Capítulo 53 - Bernard

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Finalmente tenho minha esposa novamente em casa, claro que Emma voltou cheia de remorso. Perto da angústia que foram os dias sem ela... eu aguento isso.

Mas, dói ouvir que ela me odeia. Já tinha ouvido isso tantas vezes, só que agora dói... dói porque agora eu sei que a amo.

Sei que Emma voltou por nosso filho, me alegra muito saber que tem um pedaço meu crescendo dentro da barriga dela. Não vejo a hora da barriga estar grande, ela ficará muito linda barrigudinha.

Emma é linda... a mulher mais linda que já vi.

Minha mulher...

Mesmo após escutar as palavras cruéis que ela disse, eu mereço escutar tudo isso. Não sei por onde vou começar a concertar as coisas com ela. Tem tantos pontos contra mim, acho que é isso que se chama de karma.

Vivi a minha vida toda colocando à máfia à frente das minhas vontades. Foi assim quando fui prometido para Inês e com o casamento arranjado com Alícia. Sempre me importei mais com os deveres como dom do que como marido, não na parte material, e sim na emocional. Não fui muito presente nem como pai ou marido, no afeto... nunca senti nada por Alícia, era apenas meu dever casar com ela e a tratar bem. Com Mila, tentei meu melhor, não foi o suficiente, não sabia como agir e estava sozinho com uma criança de dois anos.

A única vez que desejei algo e coloquei à frente da máfia foi com Emma, eu a desejei, pelos motivos errados, queria vingança. E a tive para mim, mesmo com todos desaprovando esse casamento. Queria voltar à meses atrás e fazer tudo diferente, ter a conquistado desde do começo, ter a tratado como ele merece.

Emma merece o mundo e eu vou lhe dar.

Chegamos na primeira loja, acho que nunca comprei algo pessoalmente para Mila. Outra coisa que fiz errado. Tenho muitas coisas para concentrar com minha filha também.

- Bom dia, casal- a atendente chega sorridente- Posso ajudar vocês?

- Queremos algo para um bebê- digo.

- Menina ou menino?- ela pergunta.

- Ainda não sabemos- Emma responde.

- Vou lhe mostrar algo mais neutro- ela aparece com alguns macacões.

Começamos a olhar as roupas, um pequeno sorriso se desenha em seu rosto.

- Você prefere uma menina ou menino?- pergunto.

- O que vier com saúde está bom- fala sem me olhar.

Não vai ser fácil, Bernard.

- Queria que nascesse parecido com você- acaricio seu cabelo- Adoraria tem uma ruivinha ou ruivinho à mais correndo pela casa.

Ela afasta minha mão, nem se dá ao trabalho de me responder.

Até que ela vê um mini-terno com uma gravata borboleta, minha esposa não consegue esconder a empolgação.

- Combinaria com os seus- fala pegando o terno na mão.

- Acho que tenho um terno parecido com esse- digo admirando seu sorriso.

Acho que ela se deu conta que estava mais animada do que queria do meu lado, volta a ficar seria.

- Muito cedo para isso- coloca o terno no lugar- Quer escolher alguma coisa?

Apenas nego, não saberia o que escolher. Emma escolheu algumas peças.

- Vamos tomar um café- digo saindo da loja.

- Não faz bem uma grávida ingerir muita cafeína nos meses iniciais.

- Um chá então?Podemos ir naquela confeitaria que você gosta.

Quero prolongar o quanto puder esse passeio, sei que chegando em casa Emma manterá a maior distância possível de mim. Quero ficar ao lado dela, se pudesse passaria o dia todo ao seu lado, mas Emma não quer minha companhia.

Subornar ela com doces é infantil, e minha melhor opção.

- Adoraria- Emma responde.

Deu certo. Levo ela para a confeitaria, peço café para mim e chá para ela, e alguns doces, vários na verdade, sei que ela ama doces.

- Podemos começar a pensar no quarto- digo puxando assunto.

- Pra que a pressa- fala apenas- Ainda temos sete meses de espera.

Emma dá o assunto por encerrado, não quero a irritar, não faz bem ao bebê. Tenho que ir devagar, vou conquistar minha cerejinha mais uma vez.

Voltamos para casa, e como imaginei Emma foi para o quarto, fugindo de minha companhia. Não demora muito para minha irmã e mãe aparecerem, imaginava que as duas iriam aparecer.

- Como o bebê está?- minha mãe pergunta.

- Saudável. Onde está Betina?

- Foi ver a Emma.

-Imagino que queria falar comigo para também não ter ido direto ver sua querida nora.

- Meu filho é muito esperto mesmo- ela se senta.

Sei que a bronca será grande, quando se trata de Emma sempre sou repreendido. Mereço isso, fui um grande arrombado.

- Sim mãe.

- Como foi de ontem para hoje entre vocês?

- Ela mal fala comigo, tirando quando esteve com vocês ou Mila, ela não sorri, me evita o tanto que pode.

- Você já devia esperar por isso. Sua estória com Emma começou muito errada e não teve um desenrolar fácil.

- Eu sei mãe, se eu pudesse mudar as coisas...

- Mas não pode- me interrompe- Ela voltou para você, pode ser pelo bebê, mas voltou, agora é de sua responsabilidade reconquistar a confiança de sua esposa.

- Como que faço isso?

- Não sei, não fui eu que fiz merda- ele se levanta- Você irá pensar em alguma coisa.

Sou deixado sozinho no escritório, tenho muito trabalho para fazer, no tempo que Emma estava desaparecida não tinha cabeça para a máfia. Agora tenho muitos papéis para ver, vou fazer isso de casa porque quero estar por perto dela.

Saio apenas na hora do jantar, Emma foi buscar Mila na escola como prometeu e as duas me esperavam para jantar. Após isso foram para o quarto, me deixando na companhia de meus erros.

Tenho pensado em todas as coisas que fiz errado com minha esposa. Como estava feliz com ela antes do sequestro, como tinha os sorrisos dela para mim. Sorrisos que demorei muito para conquistar e agora os perdi.

Depois de alguns charutos e várias doses de whisky resolvo que é hora de dormir. Ao passar pela porta do meu antigo quarto fico tentado à entrar, uma olhada na dona dos meus pensamentos não fará mal.

Entro no quarto e encontro Mila e Emma dormindo abraçadas, uma cena linda e pensar que logo terá mais um serzinho adicionado nessa imagem faz um sorriso bobo nascer em meu rosto.

Eu preciso ter essa mulher novamente em meus braços, mas como?

Não posso dizer que se surpreendo com o tratamento que recebo, eu mereço isso. Só que é tão difícil depois de ter a ganhado as carícias e sorrisos dela voltar a sermos estranhos debaixo do mesmo teto.

Amanhã é outro dia. Pelo menos agora ela está aqui...

Pecado dos Pais ( Tríade das Máfias - Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora