>> Capítulo dezessete

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Manon não percebeu quando ativou seus dentes e unhas apareceram, mas sentiu o leve queimar do ferro rasgando a carne.

Ela sabia que algo estava errado desde que o dia havia começado, parecia tudo bem de uma forma muito exagerada.

Ela sabia que algo aconteceria mais cedo ou mais tarde.

A rainha-bruxa só não imaginou que seria no dia de seu casamento, com metade de Erilea presente.

A bruxa olhou para todos os cantos, procurando vestígios de seus amigos.

Viu Lia na frente de Fenrys, com as unhas e dentes de ferro prontos para defendê-lo. A corte de Aelin e de Dorian estavam reunidos, todos confusos e assustados demais para reagir. Até mesmo a rainha de Terrasen estava parecendo confusa.

Ela não viu Petrah ou as crianças e torcia mentalmente para que elas estivessem em algum outro lugar do palácio, totalmente seguras.

Os outros governantes já estavam cercados por seus guardas dispostos a morrerem por seus reis.

Manon e Dorian não eram diferentes, bruxas e humanos estavam lado a lado, formando uma barreira de corpos entre os reis e o desconhecido com olhos familiares.

Manon conhecia aqueles olhos bem demais e talvez fosse isso que deixava a rainha-bruxa mais confusa.

Aquele desconhecido tinha olhos azul-safira. Os mesmos olhos de Dorian.

Manon sentiu uma mão em seu ombro e virou levemente o rosto, vendo seu marido a encarar, preocupado.

Ela andou até o desconhecido, ignorando a mão de Dorian e a proteção – que era absurda, em sua opinião – dos soldados e bruxas.

A rainha-bruxa analisou cada detalhe do homem a sua frente, e vestiu sua máscara de indiferença enquanto as peças se moviam em sua cabeça.

O maldito homem exalava poder. Algo antigo, forte e familiar. O cheiro era tão forte e inebriante que a rainha se sentiu enjoada e lutou para não engolir seco.

Ela olhou no fundo dos olhos azul-safira, tentando enxergar através do homem.

— Quem é você — não foi uma pergunta e ele sabia disso.

Manon sentiu duas pessoas atrás de si e uma ao seu lado. Ela não precisou olhar para saber quem eram.

A rainha-bruxa ouviu quando as unhas de ferro de Lia ficaram expostas e jurou ter ouvido Fenrys rosnar para o homem, enquanto Dorian fez o ar ao redor deles ficar levemente gelado.

O homem gargalhou com escárnio e não retirou os olhos de Manon.

— Em breve você saberá, Majestade — sua voz era repleta de ironia, mas Manon não se deixou irritar com aquilo.

A rainha inclinou a cabeça para frente, aproximando seu rosto do homem desconhecido, que se mantinha escarnioso.

— Responda minha rainha caso queira manter a cabeça no lugar — disse Dorian, com a voz sombria e gutural de uma forma que Manon jamais tinha visto.

A voz de Dorian causou um efeito estranho no homem. Ele encarou Dorian por minutos, parecendo nostálgico, mas logo balançou a cabeça e sorriu.

Ele se afastou deles, voltando para o centro do salão de baile. Seus guardas o seguiram e se reuniram de forma estratégica ao redor dele.

— Queridos governantes de Erilea, é um prazer finalmente conhecê-los — começou, pondo as mãos atrás do corpo. — Creio que não sabem quem eu sou, mas isso logo será esclarecido, assim como minhas intenções com todos vocês.

Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°Onde histórias criam vida. Descubra agora