>> Capítulo quinze

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Manon estava em seu escritório, acertando os últimos detalhes para o Maharee, que seria realizado naquela noite, quando alguém bateu em sua porta.

Ela levantou a cabeça, levemente irritada por ser atrapalhada, não tinha muito tempo para arrumar as coisas, afinal.

Ela viu Elide e perdeu a irritação, e fez um gesto para a lady entrar.

Apesar da rainha não ter dito em voz alta, sentia muita falta de Elide. A lady era uma das pessoas que ela mais se importava, e que faria de tudo.

De uma forma um tanto irônica, na visão da rainha, aquele afeto havia passado para as filhas da lady, e Manon se via na obrigação de fazer de tudo para aquelas meninas.

A rainha olhou para a lady em sua frente e deu um leve sorriso, vendo-a sorrir de uma forma estonteante enquanto seus olhos brilhavam de felicidade.

— Eu... só vim lhe agradecer, Manon, por tudo. — disse Elide, com a voz levemente falha. — Você trouxe uma anciã de longe para ajudar minha filha, e... eu nem sei o que fazer para retribuir. Eu... obrigada, Manon, vou fazer de tudo para retribuir, juro com a minha vida. 

— Não preciso que você retribua nada, faço de tudo para ajudar você, sabe disso — Manon disse, fazendo um gesto desinteressado com as mãos. — E como vai o treinamento? Não tive tempo para acompanhar.

Elide sorriu animada e enxugou algumas lágrimas, enquanto se ajeitava na poltrona.

— Bom, a anciã disse que ela tem muita chance de dominar isso, até porque conseguimos descobrir o que ela era rápido — Elide lançou mais um olhar agradecido a Manon. — E Jude já começou a praticar o idioma antigo das bruxas, e está indo muito bem, segundo a anciã. Mas ela ainda não tá pronta para as aulas de controle, a anciã disse que é bom ela aprender primeiro o idioma das bruxas.

Manon não pode conter o sorriso ao ver a alegria da amiga, e também se sentiu... feliz por ter sua parcela de colaboração na alegria dela.

— Fico feliz que esteja dando tudo certo, tenho certeza que a longo prazo, Jude já nem vai mais se incomodar com os dons dela — disse a rainha-bruxa, fechando o livro a sua frente. — Bom, vou aproveitar que você está aqui e vou te pedir um favor, mas você não é obrigada a fazer se não quiser, e não sinta que a ajuda que eu estou lhe dando é razão para fazer o que eu pedir, ok?

Elide assentiu, levemente confusa e preocupada.

— Não prive Marion da cultura das bruxas. Deixe que ela conheça a cidade, os idiomas, as histórias e tudo sobre as bruxas, para que ela decida se quer aceitar sua natureza ou não — disse Manon, vendo Elide franzir o rosto em confusão. — Jude vai acabar se familiarizando com as bruxas por conta de seus dons, mas... e Marion? Conhecer as coisas das bruxas não quer dizer que ela vai querer viver aqui ou não vai querer ser a Lady de Perranth ou algo do tipo, mas vai fazer ela ver que tem uma escolha e que além do povo féerico, ela também vem de uma linhagem de mulheres que lutaram muito para chegar onde estão. Só... te peço que pense nisso, e não prive sua filha da cultura do povo dela por medo, e olha, apesar de eu não ter filhos, sei como pode ser assustador submeter uma pessoa que você ama a algo totalmente diferente do que você é acostumada, mas... pense nisso.

Elide piscou, e Manon viu que a lady não sabia o que dizer, então deixou que ela absorvesse suas palavras.

Manon não disse aquilo com a intenção de parecer má ou querer obrigar Elide a fazer aquilo, só... não queria que a menina passasse pelo que ela passou.

Manon foi criada com a avó e só descobriu depois de um século que era uma Crochan, e por mais que ela não falasse em voz alta, sentia falta de saber sobre esse lado da sua história.

Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°Onde histórias criam vida. Descubra agora