Eu sou uma idiota mesmo. Ontem baixei minha guarda, estava adorando o jeito que Lynch me tocava e queria ele dentro de mim. Ao lembrar disso tenho vontade de bater a cabeça na parede.
Fugi dele igual o diabo da Cruz, acabei vindo me esconder no quarto de Mila. Igual um coelhinho assustado.
Volto para o quarto, Lynch não está aqui. Ao me olhar no espelho vejo meu pescoço todo marcado, pior que a noite de núpcias. Ele por acaso é um homem das cavernas, me deixando cheia de hematomas pelo corpo. Tomo um banho e coloco um blusa de gola alta. Que droga. Hoje está quente e terei que botar uma blusa fechada desse jeito.
Desço para tomar o café, encontro Lynch lendo o jornal na mesa.
- Por que essa blusa de gola, querida esposa?- pergunta quando sento na mesa.
- Seu cínico maldito- resmungo.
Vontade de tacar esse café quente na cara dele não me falta.
- Você tem uma reunião para ir com as mulheres dos subchefes- ele diz.
- Reunião?- junto as sombrancelhas.
- As mulheres dos subchefes gostam de socializar, você como nova primeira dama deve ser o centro das atenções.
- Passo a vez. Pode mandar sua secretária. Como é mesmo o nome dela?... Florence.Ela parecia fazer muita questão de ser sua primeira dama - digo com sarcasmo.
- Está com ciúmes?- pergunta com um sorrisinho.
- Eu?? Ciúmes? Se bem me lembro queria dar esse anel para ela- mostro o anel de compromisso- E agora ela estaria aqui, feliz da vida na sua adorável companhia.
Olho de canto Lynch trincando os dentes.
- Você é a primeira esposa que deseja que o marido procure a amante.
- Acho que você é um homem de muito sorte. Devia aproveitar.
- Antes que esqueça- ele coloca um cartão preto do meu lado- Para você.
- O que é isso?- indago.
- Achei que era inteligente o suficiente para reconhecer um cartão de crédito- fala com deboche.
- Não tem medo que use seu cartão para fugir de você- falo com o mesmo deboche.
- Recebo mensagem de todos os gastos dele pelo celular e também não é como se não tivesse uma babá no seu encalce o tempo todo.
Eu estava sempre cercada de seguranças, além de Martin sempre percebia alguns tentando se misturar com o multidão.
Estava pronta para retrucar, quando Mila adentra a sala. Lynch dá um beijo na filha e sai para trabalhar. Coloco meu melhor sorriso, ajudo Mila a tomar café e depois a arrumo para a escola.
Com Mila na escola não tenho muito o que fazer além de ler ou assistir TV. Para minha alegria Lynch não apareceu para o almoço. De tarde Betina vem me buscar para a reunião, ela me ajuda a escolher uma roupa.
- Meu irmão estava com saudade- fala ao ver meu pescoço.
- Não é o que você está pensando- tento me explicar.
- Não quero saber dos detalhes das suas intimidades com meu irmão, isso é informação demais para minha cabeça- ela gargalha- Só espero que ele não te force à nada.
Sei que é muito comum os estupros e abusos no casamentos da máfia. Estou nesse casamento contra a vontade... mas não diria que Lynch é abusivo comigo, claro ele não é um poço de gentileza. Mesmo odiando admitir, a vez que transamos foi muito prazeroso para mim. As outras vezes que ele me tocou foi bom para mim... Ai, isso é confuso para a minha cabeça. Ele me atormenta... fica igual um incubus me tentando.( incubus é um demônio sexual)
- A noite foi boa?- Betina me tira dos meus pensamentos- Você estava bem pensativa.
- Vamos nos ajeitar para ir nessa reunião logo- resolvo fugir do assunto.
Betina me ajuda a cobrir os hematomas em meu pescoço com maquiagem e depois escolhe um vestido preto muito bonito mas meio exagerado.
- Não acha um pouco demais- falo olhando no espelho.
- Você é a primeira dama, não é para você se misturar, e sim se destacar- Betina fala penteado meus cabelos.
- Não gosto de ser o centro das atenções.
- Vai por mim- ela ajeita meu cabelo num penteado semi-preso - Você nasceu para se destacar. Não deixe ninguém te dizer o contrário...
Minha cunhada finaliza colocando um colar de pérolas em meu pescoço. A imagem dessa mulher linda no espelho não lembra nem um pouco a garota miserável que sou.
Agora tenho que tentar encenar uma esposa feliz e ir nessa reunião com um monte de mulheres esnobes.
Estou aqui sentada enquanto escuto vários murmúrios, pelo menos a comida é boa. O chá também não é ruim mas prefiro café.
- A senhora é bem jovem para ser a anfitriã de nossas reuniões- uma velha ardilosa me fala.
Respiro fundo, tenho que me manter plena.
- A senhorita é filha bastarda da família Sinclair- uma moça jovem mais tão venenosa quanto a velha fala- Estranho nosso dom ter te desposado...
- Antes de tudo é senhora. Amor à primeira vista- minto na cara dura- Lynch caiu de amores por mim, tanto que mal pode esperar para nós casar. Ele faz todas as minha vontades e me mima muito...
Betina segura para não gargalhar. Ninguém desagradaria a esposa amada do dom, pelo menos tenho que fazer elas pensarem que Lynch me ama perdidamente.
- Desculpe senhora Lynch, só que essa reuniões demandam muito tempo, são complicadas de organizar.
A velha senhora começa um padaria interminável. Achava que as pessoas precisavam recuperar o fôlego para falar tanto, mas pelo jeito ela não precisa. Tomo meu chá esperando ela terminar seu discurso.
Ela termina e me olha esperando que diga que entendi.
- Ohh, seria uma pena- finjo tristeza- Meu marido pediu para escolher alguma das senhoras para me ajudar, assim entreitando os laços da família do dom com seus subordinados.
Regra número um da máfia, todos querem ser próximos da família do dom, assim tendo mais poder dentro da organização.
Depois disso todos começaram a me bajular, dei atenção a todas, e logo pareciamos amigas de longa data. Betina me olhava admirada, eu sempre fui muito sociável, e sabia virar o jogo à meu favor.
- Boa tarde senhoras- Lynch entra na confeitaria.
- Grande dom- a mulher idosa se curva e as outras a acompanham.
- Vim roubar minha querida esposa- ele fala me olhando.
Isso no final vai servir para confirmar minha lorota que estamos apaixonados.
- Vamos querida- me estende a mão.
- Claro marido- digo com o sorriso mais falso que tenho- Foi um prazer tomar chá com as senhoras. Até breve.
Nos retiramos, ao sair dos olhares curiosos largo a mão de Lynch. Ele pega de volta e aperta com força.
-Aí... -gemo de dor- Para de apertar minha mão seu escroto.
- Quando estivermos em público ande de mãos dadas comigo.
- Não quero, agora me solta seu bastardo- tento me soltar.
- Querida esposa-agarra minha cintura- Quer que te leve no ombro igual um saco de batatas como fiz naquela boate.
- Já te disse que vai estragar a coluna, terceira idade- retruco.
Lynch me coloca dentro do carro e vamos na escola buscar Mila.
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Pecado dos Pais ( Tríade das Máfias - Livro 3)
RomanceAté onde vai uma vingança? Para Bernard Lynch muito longe. Atualmente ele comanda a máfia parisiense, conhecido como o Governante das Sombras, nada acontece na cidade sem que ele saiba. Mas não pense que chegar aqui foi fácil, na juventude teve seu...