Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°

>> Capítulo dezenove

Manon usava seu habitual couro de bruxa quando entrou no estábulo onde estava Abraxos.

Desde que tinha voltado à Adarlan, Manon não tivera tempo para voar com Abraxos.

Primeiro, por resolver coisas em relação ao casamento e a coroação, e depois por conta do homem desconhecido. Mas não era por isso que ela estava indo lá.

Os estábulos eram o lugar mais vazio do palácio de Adarlan. E a rainha queria privacidade - e também queria ver sua serpente alada, mas ela jamais admitiria isso.

Coisas demais estavam acontecendo em um período de tempo curto demais. E apesar de ter sido treinada para lidar com aquele tipo de situação, a rainha-bruxa estava cansada.

A cada pista que Aelin encontrava, surgia uma dúvida nova.

Parecia que eles estavam andando em círculos! Começavam a procurar e sempre voltava para o lugar de início.

Por aquele motivo, a rainha-bruxa sentiu a necessidade de ir ver sua serpente alada, e deixá-la pronta para voar, apesar de não ter tanta certeza do que iria fazer.

Por mais cansada e sobrecarregada que estivesse, ela não queria por em risco a vida da bruxinha e sabia o quanto uma viagem em Abraxos exigia do corpo dela.

Grávida.

Mesmo tendo descoberto a um tempo, a rainha não tivera tempo o suficiente para pensar naquilo. E nem para processar a ideia.

Era irônico a situação que ela se encontrava, levando em conta que um dos maiores motivos para negar tanto o pedido de Dorian era o fato de não ser tão fértil quanto uma humana.

Não sabia como Dorian iria reagir ao descobrir. Não sabia nem mesmo como iria contar.

Mesmo daquela forma... ela tinha certeza que quando passasse o choque após descobrir, ele seria a pessoa mais radiante da terra. Se é que tivesse como aumentar o brilho que emanava dele.

Manon amava Dorian, mas não sentia a necessidade que ele e seus amigos sentiam de demonstrar isso a cada instante. Eles agiam como se fossem morrer.

Manon soltou uma risada amarga quando percebeu que aquela era a realidade deles naquele momento.

Era estranho para ela - uma pessoa que fora criada e moldada para guerra - temer uma possível guerra em Erilea.

Manon não lutava mais só por si mesma. Tinha um povo, sobrinhos, amigos e uma família para proteger.

Ela não sabia se estava preparada para ser a mãe daquela bruxinha, mas sabia que faria de tudo para que sua filha sempre se sentisse protegida e amada.

Sua filha. Não sobrinha, não filha de amigos, mas filha dela.

A rainha não sabia dizer o quanto aquilo era assutador ao mesmo tempo que parecia ser... certo.

Manon sentiu uma lufada de ar perto de seu rosto e levantou a cabeça.

Ela deu de cara com Abraxos, com a cabeça inclinada esperando que Manon lhe desse carinho.

A rainha-bruxa bufou e afagou a cabeça da fera, que soltou resmungos de agrado.

Quando Manon chegou em Adarlan, uma das suas maiores preocupações era as acomodações de Abraxos.

Dorian prometera que nada faltaria à serpente alada. E naquele momento, a rainha teve a confirmação que o rei mantinha suas promessas.

Um soldado era encarregado de trazer carne de carneiro a cada três horas para o animal, e num canto do lugar estava um enorme galão com água fresca.