Um lugar secreto

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AGOSTO, 2017

Ainda era cedo quando Elisabeth desmontou do cavalo nos estábulos da família, depois de sua habitual cavalgada matinal. O castrado baio respirava pesadamente e bufava um pouco quando Elisabeth o levou para sua baia para descansar um pouco antes de ser levado para o pasto. Eles tinham feito um longo passeio e já estava bastante quente lá fora.

— Estamos ficando melhores nisso, não estamos, rapaz? Eu sei que já faz um tempo — disse Elisabeth, sorrindo enquanto acariciava a crina e dava tapinhas no focinho do animal.

Ela tinha aprendido a cavalgar quando jovem, ensinada pelo tio dela, mas não conseguia fazê-lo regularmente, considerando que não tinha acesso a cavalos em Viena. No entanto, sempre que Elisabeth estava em Ibiza, ela fazia questão de levar um dos animais da família para passeios diários pela ilha, geralmente nas primeiras horas da manhã, assim que o sol estava nascendo.

O favorito dela era Simó, o árabe que ela havia saído naquela manhã. Ele era calmo e fácil de montar, com uma marcha suave, mas não hesitava em galopar quando solicitado. Aqueles momentos de paz e sossego, apenas com o som do canto dos pássaros e dos cascos, davam a ela o tipo de paz que ela não conseguia se lembrar de sentir há muito tempo.

Era uma paz que ela só encontrava em Ibiza.

Depois de fechar Simó em sua baia e pedir a Pep, o caseiro da propriedade, que o alimentasse e lhe desse água depois que ele estivesse mais descansado, Elisabeth saiu do celeiro e voltou para a casa dos pais, pensando no copo de água gelada que ia beber assim que chegasse lá. Em seguida, ela subiria para tomar um banho para se livrar da camada de suor que estava fazendo com que sua camiseta grudasse nas costas. Ela não tinha planos além disso, o que era justamente a beleza de estar em Ibiza.

Subindo as escadas até a varanda, Elisabeth parou na porta da frente para tirar as botas de montaria de cano alto, tudo para evitar ouvir reclamações sobre o rastro de poeira e palha dos estábulos que ela tinha levado para dentro de casa. Ela entrou apenas com as meias e caminhou silenciosamente em direção à cozinha, sorrindo quando percebeu que podia ouvir o som de risadas ecoando pela casa. "Alguém já deve ter acordado", ela pensou.

— Por falar em Elisabeth — disse Marlene, sorrindo ao ver a filha virando a esquina para a cozinha — Bom dia, Elschen.

Marlene estava sentada à mesa da cozinha com Niki e Lukas. A seus pés, Felix e Shivas estavam acompanhados por Lella, a filhote da raça Weimaraner de Lukas. Todos os três cachorros correram até ela enquanto ela estava parada na porta, seus rabos abanando animadamente.

— Bom dia — respondeu Elisabeth, sorrindo, curvando-se para acariciar os cachorros enquanto eles disputavam uma posição privilegiada para receber os carinhos e afagos dela.

— Você foi cavalgar? — Niki perguntou.

— Sim, saí mais cedo — disse ela, erguendo o olhar para o pai com um pequeno sorriso. Depois de dar atenção a todos os cachorros, Elisabeth se levantou de onde estava ajoelhada, e foi até a geladeira pegar um pouco de água. Lukas estava dizendo algo sobre o tio deles e os cavalos.

— Quer comer alguma coisa, querida? — perguntou Marlene — Fiz questão de que Ximena comprasse aquela geleia que você gosta.

A perspectiva de saborear uma fatia de pão com uma camada grossa de geléia de damasco era tentadora, mas ela não estava com fome. Ela nunca parecia estar com muita fome pela manhã, geralmente apenas tomando uma xícara de café antes do trabalho, mas mesmo aquilo era impensável naquele momento, dado o calor que ela sentia.

— Não, obrigada, mãe. Vou subir agora para tomar banho.

Deixando a cozinha para trás, Elisabeth subiu as escadas para o banheiro do corredor, onde tomou um longo banho, substituindo o cheiro dos estábulos pelo do sabonete de aroma fresco que ela tinha trazido com ela. Depois de se secar e se enrolar em uma toalha amarela, ela foi para o quarto, abrindo a porta com cuidado e entrando.

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