Dorian estava pensativo naquele dia.
Há quase cinco anos atrás, sua esposa e filha foram para o Reino das Bruxas, sem data para voltar. E aos poucos, ele sentia as esperanças de vê-las novamente sumirem.
Faltava apenas um mês para sua filha completar seis anos de idade. E ele havia perdido tudo da vida dela após o primeiro aniversário.
Não sabia como era voz, a aparência ou nada. Era como se nunca tivesse tido uma filha, como se a existência dela tivesse sido apagada da sua vida. E aquilo o corroía por dentro.
Ele mandava cartas, livros, roupas e outros diversos presentes, mas... nunca seria a mesma coisa que tê-la por perto.
Desde a partida de Manon e Lothian, foi como se sua vida tivesse perdido o sentido.
No início, Dorian não conseguia sair do quarto. Ficava encolhido no chão enquanto seu poder destruía tudo o que podia.
Sentia seu coração doer ao fechar os olhos e lembrar do sorriso banguela da filha, um sorriso que talvez jamais voltasse a ver. E então, perdia o controle. Sua magia agia contra a sua vontade, e congelava, queimava e destruía até onde aguentasse.
Passou dias daquela forma, até que Chaol o fez se levantar, o fez lutar contra a dor de perdê-las, e o fez pensar que ainda não era o fim e que talvez fosse vê-las novamente.
E Dorian se agarrou naquilo. Na esperança de reencontrá-las, mas... ainda sim, algo havia mudado. Ele não era o mesmo.
A dor de perdê-las fez com que o rei mudasse drasticamente, apesar de ainda tentar lutar. E mesmo que não quisesse, sabia que a tristeza e o vazio por estar longe delas estava o dominando. Mas não desistiria.
Iria aguentar o que fosse para manter a paz em Erilea, para manter a família e amigos seguros. E se o preço a de pagar fosse ficar longe de Manon e Lothian por um tempo, ele resistiria — mesmo que aquilo o dilacerasse por dentro.
— No que tanto pensa? — perguntou Charles, levantando as sobrancelhas.
Dorian encarou os olhos castanho-dourado idênticos aos da mãe, e sorriu.
— Em muitas coisas — respondeu, dando de ombros. Ele encarou o céu e franziu o nariz, ao ver nuvens de chuva. — Acho melhor entrarmos, vai chover. E sabe que sua mãe não gosta quando toma banhos de chuva.
Como se tivesse sido conjurada, Yrene apareceu nos jardins. Josefin e Chaol vinham logo atrás dela.
— Charles, vamos entrar! Não vai tomar banho de chuva outra vez! — gritou Yrene, enquanto andava até eles.
O menino bufou, parecendo frustrado, fazendo Dorian gargalhar.
O sobrinho adorava chuva. E sempre que podia, ficava nos jardins até a chuva passar.
— Tio Geladinho, consegui curar uma pessoa ferida hoje! — disse Josefin, pulando animada.
Ele bateu palmas para a sobrinha, que sorriu ainda mais.
Josefin havia começado a treinar seus dons de cura há cerca de dois anos atrás, e já havia evoluído muito, o que deixava Dorian muito orgulho.
Sua sobrinha tinha onze anos, e estava ficando a cada dia mais parecida com a mãe. Os cabelos castanho-dourado estavam trançados e ela usava um vestido azul claro, que era o tom habitual das curandeiras.
Ele ficava feliz ao ver que sua sobrinha se orgulhava tanto de ser uma curandeira. Dorian sabia que aquela sempre fora uma preocupação de Yrene e Chaol.
— Estou orgulhoso, querida — falou ele, fazendo uma pequena reverência com a cabeça. — Mas pare de me chamar de Geladinho.
Ela sorriu e negou com a cabeça, fazendo o rei rir levemente.
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Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°
Hayran KurguSPOILER DE TODOS OS LIVROS DE TRONO DE VIDRO E ACOTAR Seis anos se passaram após a terrível Guerra Valg. Seis anos que Manon perdera suas irmãs na batalha, seis anos que Manon e Dorian haviam se encontrado pela última vez. Dorian chamara Manon para...