OUTUBRO, 2014
O clima na garagem era de puro êxtase.
Os mecânicos corriam de um lado para o outro, sorrisos largos em seus rostos e garrafas de champanhe nas mãos. Os engenheiros batiam nas costas uns dos outros ao passarem um pelo outro, em um gesto de companheirismo. Nas telas de televisão montadas nas paredes, as imagens alternavam entre replays do carro prateado com o número 44 dando sua volta de honra no circuito de Sochi e a cerimônia do pódio que tinha acabado de acontecer, com Lewis e Nico encharcando Paddy Lowe de champanhe.
Missão cumprida.
A Mercedes havia vencido o Campeonato de Construtores de Fórmula 1.
Tinha sido um ano espetacular para a equipe. Treze vitórias, quatro de Nico, nove de Lewis, quinze pole positions, nove dobradinhas na primeira fila. "Simplesmente perfeito", pensou Elisabeth, vendo a equipe de marketing correr de um lado para o outro, distribuindo camisetas comemorativas para todos da equipe.
Do canto da garagem, o pai dela observava os procedimentos com um brilho de orgulho nos olhos. Ela tinha ouvido histórias dos dias de glória de seu pai na Fórmula 1 ao longo de toda a infância, as memórias espalhadas pelo apartamento da família em Viena e na casa em Ibiza. No entanto, Elisabeth sabia que ele sonhava em alcançar o sucesso também fora do carro.
— Você tá feliz, pai? — ela perguntou, colocando o braço em volta dos ombros dele.
— Como não taria, Mauslein? — Niki respondeu com um largo sorriso nos lábios — Eu sempre sonhei com isso...
O pai dela tinha tentado mais de uma vez entrar no lado corporativo da Fórmula 1. Na primeira vez, com a Ferrari, ele se viu envolvido em uma guerra com Jean Todt pela liderança da equipe e acabou se demitindo cinco anos depois. Anos depois, na Jaguar, ele se viu tão frustrado quanto estava em Maranello.
Ter sucesso em uma posição de comando era algo que Niki sempre tinha aspirado, e agora, ele finalmente tinha conseguido.
— Eu sei — ela respondeu, olhando para ele — Mas você conseguiu, pai.
— Nós conseguimos, Elisabeth. Você também faz parte disso.
— Eu não fiz nada, pai.
— Você fez mais do que pode imaginar. E tô muito orgulhoso de você.
Ela sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, um sorriso no rosto. Depois de passar a maior parte de um ano imersa no mundo da Fórmula 1, lutando para entendê-lo e, às vezes, apreciá-lo, ouvir essas palavras do pai era incrivelmente gratificante. Tudo o que Elisabeth queria era deixar o pai orgulhoso, e ela havia alcançado esse objetivo. Niki notou as lágrimas se formando em seus olhos, e a puxou para um abraço, dando um beijo em sua têmpora.
— Não chora, ou vou começar a chorar — ele murmurou, esfregando o canto do olho dela com o dedo, enxugando uma lágrima que ameaçava cair.
— Não é ruim chorar — ela riu, com a voz um pouco embargada.
— Não quando você é o diretor não-executivo da equipe, Mauslein — Niki respondeu, colocando a mão no ombro dela, com um sorriso no rosto.
— Eles tão vindo! — Elisabeth ouviu alguém gritar, fazendo com que a multidão dentro da garagem se agitasse ainda mais enquanto se preparavam para comemorar a conquista.
Alguns momentos depois, ela viu Lewis e Nico, lado a lado, rindo de alguma coisa. Eles estavam vestindo as mesmas camisas pretas, estampadas com as palavras 'Campeões do Mundo 2014', ambos segurando os troféus que tinham conquistado. Logo atrás deles, Paddy apareceu, seu cabelo ainda úmido do champanhe com que os pilotos tinham espirrado nele no pódio. Toto estava logo atrás dele, segurando o troféu dado à equipe de construtores por terem vencido a corrida.
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Starcrossed
FanfictionQuase 30 anos após o seu último titulo mundial de Fórmula 1, o pai de Elisabeth Lauda decide investir na Mercedes, uma equipe que passa por dificuldades para se firmar após o seu retorno para a categoria mais nobre do automobilismo. Ela resolve se j...