Capítulo 32 - Emma

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Aviso: esse capítulo contém gatilhos( abuso físico e sexual) se for uma pessoa sensível por favor não leia.

Quando vi Conrad, nem podia acreditar nos meus próprios olhos. Sentia muita falta dele. Nem percebi quando pulei nos braços dele e o abracei.

- Ruiva, que diferença- fala me olhando melhor- Até está parecendo uma dama- debocha.

- Eu sou uma dama fina e educada- brinco.

Conrad gargalha.

Estava tão animada que não vi Lynch atrás dele, nesse momento gelei. Comecei a me perguntar como Conrad veio parar aqui.

- Trouxe seu amigo para te fazer companhia durante alguns dias- falou como se lesse minha mente.

Ele virou as costas e saiu. Isso era estranho, na verdade rompia a barreira da estranheza.

Após arrumar as malas de Conrad num quarto, fomos para a sala de estar conversar.

- Porque suas mãos estão machucadas?- demorou para ele fazer essa pergunta.

Meu pulso já tinha cicatrizado totalmente e com o frio usava as mangas para escondê-los. Mas, os cortes em meus dedos não tinham fechado ainda, era uma região de cicatrização complicada por movimentar bastante.

- Eu não quero falar disso.

- Sou seu melhor amigo- pega minha mão a olhando de perto- Com nós não tem isso, você vai falar sim. Vim aqui pra te apoiar.

As lágrimas que achei que tinham secado, voltam a correr.

- É uma história longa.

- Viajei muitas horas só para ouvi-la - ele pisca pra mim.

Após me acalmar um pouco, Matilda me traz um chá. Tenho a esperança dele desistir desse assunto, mas os olhos atentos dele mostram que não.

- Como já te contei minha mãe era prometida em casamento para Lynch- começo.

- A história já começa louca- ele ri.

- A minha família materna comanda a máfia em Mônaco, não é uma máfia muito grande mas comandam todos os cassinos de lá. Minha mãe, Inês, era a filha mais velha, e desde que nasceu era prometida em casamento para o futuro dom da máfia parisiense, hoje meu marido. Era uma união que ia beneficiar as duas máfias. Acho que tenho que deixar claro que na máfia a mulher tem que ser casta, ideais do séculos passado...

- Lugar propício para criação de macho escroto- Conrad comenta.

- Você nem imagina - dou um sorriso amarelo- Sei que nem em todas as máfias as coisas são assim. A nossa ainda é muito antiquada. Não sei exatamente quando Inês conheceu Andrei Popova, primogênito do dom da Bravta, meu genitor. Ninguém me contou direito como os dois se envolveram. Só sei que minha mãe engravidou de mim. Claro que pensaram em aborto, mas minha família era muito religiosa. Procuraram meu suposto pai... para ele tinha sido apenas uma diversão, não me pergunte por que ele brincou com Inês assim. Então eu nasci, como sinal de vergonha para minha família, pecado de uma filha desonharada, era melhor ter nascido morta...

- Emma...- Conrad troca meu ombro.

- Não vou medir as palavras já que você quer ouvir a história- dou um longo suspiro- Foi exatamente isso que ouvi a vida toda...- tento me recompor- Voltando ao enredo de novela mexicana. Para não ser mais humilhados perante a sociedade, eu e Inês fomos declaradas mortas durante o parto, passei minha infância toda numa casa no interior escondida. Os empregados cuidavam bem de mim, pelo menos acho que era bem, mas sempre reparei algo estranho, eles cochichavam pelos cantos. Minha mãe vivia acoolizada ou dopada de remédios. Ela mal olhava para mim, eu não entendia o que tinha feito. Tinha meu avô, Jordan, ele sempre foi a pessoa que me tratou melhor, não que fosse amoroso, eu sou parecida com minha avó, me contentava com qualquer migalha de carinho. E tinha meu tio, Jacques...- só de falar o nome dele meu corpo fica tenso.

Pecado dos Pais ( Tríade das Máfias - Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora