava me levantar sozinha, Dylan logo se aproximou e me pegou no colo.

𝑅𝐸𝑊𝑅𝐼𝑇𝐸 𝑇𝐻𝐸 𝑆𝑇𝐴𝑅𝑆 - 𝑀𝑖𝑔𝑢𝑒𝑙 𝐶𝑎𝑧𝑎𝑟𝑒𝑧 𝑀𝑜𝑟𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora