Capítulo 29 - Bernard

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Termino de ler todo o relatório sobre a vida da Emma.

Eu sou um idiota... babaca... desgraçado, todo e qualquer xingamento que receba é pouco.

As evidências estavam todas na minha frente, as tatuagens nos pulsos, os remédios, o jeito que agia perto de Jacques, e eu fingi não ver. Principalmente quando ela falava que não tinha coisa que eu fizesse com ela que não tinha sido feito por sua família.

Sinto muita raiva... Raiva de mim mesmo. Raiva de Jacques Sinclair.

Aqui consta que Jacques, espancava Emma desde criança, tinha uma raiva não explicada da menina. Até que o dia que Jordan, avô de Emma e pai de Jacques, descobriu, e  proibiu o filho de ir na casa que Emma e Inês viviam escondidas no interior.

Quando Emma tinha quatorze anos, Jacques tentou abusar da sobrinha, a bateu até ficar quase inconsciente, quando estava prestes a realizar o ato foi surpreendido por um empregado. Daí veio a primeira tentava de suicídio dela, ingerindo várias pílulas de Inês.

A segunda veio ao dezessete quando sua mãe morreu, mais pílulas.

A terceira aos dezoito, quando seu tio, agora novo dom, tentou novamente estrupar a sobrinha. Chegando a tocá-la e quase consumar o ato, dessa vez Emma quebrou um abajur em sua cabeça, fugindo dele.

A colega de quarto dela do dormitório da faculdade a encontrou com os punhos cortados no banheiro, e o rosto todo machucado parecendo que levou uma surra. Desde aí começou a ter sessões com o psicólogo, até se mudar para a cidade onde a encontrei.

A personalidade brilhante de Emma, escondia uma alma cheia cicatrizes e ainda machucada. E eu fiz ela voltar para esse inferno. Eu só a machuquei mais ainda. Tudo pelo meu ego imenso.

Ao sair do meu escritório sou recebido por um belo tapa da minha irmã.

- Você é um escroto...- ela está chorando.

Claro que Hugo havia contado tudo para ela. Eu merecia esse tapa, portanto não revidei.

- Vou levar Emma e Mila para a minha casa- ela diz rumando para a escada.

Agarro seu braço.

- Emma é minha esposa, não vai a lugar nenhum.

- Ela precisa de cuidados e duvido que queira sua companhia- Betina se solta.

- Sua irmã tem razão- Hugo se mete.

- Você também fica fora disso- Betina dá um tapa em seu ombro- Como não me contou nada?

- A Emma que pediu- Hugo diz.

- Mesmo assim... - Betina tenta argumentar.

- Você tiraria a razão dela?- Hugo olha para nós dois- Ela mesmo disse que não suportava mais os olhares de pena.

Devia ser muito difícil para ela reviver os traumas.

- Prepare para fazermos uma viagem para Mônaco- digo para Hugo.

- Você não vai fazer isso- Betina esbraveja.

- O tio tentou abusar dela quando era uma criança, pelas leis da máfia...

- Você vai expor algo tão delicado sem a permissão dela- Betina me interrompe.

- Deixa seu ego machista de lado uma vez- Hugo me repreende- Já tivemos provas que ela tem muito trauma desse assunto, e acho que ela não ia querer sua intimidade exposta assim.

Teria que levar isso para o Conselho para que Jacques Sinclair recebesse uma punição. No momento Emma precisa mais de proteção que vingança.

- Vocês tem razão- suspiro- Podem levar a Mila dormir na casa de vocês, não quero que ela veja a Emma nesse estado.

Pecado dos Pais ( Tríade das Máfias - Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora