JUNHO, 2014
— Não tem qualquer razão pra eu participar desse evento, pai — argumentou Elisabeth, apoiando os cotovelos no tampo de vidro da mesa.
— É um lançamento importante, Mauslein.
— É só um carro, pai — disse ela, inclinando a cabeça — E, além disso, tenho negócios com a Amira Air.
— Tirar uma noite de folga não vai fazer diferença, Elisabeth.
— Pai...
— Você já perdeu a viagem pro Canadá, querida — disse Niki.
— Eu tinha compromissos marcados com investidores, pai.
— É sempre assim, não é? Trabalho, trabalho, trabalho...
Ela olhou para ele e apertou os lábios.
— Vamos, vai ser bom pra você relaxar.
Elisabeth suspirou, remexendo-se um pouco na cadeira. Ela sabia que a última coisa que poderia fazer naquele evento era relaxar, especialmente considerando que este era um evento da Mercedes-AMG. Desde aquele jantar desastroso no Restaurant du Métropole Monte-Carlo, ela se esquivou de qualquer assunto que envolvesse a Mercedes. Houve inúmeras reuniões remarcadas, viagens canceladas e vezes em que ela inventou uma desculpa completamente absurda para não ir a Brackley.
Tudo para que ela não tivesse que encarar Toto.
Pensar nele a fez sentir uma pontada no peito. Depois de algumas taças de vinho e mais do que algumas linhas de mensagens que ela digitou e apagou, Elisabeth chegou à conclusão óbvia de que ele não era culpado pelo que havia acontecido. A única pessoa culpada por essa situação era ela mesma. Afinal, foi ela quem tinha dito que não sentia nada por ele durante o telefonema na véspera de Natal.
"Se eu não tivesse sido tão covarde", ela pensou, levando a mão à testa.
— Mauslein, por favor — seu pai insistiu, tirando-a de seus pensamentos — São só algumas horas.
Elisabeth olhou para ele, que tinha uma expressão ansiosa, esperando uma resposta.
Só algumas horas. O que eram algumas horas para um coração que já estava partido?
— Tudo bem, eu vou.
Niki deu um largo sorriso para a filha, satisfeita.
— Maravilhoso, Mauslein — disse ele, levantando-se da cadeira — Passo no seu apartamento às sete, ok?
Ela assentiu, observando Niki sair de seu escritório com as mãos nos bolsos da calça jeans. Quando a porta se fechou, ela se levantou da cadeira, esfregando o topo do nariz.
Ela estava se preparando para o que não seria uma noite agradável.
Algumas horas depois, Elisabeth estava sentada na poltrona azul de sua sala, terminando de afivelar a sandália que havia escolhido para o evento. Seu telefone vibrou em cima da mesa de centro. Ela suspirou ao ler o nome de seu pai na tela, apertando o botão verde e levando o celular ao ouvido.
— Alô?
— Tô aqui embaixo — disse Niki, o motor de seu Jaguar roncando ao fundo.
— Descendo — respondeu Elisabeth, levantando-se e passando a mão livre pelo vestido preto, tentando alisar o tecido.
— Tô te esperando — respondeu o pai antes de desligar.
Ela pegou sua pequena bolsa da mesa de café e enfiou o telefone dentro, indo em direção ao elevador. Quando as portas de metal se fecharam, ela se virou para seu reflexo na parede de metal polido, considerando sua roupa para a noite. Elisabeth olhou mais de perto e limpou uma mancha perdida de seu batom nude, respirando fundo quando as portas atrás dela se abriram no saguão de seu prédio.
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Starcrossed
FanfictionQuase 30 anos após o seu último titulo mundial de Fórmula 1, o pai de Elisabeth Lauda decide investir na Mercedes, uma equipe que passa por dificuldades para se firmar após o seu retorno para a categoria mais nobre do automobilismo. Ela resolve se j...