>> Capítulo vinte e quatro

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Desde que soubera que estava grávida, Manon só teve certeza de duas coisas.

Uma, era que faria de tudo para que sua filha ficasse segura. E a outra, era que queria que sua bruxinha nascesse no Reino das Bruxas.

Há mais de 1000 anos que o Reino das Bruxas não tinha uma herdeira nascida nos desertos. E Manon não podia desperdiçar a provável única oportunidade de mudar isso.

Dorian fora compreensivo e concordou em ir para o Reino das Bruxas o mais rápido possível, mas as coisas não foram tão simples.

Os lordes de Adarlan não gostaram de saber do desejo de Manon e se opuseram o máximo possível, mas a rainha-bruxa já esperava por isso e não cedeu a nenhuma das exigências dos lordes.

Dorian foi gentil e disse aos lordes que o próximo herdeiro - um que talvez nem fosse existir - nasceria em Adarlan.

Os lordes concordaram e o povo não se opôs muito. Fizeram festas quando souberam da gravidez e apesar de Manon não admitir, ficava feliz de ver os humanos aceitarem uma herdeira bruxa.

Não demorou muito para que Dorian e Manon se preparassem para partir, para evitar possíveis acidentes.

Eles haviam chegado em Sant'Claire há poucos dias, e Manon estava tentando deixar tudo pronto para poder se ausentar após o nascimento da bebê.

Ela organizou reuniões com as líderes e anciãs das cidades do reino, pediu relatório de como estavam as coisas e havia marcado reunião com as generais dos exércitos.

A bruxa não queria outra guerra tão cedo, mas não podia negar que algo estava para acontecer com aqueles ataques do Paladino. E sabia que o melhor a se fazer era preparar seu exército para qualquer ameaça.

Manon também pretendia marcar uma reunião com Ansel e com o rei de Melisande. Queria a avisar a seus aliados sobre essa possível ameaça.

Apesar de não admitir em voz alta, a bruxa estava preocupada com o rumo que as coisas tomariam. Tinha medo do que aquilo iria significar para sua bruxinha.

A rainha-bruxa desceu a mão involuntariamente para o ventre, onde sua bruxinha crescia segura e protegida.

Apesar da gravidez não estar tão avançada, uma leve protuberância começava a aparecer em Manon, fazendo a rainha sorrir toda vez que se olhava no espelho.

Ela ainda tinha dúvidas e incertezas sobre o futuro, mas sabia que faria o impossível para ser uma boa mãe. Sabia que faria o possível para ser melhor que sua avó.

A bruxa ainda se perguntava - quase nunca, na verdade - o que aconteceria se ela tivesse sido criada por seus pais.

Bom, ela tinha total certeza que seria melhor do que a criação que recebera. A criação que ela faria de tudo para que sua filha não tivesse.

Ela não entendia muito sobre como ser uma boa mãe, ou sobre o que fazer e dizer, mas tinha certeza que iria se esforçar para isso. E ela tinha Dorian.

Desde que o viu lidar com todas as crianças da corte, soube que ele seria um ótimo pai para suas filhas. O melhor pai possível. E ela seria sempre grata à Deusa por ter fe um homem como ele se apaixonar por ela.

Ouviu batidas na porta e saiu da imersão de seus pensamentos, resmungando algo para quem quer que fosse entrar.

— Majestade, Glennis a espera nos jardins — disse Lia, com a cabeça baixa.

Desde que toda a história de Gother fora revelada, Lia estava... diferente.

Sua animação habitual havia desaparecido quase que completamente, e a bruxa sempre parecia estar cansada.

Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°Onde histórias criam vida. Descubra agora