Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°

>> Capítulo trinta e oito

— Não — disse Rowan, com uma calma letal. — Isso está fora de cogitação.

Gwyneth não estremeceu diante do olhar letal do parceiro de Aelin, mas sentiu Azriel ficar em estado de alerta ao seu lado.

Aelin bufou, resmungando algo inaudível e, se voltou para o parceiro, parecendo endurecida.

— Isso, com certeza, não está fora de cogitação — ela voltou os olhos para Gwyn. — Quando podemos fazer isso?

A antiga sacerdotisa piscou, e encarou os olhos turquesa da rainha de fogo, que brilhavam com esperança.

— Quando quiserem — respondeu ela, alternando o olhar entre Dorian e Aelin. — Quando estiverem prontos.

Aelin assentiu, enquanto Dorian encarou Manon, que dirigiu uma sombra de sorriso para ele, assentindo em concordância.

— Podemos... podemos fazer isso hoje? — indagou a rainha de Terrasen, com a voz soando ansiosa.

— Aelin — disse Rowan, parecendo prestes a se ajoelhar aos pés dela, para implorar a ela que não fizesse aquilo. — Você não pode fazer isso — o príncipe de gelo segurou a mão da rainha de fogo.

Gwyneth sentiu o coração de encher de compaixão pelo pelo parceiro de Aelin. Ela se sentiria da mesma forma se Azriel tivesse que passar por algo assim.

Apesar de ver em pesquisas que quebrar o poço de poder poderia trazer a magia de volta, a Valquíria nunca vira aquilo em prática. Mas sabia que poderia ser perigoso.

Ela viu a rainha de fogo em uma conversa silenciosa com o parceiro. Ficaram em silêncio por minutos até a rainha suspirar, parecendo derrotada.

Gwyneth sentiu uma pontada dolorosa no peito e, involuntariamente, levou a mão ao coração, tentando abafar a dor.

Azriel pôs uma mão em suas costas, sentindo que algo estava errado, e ela sorriu para tranquilizá-lo.

— Tudo bem? — sussurrou ele, num tom de voz suave e gentil, guardado somente para ela e os filhos.

Ela balançou a cabeça positivamente, sentindo-se incapaz de falar algo.

Seus pensamentos, de repente, voaram até Catrin, até a noite de sua morte. Mas ela logo balançou a cabeça, tornando a se concentrar na conversa que acontecia ali.

— Não precisam tomar essa decisão agora — disse Feyre, olhando Aelin e Dorian, com um sorriso compreensível. — Gother não vai nos atacar agora, então, pensem com calma, não é como se fosse uma decisão fácil.

Gwyneth viu a rainha-feérica sorrir para sua Grã-Senhora, ao mesmo tempo em que sentiu outra onda de dor passar por seu corpo, juntamente com a sensação de que algo estava errado, fazendo sua visão embaçar.

Um gosto amargo tomou conta de sua boca, a fazendo engolir seco, enquanto a sala parecia rodopiar diante de seus olhos.

As dores se tornaram mais fortes, e ela sentia dor até mesmo ao respirar.

Sentia-se agoniada, atordoada, e tinha a total certeza de que algo estava errado. E somente um nome vinha em sua mente, junto com as imagens da noite de tantos anos atrás.

A morte de Catrin ainda era algo difícil, sempre seria, mas não a fazia ficar daquela forma há anos.

O ar queimava seus pulmões ao mesmo tempo em que flashes da noite em que sua irmã fora morta.

A cabeça decepada, o sangue jorrando para todos os lados... os olhos azul-esverdeado sem brilho, a boca aberta num grito silencioso...

— Gwyn — a voz de Nestha ecoou pela sala, e a antiga sacerdotisa abriu os olhos, percebendo a atenção de todos em si. — Tudo bem?