>> Capitulo vinte e sete

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Lia caminhava apressada até os jardins.

Sarah dissera que Manon havia requisitado a presença de Lia nos jardins, e a bruxa estava preocupada.

Desde que a rainha completara oito meses de gestação, Lia sentia que ela poderia dar a luz a qualquer momento. Então, sempre que Manon a convocava, Lia achava que era algo sobre a gravidez.

Lia passou os últimos meses se ocupando o suficiente para não pensar em Fenrys, mas era inegável o quanto sentia falta dele, porém ela entendia o porquê dele se afastar. E, no fundo, sabia que aquilo era o melhor a se fazer.

A ligação entre os dois era estranha, e de certa forma, era inexplicável. Mesmo com todo o seu conhecimento, a bruxa não conseguia descobrir que ligação era aquela ou por que ela existia. E não sabia até onde seus sentimentos e emoções eram reais ou causados pela ligação.

E além de tudo, mesmo que tudo o que sentisse fosse real, ela e Fenrys nunca poderiam ter nada. Alina fora bem clara sobre sua opinião sobre isso, e ela não podia mais contrariá-la.

Lia chegou aos jardins e uniu as sobrancelhas ao não ver Manon lá. Olhou ao redor e não conseguiu evitar o suspiro de descrença que escapou de seus lábios.

Parado a menos de dois metros de distância, estava Fenrys. Ele estava com as mãos para trás e encarava a bruxa, parecendo envergonhado.

A bruxa piscou, levemente atônita. Não sabia bem o que pensar. Nem o que fazer. Sem pensar muito, ela somente correu até ele e o abraçou.

Ela sentiu um nó se formar em sua garganta e engoliu seco. Inalou o cheiro dele e o apertou mais. Não queria soltá-lo, pois tinha medo de estar sonhando.

Sentiu o corpo do feérico enrijecer e pensou que talvez ele não quisesse abraçá-la, então, lentamente, fez menção de se afastar. Mas ouviu o suspiro de alívio que ele soltou antes de passar os braços aos redor de sua cintura e a abraçar com força.

A bruxa não conseguiu conter as lágrimas de alívio que caíram de seus olhos. Ele estava ali, estava com ela. Talvez não a odiasse por completo.

Lia enterrou a cabeça no peito de Fenrys enquanto o feérico fazia círculos reconfortantes em suas costas. Ela não sabia o que dizer, e presumiu que ele também não.

Mesmo passados alguns minutos dos dois naquela posição, Lia ainda sentia as lágrimas caindo e soltou um soluço, se sentindo culpada.

A bruxa raramente chorava. Sua família sempre dissera que chorar era coisa de humanos, coisa de gente fraca. E ela não podia ser fraca. Porém, ela também sentia que era inevitável chorar.

— Te devo desculpas — começou Fenrys, com a voz baixa e suave. — Fui injusto com você — ele pôs as mãos no rosto de Lia, fazendo-a encará-lo. — Senti sua falta.

∆•∆•∆

Fenrys encarava o rosto de Lia e se sentia envergonhado. A culpa de cada lágrima que descia pelos olhos verde-musgo eram culpa dele.

A bruxa não havia mudado muito desde a última vez que ele a vira. A única diferença que notou é que o cabelo parecia mais claro, como se tivesse sido tingido.

Ele se sentia um idiota por tê-la deixado. Prometeu a si mesmo ter mais confiança em Lia. Afinal, precisavam descobrir que o porquê da ligação entre eles.

Lia se afastou do abraço e limpou as lágrimas. Fenrys não conseguiu conter o vazio que sentiu quando ela saiu de seus braços.

— Você não precisa pedir desculpas — disse ela, enquanto cruzava os braços. — Você teve seus motivos para se afastar, e eu... bom, não posso crucificá-lo por isso. — ela deu de ombros e sorriu fraco. — Mas não nego que fiquei magoada quando não respondeu minhas cartas.

Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°Onde histórias criam vida. Descubra agora