Capítulo 55 - Emma

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- Muito bem- Jamilla folheia seu relatório- Gostaria de conversar sobre seu marido?

Eu tinha voltado a fazer terapia, ainda tenho muitos traumas dos passado, e tinha um motivo maior pra ficar bem, meu bebê. Queria ser uma boa mãe, do jeito que eu não tive.

- Sim.

- Você me disse na sessão passada que está confusa e não consegue acreditar em nada que ele diz?

Será que Lynch mandou minha psicóloga me perguntar isso? Não dá pra duvidar.

- Quero que a senhora entenda o meu lado da estória - ela acena que sim- Eu casei forçada, não é novidade para ninguém. Descobri de duas amantes que eram empregadas dele e conviviam comigo, não que eu me importasse com isso naquela época, eu o queria o mais longe de mim possível. Uma delas matou meus gatos, que eram meu suporte emocional. Aí tive uma crise, e a senhora sabe a história toda. Depois disso o Lynch fez coisas que nunca fizeram por mim, ele fez um trabalho de formiguinha e foi me conquistando aos poucos. Sempre fui uma pessoa solitária e tinha chegado num ponto que já havia me acostumado com isso. Aí te conquistam e você descobre que estavam mentindo pra você... me sinto frustada e abandonada.

- E você sente falta desse lado carinhoso do seu marido?

- Claro que sinto. Mas... Ele armou para mim, ele nem pensou se eu estava preparada para ser mãe.

- Você não se acha pronta pra ser mãe?

- Eu tenho o psicológico bem fodido*, com o perdão da palavra. Nunca tive um exemplo de família carinhosa, minha mãe não foi presente, meu pai... graças à Deus não puxei nenhum gene dele... O meu histórico familiar é dos piores, as vezes acho que veio direto de Chernobyl. Rezo para ser uma boa mãe.

- Tenho certeza que será- Jamilla me olha com um sorriso gentil.

- Irei num jantar hoje... meu tio vai estar lá...

- Está com medo de encontrar com ele?

- Sinceramente estou... mas me dizeram que para terminar com meus medos eu tenho que matar os monstros* debaixo da minha cama, mesmo achando que Ava faria isso no modo literal... Eu não quero mais ter medo, já vive com medo tempo demais.  Eu não fiz nada de errado, por mais que digam que tenho que pagar pelo   Pecado dos Pais...Acho que chegou a hora de colocar um basta nisso.

- Fico feliz em ouvir isso.

Nossa sessão se encerra, sinto que cada vez estou avançando mais e hoje o que mais me dá força é esse bebê que cresce dentro de mim.

Está na hora de me arrumar para o jantar, pelo que entendi é um jantar de reunião com o Conselho francês. Temos um percurso de jatinho até o local, espero não enjoar.

Minha barriga tem uma leve aumentada, nada ainda que seja chamativo. Não vejo a hora de estar com um belo barrigão, saber que ter outro serzinho se formando dentro de mim é a melhor sensação do mundo.

Escolhi para hoje um vestido verde, como dizem verde combina com ruivas. Desço e Lynch está me esperando.

- Você está linda.

- Obrigada- respondo apenas.

- Pena sua barriga ainda não aparecer- diz me olhando fixamente- Não vejo a hora de meu filho se mostrar.

Meu coração acelera com suas palavras.

Seguimos com uma viagem de jatinho e depois um pequeno percurso de carro. Agora que sei que estamos chegando começo a ficar ansiosa.

- Calma, eu estou aqui- Lynch passa o braço por trás de mim, me abraçando.

Encosto a cabeça em seu ombro, eu preciso desse conforto agora.

Pecado dos Pais ( Tríade das Máfias - Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora