>> Capítulo vinte e oito

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Chaol não conseguiu acreditar que sua cidade natal havia sido atacada. Até chegar lá e ver com os próprios olhos.

Assim que soube do ataque a Anielle, pegou seu cavalo e foi para a cidade, sem se importar de ir com outros soldados ou uma caravana. Seus pensamentos estavam apenas em sua mãe e irmão.

Depois da guerra Valg, sua mãe e irmão foram morar com ele e Yrene por um tempo, mas após a morte de seu pai, os dois decidiram voltar a Anielle para cuidar da cidade.

Chaol os visitava constantemente, mas com a chegada de Gother e dos novos problemas, as visitas diminuíram. Ele estava sempre ocupado demais para visitar a família.

Ele corria desesperado com seu cavalo, sentia a ansiedade palpitar em seu peito e lhe tirar o ar. Não tinha ideia do que iria ver quando chegasse.

Ele não tinha noção de quantas horas fazia desde que havia saído de Adarlan, mas não se importava. Ele tinha que chegar em Anielle.

O antigo capitão não conseguiu conter o choque em seu rosto ao passar pelos portões da cidade. Tudo estava destruído.

A cidade que tanto lutou para reformar após a Guerra Valg, as famílias que ainda estavam fragilizadas... tudo desmoronado. Por culpa do maldito Gother.

Chaol andou em seu cavalo até a praça central de Anielle, onde estavam a maioria dos soldados e feridos.

Desceu do cavalo e logo um jovem soldado apareceu em sua frente. O rosto do menino – que não aparentava ter mais que 20 anos – estava com um corte na testa e sangue lhe escorria pelo nariz.

O jovem fez menção de se curvar e Chaol levantou a mão, fazendo o jovem parar.

— Fomos pegos de surpresa! Eles atacaram com flechas e coisas explosivas antes de invadirem a cidade! — começou ele, com a voz estridente. — Foi tudo muito rápido, nossa sorte foi que nossos soldados estavam em maior número, então conseguimos contê-los.

Chaol assentiu e começou a se dirigir ao meio da multidão. Ele conseguia ver de relance o soldado em seu encalço.

A maioria das pessoas na praça eram soldados e homens da cidade, poucos estavam gravemente feridos, o que era um alívio para o antigo capitão.

Avistou seu irmão e mãe junto de alguns soldados e correu até eles enquanto gritava seus nomes. Assim que estava em frente aos dois, não conseguiu conter o suspiro de alívio ao vê-los bem.

Terrin tinha um pequeno corte no braço, mas não parecia profundo, e sua mãe estava em perfeito estado.

— Deuses, como isso aconteceu? — era uma pergunta para qual não se tinha resposta, e ele sabia disso. Mas também era óbvio o responsável por aquilo.

— Eu achei... que nosso reino, nosso mundo, estivesse em paz — disse a antiga Lady de Anielle.

Chaol balançou a cabeça em negação e engoliu seco. Mesmo após a invasão do Paladino Dourado no casamento de Dorian, muitos cidadãos de Erilea ainda achavam que tudo estava em paz.

O antigo capitão direcionou seu olhar para um jovem ao lado do soldado que falara com ele.

— Você — disse ele, apontando para o jovem e atraindo sua atenção. — Mande os pombos mais rápidos para Forte da Fenda, peça para mandarem mantimentos, soldados e tudo mais que for necessário.

O jovem assentiu e imediatamente se retirou para seguir as ordens de Chaol.

— Quantas baixas? — indagou ele, com medo da resposta.

O jovem soldado o encarou, parecendo entristecido.

— Apesar de estarmos em maior número, fomos pegos desprevenidos. Tivemos muitas baixas, principalmente civis — o semblante do jovem soldado estava tão triste quanto sua voz.

Após as Cinzas ➝ °•Manorian•°Onde histórias criam vida. Descubra agora